Olá, passado.

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Ver Antony parado na soleira da porta dos fundos da casa dos meus pais me fez sentir uma mistura de coisas, mas a principal delas foi raiva. E descrença pela cara de pau, e ódio, e raiva de novo, e vontade de socar a cara de sonso dele até que o sorrisinho que ele estampava tivesse desaparecido!

- O que você tá fazendo aqui? - cuspi. Eu já nem ligava que estávamos na frente dos meus pais, se ele queria continuar se fazendo de maluco eu ia revelar quem ele realmente era.

- Antony veio aqui me ajudar no jardim minha filha. Que jeito é esse de falar com o rapaz? - meu pai interveio por ele. E eu tive vontade de rir e de gritar ao mesmo tempo.

- A gente não está mais em um relacionamento, pai. E da mesma forma que eu não fico indo na casa da mãe dele eu não vejo o porque de ele continuar vindo aqui, na de vocês.  - respondi tentando ser o mais didática possível, tentando demonstrar o quanto aquela situação era descabida para as três pessoas que me encaravam naquela sala.

- Calma Agnes - Antony começou a falar e fechei os olhos com a repulsa automática de escutá-lo falando meu nome - como seu pai disse, vim ajudar ele no jardim aqui de trás. Seu Louis precisava de ajuda pra cavar alguns buracos né? - ele terminou abraçando meu pai de lado, e ele sorrindo respondeu:

- Não tenho mais essa força de jovem - revirei os olhos.

- É, o Antony consegue ser bem forte quando ele quer. - finalmente o sorrisinho no rosto dele vacilou, e seus olhos me fuzilaram.

- Vou levar sua mala lá pra cima filha. - minha mãe falou.

- Eu levo, preciso descansar da viagem - respondi.

- Quero conversar com você Ag. - Antony se intrometeu.

- Como eu acabei de falar, estou cansada da viagem.

- Tudo bem, eu posso voltar outro dia então. - ele disse casualmente, mas pude identificar a ameaça velada de que se eu não falasse com ele agora, ele viria todo dia aqui. Bufei.

- Tem que ser rápido.

- A gente vai subir. Ou vocês querem subir pro quarto pra ter mais privacidade? - meu pai perguntou.

- Sim - Não - Antony e eu dissemos ao mesmo tempo, olhei pra ele com a cara séria e continuei.

- A conversa vai ser aqui mesmo na sala.

- Ok - meu pai respondeu, e veio na minha direção, pegou minha mala e me deu um abraço. Falou baixo no meu ouvido - que bom que está em casa!

Sorri pra ele, que se virou na direção da escada, minha mãe passou a mão no meu ombro e sorriu pra mim, seguindo meu pai à caminho do segundo andar da casa. Depois que os passos deles cessaram, só houve o silêncio na sala. Sentia o olhar de Antony em mim, mas eu achei mais interessante continuar olhando pra escada.

- Como você tá? - perguntou e eu ri, botando as mãos nos bolsos da minha jaqueta, ainda olhando pra cima, e ele continuou - to tentando ter uma conversa normal aqui Agnes.

- Nós temos conceitos diferentes de normalidade Antony. Por exemplo, não é normal pra mim ficar perseguindo alguem que claramente não quer te ver...

- Eu não tô te perseguindo...

- ... não é normal também bater no rosto de alguém e achar que tá tudo beleza, que no dia seguinte eu ainda teria que estar do seu lado.

- E eu já me desculpei, inúmeras vezes por isso. - ele andou até minha direção e meu primeiro impulso foi dar um passo pra trás mas parei no meio do movimento, e permaneci no lugar que eu estava. Já havia recuado muitas vezes dele, e dessa vez ele não iria me intimidar. Percebo surpresa no seu olhar quando viu que eu não estava com medo dele como das outras vezes que brigamos. Mal sabia ele que se ele queria se fazer de maluco e encostar em mim, eu seria maluca ao quadrado e tacaria a primeira coisa que minha mão alcançasse em cima dele.

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