Sem saída?

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Gente eu não tenho nem cara pra vir aqui me explicar direito, faz tanto tempo que eu não entro aqui que nem sei... essa história continua bem viva na minha cabeça, aconteceu tanta coisa na minha vida mas ela sempre teve um espacinho especial pra mim. Por isso em meio a turbulências não queria simplesmente escrever qualquer coisa só por escrever, até porque já está na fase final. Espero que me desculpem pela demora, nem sei se tem alguém acompanhando ainda (acho que vocês vão ter que reler o último capítulo, até eu tive que fazer isso kkk rindo de nervoso), porém, sem mais delongas, aqui está o capítulo.

Agnes POV

É assim que os personagens dos filmes devem se sentir. Eu achava que era mentira que a vida passa como um flash na mente diante de momentos perturbadores e decisivos. Mas cá estava eu, lembrando de cada momento que os braços de Henry me abraçaram; fosse pra me proteger ou pelo simples contato das nossas peles, do seu sorriso de dentes pontudos, dos cachos que se formavam em seu cabelo natural quando ele acordava, não importando a quantidade de produto que ele havia passado na noite anterior. Da vez que soube que o amava, mas por receio não havia dito...

... o sol batia tão bem nas suas coxas largas. Ele estava cheio de protetor solar por ser branco demais. Ele estava de olhos fechados mas se mexia continuamente na espreguiçadeira, como se tentasse achar uma posição favorável. Eu ri.

- Não é pra rir de mim. - ele disse mas também sem conseguir o sorriso em suas palavras. Abriu só um olho para me olhar e depois o fechou rapidamente.

- Você é muito branco. - disse enquanto me sentava na minha própria espreguiçadeira para o observar melhor. Ele novamente soltou um riso abafado.

- Não tive muita escolha. A genética me fez assim, está no meu DNA. Me desculpe.

- Você, dentre todas as pessoas, reclamar de genética é um pouco bizarro.

- Por que acha isso? - ele disse se sentando, virando de frente pra mim e pegando o meu chapéu de abas largas e colocando em si mesmo, ficando assim ainda mais bonito. Chegava a ser ridículo.

- Nem vem Henry Cavill, você não vai me fazer te bajular com elogios. - ele riu jogando a cabeça pra trás, quase fazendo com que o chapéu caísse na areia da praia privada em Ibiza, na Espanha, que ele havia arrumado reservas as pressas dentro de um dia após saber da pausa das gravações do meu filme.

- Mas eu não quero elogios. - ele disse sínico, e depois continuou - só quero saber o que tem dentro dessa sua cabecinha. E também... a senhorita não parecia ter problemas em me elogiar ontem a noite.

Ele dá o seu sorriso de canto que eu já disse pra ele ser tipo uma marca registrada e eu ruborizo, mas reviro os olhos para disfarçar. Lembrar das nossas noites e momentos mais íntimos sempre me faziam sentir como uma adolescente. 

Decidi não responder porque era verdade, ele merecia todos os elogios possíveis, ele merecia ouvir todas as palavras boas que alguém pode ouvir, eu deveria falar...

- Está gostando? Sei que você gosta de lugares tropicais assim. Se você não tiver curtido na próxima viagem a gente pode tentar algo mais parecido com o clima de Nova York.

- Tá tudo perfeito. Sério Henry, eu to adorando. Só triste por só poder aproveitar esse paraíso em dois dias. - "FALA, AGNES" meu subconsciente gritava. "Calma" eu respondia pra mim mesma.

- Que bom que gostou, que está gostando. - ele disse enquanto pegava minha mão e a levava até os lábios. Ele parecia um cavalheiro saído diretamente de uma obra de Jane Austen. Um príncipe. Ele continuou: - to tentando te agradar, conhecer sempre mais dos seus gostos e do que prefere. Se isso ou aquilo. Meu prazer é te agradar.

Ai meu Deus, fala agora. Essa era a hora. Olha a deixa que ele me deu. Parecendo que lia minha mente, sendo esse mais um de seus poderes ocultos, Henry riu novamente e apertou minha mão.

- Não se force a nada. - ele disse enquanto me puxava para que eu deitasse com ele na mesma espreguiçadeira. De um jeito meio torto, coubemos os dois. Apertados, grudados. 

Do jeito que eu há alguns meses descobrira que queria estar sempre que possível, e quando não fosse também.

E agora, tudo que eu  queria era voltar nesse e em tantos outros momentos pra poder gritar pra ele e pra todo mundo ouvir que o amava.

Conhecia Antony como a palma da minha mão, por isso o meu desespero diante aquela situação era palpável. O  medo por aquelas pessoas ao nosso redor amedrontadas pelo perigo que ele apresentava com aquela arma nas mão. O medo por mim, por provavelmente ser a sua primeira possível vítima e culpada por tudo aquilo. E o medo maior por Henry que visivelmente ferido por causa do acidente ainda arrumava forças para confrontar Antony.

Eu só queria abraçar, e cuidar...

E dizer "eu te amo".

- Antony... - comecei a dizer mas nem sabia mais pelo que eu pedia. Ele se virou pra mim.

- Olha pra mim. Não encara ela, não ameaça ela. Vira homem  e me encara. Tudo que você tiver que fazer, faz comigo. Ou só é fácil fazer isso com uma mulher?- Henry cuspiu e pareceu ter atingido o exato ponto do ego de Antony, ja que ele agora mexia-se inquieto, na direção dele.

- Tô te encarando. Vou te falar a real: desde que você entrou nas nossas vidas transformou ela em um verdadeiro inferno. - Antony cuspiu.

- Parece que você tá descrevendo a sua entrada na vida da Agnes. Qual a dificuldade de entender que ela não quer mais você? E mesmo dentro dessa realidade torpe e maluca que você criou na sua cabeça, o que te faz pensar que a solução é tudo isso? - Henry retrucou.

- Olha ao redor Antony. Você tá sem saída. - disse tentando chamar a atenção dele pra mim. Por mais que todo mundo já estivesse envolvido mesmo sem querer na minha merda, não queria que alguém pagasse por algo que não tinha nada  a ver.

Ele se virou pra mim, os olhos marejados mas expelindo raiva pura. Ele queria me machucar, ali mesmo tive a certeza de que aquilo não acabaria bem de forma nenhuma.

Essa realização se concretizou quando ele apontou sua arma pra mim, num átimo de segundo, fazendo com que tudo ao meu redor se apagasse e houvesse apenas eu e ele ali, naquela materialização de todos os meus medos.

- Nós estamos sem saída Agnes. Nós.

Eu ouvi duas coisas que aconteceram simultaneamente: a voz de Henry gritando a palavra "desgraçado" e depois o som do disparo da arma.

A dor não veio no contato da bala com a minha barriga, não. Isso foi fichinha.

A dor era do ferimento que eu sentia se abrir e se espalhar por todo o meu abdomen para logo depois a dormência tomar conta de todo o meu corpo, e nem quando eu caí consegui sentir mais nada além de dor, dor, dor... pungente, forte, cegante.

"Fala, fala" Meu subconsciente ainda arrumava forças para me gritar ordens, mesmo quando tudo ao meu redor desmoronava.

"Fala".

- Eu... - comecei a falar, mas só de pensar a dor aumentava mais e mais.

No meio do torpor escutei outro disparo, e segundos depois senti um par de mãos pegando meu rosto, mas não conseguia abrir os olhos.

- Eu te amo. - falei.

Ou não falei?

Colleagues.Where stories live. Discover now