Alianças são formadas.

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Cindy POV

- Henry... - disse mais uma vez tentando chegar até ele e o tocar, mas pelo que parecia ser a décima vez desde que ele voltou pro quarto, ele desviou das minhas investidas.

- Cindy, por favor. Eu sei que eu te chamei pra vir pra cá, mas eu não quero mais. Tenta entender por favor.

- Mas eu achei que a gente tava bem.

- Eu te disse na festa, e antes dela também: eu tô apaixonado pela Agnes, eu fui bem claro com você, mesmo sabendo disso você quis vir.

Ouvir aquilo me subia a bile na garganta, eu queria vomitar e gritar perguntando o que ele havia visto naquela garota. Como ele podia ter se apaixonado por ela tão rápido assim?

- Então é isso? Agora vai me largar de novo? - tentei utilizar a carta do sentimentalismo mesmo sabendo que isso não funcionava com ele. Eu estava ficando sem opções aqui. Ele sentou na beira da cama e apoiou seus braços no joelho passando a mão demoradamente no rosto.

- Eu não quero parecer insensível...

- Mas você está sendo. Do nada você sai do quarto, sem me dizer aonde vai e volta todo cheio de certezas! De que 'Agnes isso' e 'Agnes aquilo'. Agnes nunca esteve do seu lado como eu estive!

- Eu sempre agradeci por tudo que vivemos, e é por essa gratidão que temos uma amizade até hoje. Mas a gente não pode forçar nada mais do que isso.

Ele disse olhando no meu rosto como se estivesse explicando pra uma criança algo óbvio. Não tinha nada óbvio aqui! Aliás, tinha sim. A única certeza é de que nós deveriamos ainda ser um casal, e que eu nunca deveria ter aceitado o fim só pra ter virado agora uma amiga de foda.

Eu comecei a pôr meu sapato, e ele se levantou.

- Me deixa te colocar num quarto aqui no hotel. - ele disse se levantando indo em direção ao telefone para ter acesso a recepção.

- Não! - disse em voz alta pegando minha bolsa.  - Eu só quero e prefiro ir casa.

- Vou pedir pra te chamarem um táxi.

- Não precisa Henry, sério. Eu me viro.

Fui em direção a porta e antes de fechar vi seu rosto, que teve a audácia de ainda parecer solidário a minha dor.

Meu ódio era tanto que ao entrar no elevador, soltei o berro que estava preso na minha garganta. Como ele não podia ver que eu era a mulher certa pra ele?

Ao sair pela porta do hotel suspirei, e peguei meu celular pra chamar um Uber. Eu só queria dormir! Uma movimentação à minha direita a princípio me assustou, mas logo depois suspirei de alívio ao ver quem era.

- Eu sabia que era questão de tempo até você aparecer aqui embaixo. - ele deu uma risada sem humor, jogou o cigarro no chão e pisando nele, desencostou da parede. - na hora que ele apareceu lá em cima eu sabia que tinha dado algo errado. Nem pra conseguir segurar um homem você presta?

- Antony, primeiro que você deveria ir pra casa porque o cheiro do alcool ta vindo até aqui, e segundo que eu não tô com a menor paciência pra ficar ouvindo cobranças suas. Que aliás, também não foi homem suficiente pra conseguir segurar sua preciosa Agnes como você disse que seria fácil de conseguir.

- A gente tava conversando ok? Mas ele chegou do nada e... não sei, não gosto nada do jeito que eles se olham.

- Entra na fila. Não adiantou de nada ter deixado o cartão que o Henry me deu na recepção pra você conseguir subir, a gente nunca vai ter essa oportunidade de novo. - disse começando a andar, irritação emanando do meu corpo enquanto ouvia os passos de Antony atrás de mim.

- O que é agora? Vai desistir? - ele disse puxando meu braço fazendo com que eu me virasse com força pra ele, e o empurrasse. Quem esse merda pensava que era?

- Nunca mais ponha a sua mão em mim! - eu disse com o dedo levantado, eu não estava no humor pra aguentar esse tipo de drama. Continuei andando e ele foi me acompanhando, mesmo sua companhia não tendo sido solicitada.

- A gente nem se conhecia, mas você me mandou mensagem do nada, me falando como queria o seu relacionamento de volta e como a Agnes estava atrapalhando isso. - ele deu dois passos mais largos e parou na minha frente, impedindo assim a minha passagem - Adivinha Cindy, eu também quero a minha namorada de volta, e o seu ex está atrapalhando isso. Me ajuda a tirar ele da jogada.

Me lembrei de como nas gravações ela ficava pra cima e pra baixo se vangloriando com as amigas de como o Henry mandava mensagens o tempo todo, ou como eles sempre davam um jeito de se falar por telefone mesmo com fuso horário trocados, ou como ele utilizava toda folga para passar o dia com ela. E ela sempre que me via, cortava o assunto com uma empatia velada, mas que eu sabia que era falsa, como tudo que ela é.

Eu não sustentava mais a faixada que era ter de fingir estar tudo bem convivendo com a atual do meu ex, e dei graças pelo fim da minha parte de dublê no filme. Mas uma vez no vestiário, o mesmo vestiário que ha algum tempo atras havia descoberto a ligação de Agnes e Henry, eu a ouvi conversando com Blake, sobre como seu ex, que por pouco eu quase não ouvi o nome, a estava importunando e querendo que eles voltassem.

Pensei várias vezes se eu deveria me meter nisso, mas só de lembrar o quanto eu e Henry éramos felizes e que tinhamos uma pequena chance de estarmos juntos novamente, mas que estava sendo estragada por ela, fez com que meus dedos teclassem como se tivessem vida propria a busca "Agnes Alden e Antony" no google.

Qual não foi a minha sorte, de na terceira pagina de fotos, quase desistindo de encontrar alguma ligação, achar uma imagem dela com um homem que eu não tinha visto em nenhuma outra foto. E quando cliquei, bingo! Antony Montana era o nome do meu parceiro.

Joguei apenas seu nome e foi fácil de achar seus dados, já que ele era o futuro herdeiro da famosa empresa de segurança 'Montana's'. Liguei para ele e expus toda a situação na lata: de como queria o meu ex de volta e de como a ex dele estava no caminho. A rapidez com a qual ele quis marcar um encontro foi digamos, surpreendente. Nos encontramos e nos acertamos, mas agora estamos aqui diante do fracasso do nosso plano.

- Pensa em como era pra você estar com ele, lá em cima agora. - ele continuava falando enquanto tirava um maço de cigarros do bolso, e por reflexo levantei meu rosto para o andar do hotel onde eu estava convicta de que estava fazendo tudo certo.

Eu sabia que era doentio, e que tinha algo de muito errado em Antony. Mas ele talvez fosse a minha única chance de ter meu Henry de volta.

Tirei o maço de sua mão, pegando um cigarro e colocando na boca. Com um sorriso de orelha a orelha ele estendeu o isqueiro e acendeu pra mim, e eu dei uma longa tragada.

- Então, parceira... Pronta pra próxima?

Colleagues.Where stories live. Discover now