Comic Con

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Já era a terceira combinação de roupa que eu colocava. Experimentei o vestido mas não sou muito fã, a calça jeans preta com uma regata listrada que achei que ficou muito relaxado por assim dizer, e agora vestia uma saia longa preta com uma camiseta da mesma cor, com um nó na frente. Achei essa a melhor combinação mas logo depois me enjoei de me olhar e me virar em todas as direções do espelho. Eu estava tão nervosa!

Me chamo Agnes Alden, tenho 28 anos e sou de Nova York. Você pode pensar que toda menina de NY é despojada e falante e ligada em moda, pois não. Eu sou a exceção da regra. Sempre fui muito tímida e acho que escolhi a profissão de atriz justamente por poder interpretar e "ser" vários outros tipos de pessoas e personalidades, que não a minha. Acho que peguei a veia artística da minha mãe. Ela sempre se apresentou em peças e era muito famosa no teatro do bairro. Até que teve que parar pra me ter e cuidar de mim; ela diz que não se arrepende e que sou uma benção na vida dela, mas acho que ela ainda sonha com os palcos, a coxia e as cortinas.

Diferente dela, sempre preferi atuar em filmes. Desde pequena, dizia que queria me ver na "tela grandona", e há alguns anos depois de inúmeros esforços e quase desistências, comecei a conseguir pequenos papéis em filmes de produtoras menores. Quando recebi o telefonema do executivo da Warner eu achei que era algum tipo de trote ou brincadeira. Primeiro: quem nesse meio do cinema ainda liga pras pessoas ao invés de mandar um e-mail ao agente do artista? Segundo: como assim eles queriam que eu fizesse um teste sem saber nem que papel era e nem pra qual filme? Comecei a pesquisar sobre esse executivo, e minha agente Carlie também me contou que geralmente quando eles faziam esse tipo de abordagem era para algum projeto secreto, como os filmes de super heróis que estão tão em alta esses anos recentes.

Dito e feito; depois de fazer um teste com um roteiro que não dizia nada com nada e depois de me pedirem pra fazer algumas poses um tanto quanto estranhas, dez dias depois o executivo me ligou novamente marcando uma reunião. E foi assim que descobri que eles me queriam no papel de Batgirl no filme "Birds of Prey" (Aves de Rapina), que era a nova aposta da DC pro seu universo. Eu fiquei extasiada. Porque filmes de heróis são vistos pelo mundo inteiro, trazem uma visibilidade enorme pro artista e, pausa dramática pra respirar fundo, eu seria uma super heroína. Num filme com um esquadrão só de mulheres, vocês tem noção da dimensão disso? No mesmo dia da assinatura do contrato conheci as outras atrizes que interpretariam a Caçadora, Canário Negro e Arlequina. Ficamos amigas de cara, estávamos muito animadas com o projeto. Fomos informadas que o anúncio do elenco seria na San Dieco Comic Con, que era apenas a maior convenção geek do mundo.

E é pra esse evento que estou tentando achar uma bendita roupa. Estou nervosa com a primeira impressão que vou causar tanto nos fãs quanto nos meus colegas dos outros filmes da DC. Além do painel do nosso filme, vamos participar de um onde os outros artistas do universo também vão estar respondendo perguntas dos fãs. Ouço Carlie batendo na porta e botando a cabeça pra dentro do cômodo.

- Tá pronta Agnes?

- Carlie me ajuda pelo amor de Deus. O que acha dessa roupa? - perguntei me virando pra ela e botando as mãos na cintura como se estivesse posando.

- Por quê não está com o vestido? - fiz uma careta, e ela continuou - você fica linda de vestido só você que não vê. E o vestido é longo, tem alcinhas, é preto e tem flores; tudo o que você gosta. - rimos juntas. Olhei de novo pro vestido e suspirei.

- Já entendi que você não gosta do meu saião Carlie - fingi chorar e ela revirou os olhos e disse que eu tinha 10 minutos pra estar pronta.


Saí do quarto e Carlie me direcionou ao elevador e fomos ate a garagem. Estava com o vestido, o que a fez sorrir largo. Entramos no carro e ela me passou o cronograma do dia.

Colleagues.Where stories live. Discover now