Voltando pra casa.

270 35 10
                                    

Henry POV

Acordei quebrado, acho que dormi de mau jeito na cama. Pego meu celular pra ver as horas e eram 9 da manhã, havia acordado um pouco mais tarde porque hoje era dia de voltar pra casa e pro frio da minha cidade: Londres. Levantei e os músculos de minhas costas protestaram, parecia que eu não era acostumado a passar horas na academia levantando peso, mas Jenn havia tirado tudo de mim.

Ela até tentou dormir aqui, passar a noite. Tentou me convencer falando baixinho ao meu ouvido todas as coisas que ela poderia fazer pra me acordar, mas eu não consegui concordar com nenhuma delas. Não que ela precisasse saber, mas meus planos eram acordar essa manhã, e ir até o andar de Agnes e perguntar, mesmo que desajeitadamente e sabendo que eu não poderia cobrar nada, o porquê dela não ter me mandado nenhuma mensagem durante o dia inteiro, e nem ao menos me procurado já que ela sabia, pois eu contei, que meu domingo seria sem compromissos. Me arrependi de ter deixado ela sair do meu quarto naquela manhã, se eu tivesse a mantido na minha cama teríamos passado o dia inteiro juntos. Droga, se ela me pedisse eu até iria ver os stands da convenção com ela, mas eu não quis pedir e me precipitar.

Me sinto mal pela noite com Jenn. Eu e Agnes não temos um contrato de exclusividade nem nada, mas depois da noite que passamos, e devo salientar: que noite divina, eu deveria ter me segurado mais, ter esperado. E ao invés de ter ido jantar no restaurante do hotel e flertado com a moça, ter ido até o quarto de Agnes. Mas o que foi feito já estava feito, e tudo que poderia fazer era ir até Agnes e compensar isso.

Depois do banho, saí do meu quarto e não quis esperar o elevador, eram apenas dois andares acima do meu e decidi pegar o caminho mais longo por assim dizer. Enquanto subia as escadas revisei na minha cabeça o que diria a ela. Não queria assumir, mas estava meio nervoso. Eu não sei lidar com esses tipos de sentimentos, por isso quando cheguei no andar dela, daquela garota de sorriso lindo e dona de um corpo que faziam minhas mãos suarem só de lembrar, eu fiquei parado pensando se aquela era a melhor ideia. Será que estava parecendo um menino de colegial? A porta do quarto dela se abriu e eu não tinha mais como sair dali.

- Bom dia! Posso ajudar? - uma camareira me perguntou saindo do quarto de Agnes. No mínimo deve ter achado estranho um cara parado perto de uma escada encarando a porta do quarto; sorri sem graça.

- Bom dia. Eu sou um amigo da moça que está hospedada nesse quarto, vim visitá-la. Ela já está acordada? - perguntei escondendo minhas mãos suadas nos bolsos laterais da minha calça.

- Ela já fez o check out senhor - ela respondeu e eu franzi minha testa, vendo outra camareira sair do quarto com as roupas de cama nas mãos.

- Já saiu? Do quarto... do hotel?

- Do hotel senhor. - a moça me respondeu e me pareceu um pouco sem paciência, mas ela tinha que me entender. Eu não assimilei da primeira vez que ela me falou porque fui pego de surpresa.

- Entendi. A assessora dela que estava no quarto do lado também foi então né? Só checando. - tentei sorrir e parecer mais simpático para amenizar a sua face de descontentamento.

- Sim senhor - ela me respondeu e eu assenti e continuei parado no corredor - com licença senhor, tenha um bom dia.

- Toda. Bom dia. - respondi e ela continuou seu caminho até o carrinho que estava do outro lado do corredor e falou algo para a outra camareira que havia saído do quarto de Agnes antes, e as duas me olharam e riram. Me virei para descer as escadas me sentindo um idiota pela segunda vez aquela manhã.

Entrei no meu quarto e bati a porta atrás de mim, me sentei na cama e tive a realização de que sim; Agnes havia ido embora sem nem falar comigo, como se não tivesse acontecido nada entre nós na noite de sexta. Achei que a gente tinha se conectado, que tínhamos ido muito além do sexo incrível. Nos conectamos ali, sentados no chão daquele elevador com problema, enquanto ela me falava de como sentia saudade dos pais sempre que estava fora de Nova York e onde eu contei minhas aspirações de um dia ser diretor de cinema. Mas parece que só eu havia me sentido dessa forma. 

Já fui dispensado por mulheres algumas vezes, mas elas ao menos explicavam a razão de estarem saindo da minha vida. Agnes fez isso sem nem me dar a chance de olhar seu rosto mais uma vez. A vontade que eu tinha era de ir até o restaurante e me afundar no corpo de Jenn de novo, só de raiva. Mas eu não deveria agir como um adolescente inconsequente, eu já era um homem. Meu telefone tocou e uma pontinha de esperança de que fosse Agnes se instalou em mim. O que essa menina havia feito comigo? Mas no visor mostrava o nome de Brad; atendi no terceiro toque.

- Grande Henry! Como passou sua última noite em San Diego? - ele perguntou animado, meu completo oposto.

- Ela foi embora e nem falou comigo - respondi e Brad ficou alguns segundos em silêncio.

- A menina do restaurante? - ele perguntou sem entender e eu bufei.

- Não Brad. A menina que eu fiquei na primeira noite, Agnes. Ela  foi embora essa manhã.

- Cara eu vou desligar e te ligar de novo, porque eu devo ter discado o número errado.

- Tô falando sério Brad.

- Eu também tô falando sério Henry. Desde quando você fica choramingando por causa de mulher? Ainda mais por uma que você só ficou uma vez.

- Você não a conheceu. Ela... - comecei, mas logo parei porque era inútil falar com Brad. Ele era incorrigível.

- Arruma suas coisas, estamos voltando pra nossa Londres, pra casa. Você vai ver que ela foi mais uma das suas conquistas cara. Relaxa.

Concordei e conversei mais um pouco com ele. Mas eu sabia que não seria tão fácil assim.

2 meses depois...

Ela poderia reclamar de qualquer coisa, menos de que eu não havia tentado contato com ela, mesmo com nosso fuso horário completamente diferente: enquanto eu dormia ela estava acordada e vice versa, eu tentei falar com Agnes. Nos primeiros dias enchi sua caixa de e-mail de mensagens, mas nenhuma foi respondida; tentava conseguir o seu número mas parecia que ela tinha mobilizado uma força tarefa para me impedir de conseguir esse feito. Eu realmente não sabia o que havia cometido pra que ela me afastasse desse jeito. Não sei se isso tinha se tornado algum tipo de desafio pra mim, preferia pensar que sim era melhor que a outra opção, mas eu queria saber o por que. Brad me enchia o saco dizendo que eu parecia uma menininha obcecada. Que seja! Cheguei a tentar usar instagram, uma coisa que não sou fã, mas a mensagem não aparecia a sua visualização.

- DM Henry, o nome dessa mensagem é DM - Anne minha assessora falou. Ela sabia da minha situação com relação a Agnes, porque ela era uma das pessoas que estavam nessa caça por essa mulher.

- Mas não deixa de ser uma mensagem. Você entendeu o que quis dizer. - ela riu.

- Tá mas como ela não te segue, a DM - ela disse enfatizando a sigla e eu ri - até aparece pra ela, mas você só vê se ela visualizou se ela quiser que você veja. Ela tem você na mão dela - ri tentando disfarçar o fato de que eu achava que Anne havia dito uma grande verdade.

Já era de meu conhecimento que Aves de Rapinha havia começado a ser rodado, vi uma foto que ela postou do início das gravações e Agnes estava com os cabelos ruivos da Batgirl, e como eu tinha falado pra ela meses atrás no elevador: ele estava linda. O filme tinha várias locações em países diferentes e eu sabia que durante 3 semanas a equipe, e consequentemente Agnes, estariam aqui em Londres no estúdio da Warner situado na cidade. 

Eu estava pronto pra que esses dias chegassem logo, porque não vai ter nada que Agnes possa fazer pra me impedir de finalmente chegar até ela.

Colleagues.Where stories live. Discover now