O caminho até o andar de Henry foi silencioso, mas ele continuava me olhando de um jeito... como se estivesse me prometendo o mundo, e eu estava aceitando. O elevador abriu as portas e respirei fundo, Henry deu espaço e fez sinal para que eu passasse na frente dele, o que fiz, e ele me acompanhou logo depois. Sua mão ainda estava na minha, e ele entrelaçou enquanto seguíamos pelo corredor até seu quarto, que era no fim do caminho. Chegando na porta ele tateou com a mão livre os dois bolsos da caixa.
- Tá procurando o cartão?
- Estou - ele disse enquanto soltava minha mão pra procurar mais a fundo no bolso da calça. Tentei ignorar a vontade de agarrar a mão dele de novo.
- Presos no elevador e agora presos do lado de fora do quarto. Hoje não é o nosso dia hein. - disse em tom de brincadeira, mas torcendo pra que ele achasse logo o cartão da porta do quarto. Minha segurança e confiança estavam por um fio e eu não sei se teria coragem de chamá-lo para o meu quarto. Henry tinha a testa franzida em concentração enquanto colocava a mão mais a fundo ainda no bolso direito, eu nem sabia que um bolso poderia ter essa profundidade, até que ele abriu um sorriso de novo e puxou o cartão, balançando na minha frente.
- Hoje é o nosso dia de sorte sim. - ele disse e passou o cartão na fechadura, e a porta logo depois se abriu. Ele segurou ela aberta pra mim enquanto me olhava profundamente, querendo ler o que eu estava pensando. Maneou com a cabeça na direção do quarto e eu passei, adentrando o cômodo enquanto eu ouvia a porta ser fechada atrás de mim e pelo canto do olho vi Henry colocar o cartão em cima da mesinha que tinha do lado da porta. A decoração do quarto dele era diferente da minha: os móveis e lençóis eram em tons mais escuros. Tinha uma janela enorme na parede contrária a que eu estava que ia do teto ao chão, uma parte estava coberta por uma cortina azul, e a outra parte dava pra ver as luzes da cidade. Olhei para Henry parado um pouco a minha frente, com os braços para trás me olhando enquanto eu observava todo o quarto, sorri sem graça.
- É diferente do meu - ele franziu a testa como se não tivesse entendido - o quarto. É diferente do meu, a decoração é em tons pastéis, e minha janela dá pro outro lado do hotel, pra parte da piscina. Eu gostei de olhar a piscina hoje mais cedo e ver todo mundo tomando sol e mergulhando, coisa que eu não tive tempo de fazer. Mas deve ser legal também ver a movimentação da cidade aqui desse lado - eu estava tagarelando, liguei um interruptor e não parava mais. Henry continuava me olhando com um sorriso no rosto enquanto eu deliberava sobre os benefícios de decorações diferentes em cada andar de um hotel, porque assim ajudava as camareiras por exemplo, a não se perderem sobre onde vai cada jogo de cama e toalhas depois de lavadas. Depois de alguns minutos falando sobre redes hoteleiras como se eu tivesse alguma propriedade sobre o assunto, ele assentiu e me estendeu a mão, me deixando assim em silêncio.
- Você deveria abrir um hotel, já tem conhecimentos dos controles envolvidos - ele disse em tom de brincadeira enquanto me encaminhava para sentar na mesa perto da janela.
- Não zomba de mim. - eu pedi enquanto me sentava. Ele levantou minha mão que ainda segurava e a beijou.
- Me desculpe, não foi minha intenção - ele falou com a boca ainda próxima a minha mão, senti seu hálito quente na minha pele e só isso ressoou por todo o meu corpo. Respirei fundo e sorri pra ele, que me olhou também sorrindo. Ele sabia o que estava fazendo. - O que você bebe? Tenho vinho, cerveja e uísque - ele disse se levantando e indo até o minibar do lado da cama dele, que só agora dei uma boa olhada: era enorme.
- Pode ser uma cerveja mesmo.
- Vou te acompanhar na cerveja também - ele pegou duas garrafas e fechou o frigobar com o pé enquanto se virava pra mim e andava até sentar na cadeira na minha frente. Tirou a tampa da garrafa com uma facilidade tremenda e arrastou ela na mesa até estar perto de mim. Levei a garrafa até minha boca, e tomei um gole. Henry riu me olhando e ainda sem beber de sua cerveja.
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RomanceAgnes Alden. 28 anos, atriz em ascensão e promessa pra nova fase do Universo da DC como Batgirl no filme "Aves de Rapina". Participa de sua primeira Comic Con, e logo a mais famosa de todas: San Diego. Lá além de ter seu primeiro contato com o públi...