Eu sou Agnes.

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Narrador POV

Henry a reconheceu mesmo em meio a névoa que tornou sua visão e mente em borrões turvos. Ele jurava que estava comandando seu corpo a dar passos largos em direção ao carro que passava lentamente por entre o grupo de curiosos que já se formava ao redor do acidente, mas ao olhar para baixo viu que seu corpo não obedecia suas ordens, e depois de dar um passo seu joelho fraquejou, e não fosse um dos paramédicos o segurando pelo braço ele teria caído.

- Ag... Agnes... - ele disse e o ambulante tentava escutar o que ele dizia, mesmo que Henry achasse que estava berrando.

- Vamos levar você para a ambulância, precisamos fazer os primeiros atendimentos para classificar o risco. Acena com a cabeça se me entendeu, senhor.

Henry focalizou o homem que fazia força para o manter de pé, e sabia que ele estava fazendo o trabalho dele, mas queria que de alguma forma divina ele entendesse que precisava parar o carro que estava quase passando por todas as pessoas, e se passasse, ganharia a rua livre e talvez fosse mais difícil ainda de saber a localização.

Agnes vivia um dilema no carro, temia por sua segurança mas ao mesmo tempo se sentia parcialmente segura pelo número de pessoas na rua. Mas a sua mente estava agora no Henry acidentado que ela via a alguns metros de distância.

Ela chegou a abrir a boca para falar o nome do homem, mas um segundo depois a fechou, receosa de que apenas a menção do nome dele pudesse liberar algum tipo de gatilho em Antony.

-Puta que pariu, que hora perfeita pra ter um acidente... - Antony falou enquanto buzinava para três pessoas que andavam no meio da rua bem lentamente também olhando na direção do acidente.

- É melhor você desistir... - Agnes começou e Antony deu uma risadinha - vai chamar muita atenção e provavelmente vão ter mais interdições na frente da via por causa desse acidente. Como você vai explicar o porte dessa arma?

Agnes jogou verde e percebeu que tinha funcionado quando o sorriso saiu do rosto de Antony e sua feição mudou para uma mais dura, enquanto parecia que iria quebrar o volante tamanha era a força que segurava ele.

- Não dá pra voltar atrás agora. - ele falou, mais pra ele mesmo do que pra ela.

- A gente resolve isso depois... - ela começou mas foi interrompida pelos berros do outro.

- Você acha que eu sou idiota? Acha que eu não sei que se eu deixar você sair desse carro amanhã vai ter a merda de alguma ordem de restrição contra mim e que você vai fazer com que o nome do meu pai e da nossa empresa seja jogado na lama? - ele gritou isso enquanto se inclinava até ela no banco, que se encolhia perto da porta.

Henry viu essa movimentação de Antony para cima de Agnes e grunhiu de raiva. Só pensava em chegar perto deles, em tirar aquele escroto de cima de sua menina.

Ele forçou mais um passo e fechou os olhos ao sentir a dor do corte que ele sentia ter em sua coxa mas que preferia não olhar. Ele empurrou de leve o paramédico, e mesmo sem sua total força fez com que o homem cambaleasse.

- Senhor, por favor, preciso levá-lo até a ambulância.

Henry continuava andando, ou mancando, praticamente arrastando sua perna esquerda machucada. Como ele queria poder correr, isso já teria terminado há muito tempo.

- Brian, me ajuda aqui. Eu não consigo segurar ele. - a voz do paramédico foi ouvida enquanto ele buscava por ajuda para conter o homem que só tinha um objetivo em mente: livrar Agnes de Antony.

Henry estava quase chegando perto do carro, ele via que algumas pessoas o reconheciam porque ouvia seu nome aqui e ali, e também pela forma que seus rostos mudavam ao focar no seu próprio.

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