Mudança de planos.

182 26 10
                                    


Guardei o celular novamente na parte de trás da minha calça e sequei minhas lágrimas esperando que Antony voltasse do quarto para sala. Eu não sabia onde isso iria parar; eu sempre soube que ele era completamente fora de si, ter me batido foi mais do que a confirmação que eu precisava, mas esse extremo em que ele chegou... de me vigiar, de estar praticamente sequestrando a mim e a minha mãe e de estar portando uma arma, eu não esperava.

Por um segundo eu me pego pensando onde estava o Antony carinhoso e afetuoso que eu conheci, me apaixonei e me relacionei. Aonde foi que ele se perdeu na mente dele, e será que eu tinha alguma coisa a ver com isso?

- Não é culpa sua, Agnes.

- Eu sei Carlie, mas é estranho... ele começou a agir assim depois que eu comecei a ganhar papéis e ser agendada pra alguns filmes. Ele nunca gostou disso.

- Mas quem tem que gostar da sua profissão é você Agnes, entende isso! Ele como seu parceiro... agora ex parceiro espero eu - ela pausou e suspirou antes de continuar - tem que estar do seu lado e respeitar sua decisão.

Eu voltei a chorar novamente e ela me abraçou como sempre fazia e como sempre me acalmava de uma forma inexplicável. Um anjo em minha vida.

Ela foi a única pessoa pra quem eu havia contado sobre a situação com Antony. O olhar furioso que ela teve, mesmo eu sabendo que não era direcionado a mim me deu receio, do que ela poderia vir a fazer. A impedi de chamar a polícia, pois não queria escândalo e não queria manchar o início da minha carreira que eu tinha sonhado ser tão bonita...

E no fundo eu sabia que não queria prejudicar ele de alguma forma. Achava que tinha sido algum tipo de surto temporário, que ele não faria mais nada comigo...

Saio das minhas lembranças e sou trazida de volta a realidade com o barulho dos passos dele voltando do corredor até a sala de estar.

- Você deixou ela aonde? - perguntei enquanto ele se aproximava com as mãos nos bolsos da frente da calça.

- No quarto que ela tá ficando. Ela tá calma.

- Calma... - repeti sua expressão. Era impressionante como ele achava que alguém conseguiria ficar calmo nessa situação.

- Você sabe que eu não faria nada com ela Agnes. - ele disse como se estivesse ofendido e se não fosse a natureza da situação eu riria achando que isso era algum tipo de pegadinha da parte dele.

- Eu sei? - repeti novamente a expressão usada por ele. - Eu sei de que Antony? Sai um pouco, tenta enxergar essa situação aos meus olhos. Ou melhor, tenta ser uma pessoa de fora observando essa situação bem aqui. - fiz um sinal indicando o apartamento e depois continuei - você tá me mantendo refém na minha própria casa, você vem me seguindo há meses, você pega o meu celular e o celular da minha mãe, nos deixando incomunicáveis! O que isso parece pra você? 

Tive a ciência de que havia voltado a chorar quando senti as lágrimas escorrerem novamente por minhas bochechas. Não queria parecer fraca na frente dele mas já não era choro de tristeza e sim de desespero, de raiva!

- Eu... eu sei que pode parecer estranho. - ele começou a falar tentando chegar com sua mão até meu rosto, mas desviei de seu toque fazendo com que ele suspirasse alto - mas é por isso que eu precisava desse tempo a sós com você. Porque você não me deixa entrar.

- Então segue em frente Antony! Se você vê, percebe e sente que eu me afasto de você, que eu não quero mais você, por que ainda insiste nisso?

- Porque eu te amo, e eu sei que você sente isso também.

Quando ele terminou de falar, eu senti meu celular tremer na parte de trás do meu corpo, e tive um sobressalto por não estar esperando por isso. Pela quantidade de vibração, era uma ligação e não uma mensagem de resposta.

Colleagues.Where stories live. Discover now