Colleagues.

Conversas, bebidas e preferências.

O ar frio da madrugada me envolveu no momento em que a porta do salão se fechou atrás de mim. Estava tentando assimilar e organizar tudo o que estava se passando dentro de mim, mas não estava obtendo nenhum sucesso imediato.

Ver Henry depois de semanas.

Cindy ressurgindo das cinzas.

Henry e Cindy se beijando na frente de todo mundo.

Sei que estou soando como a maior hipócrita de toda essa situação. Eu pedi pra ele me esquecer, pedi pra ele não me procurar mais. Evidente que falar essas coisas e verem elas acontecerem são situações completamente diferentes.

E tudo isso é uma grande merda, porque se ele soubesse o motivo do meu pedido entenderia que tudo o que eu estou tentando evitar é uma confusão maior. Convivi com Antony e com sua personalidade durante anos, e essa era a primeira vez que eu realmente estava me conectando com alguém e sua reação estava sendo totalmente desmedida. Eu temia pela segurança de Henry, porque em nenhuma outra hipótese eu me afastaria dele por livre e espontânea vontade. Se eu fosse seguir o que minha vontade dizia, eu daria meia volta com esses saltos que já estão me machucando, e voltaria naquela festa e o clamaria como meu! Mas eu perdi esse direito. E pra minha infelicidade, ele parecia estar lidando muito bem com isso.

Voltei pra realidade ao sentir um aperto na mão, e lembrar que eu estava na companhia de Zach. Ele parou de andar e sorriu de lado.

- Você quer mesmo sair comigo? Ou quer voltar pra festa? Por mim tudo bem Agnes... - ele começou e eu me senti como uma idiota. Será que eu conseguia não ser uma ridícula com cada homem que eu conhecia?

- Não é isso, Zach. Desculpa, sério. Eu to pensando que eu não avisei as meninas que estava saindo da festa, e to pensando se elas vão ficar me procurando. - Começa mentindo mesmo Agnes, ta certíssima...

- Você quer ligar pra elas? - ele perguntou. Zach era tão compreensivo, que droga! Pensei em ligar pras meninas mas eu sabia que elas iriam querer falar sobre o showzinho dado no palco. Peguei o celular e tinham algumas chamadas perdidas, tanto de Blake como de Alex. No nosso grupo também tinham varias mensagens. E agora, até Margot que não estava na festa estava querendo saber o que havia acontecido e como eu estava me sentindo.

- Vou mandar uma mensagem, e a gente vai poder ir pra onde você quer me levar. - disse e dei um sorriso pra ele, o qual ele retribuiu.

A ultima coisa que precisava era remoer o que tinha acontecido. Eu fazer isso sozinha já era dolorido o suficiente. Então, digitei uma mensagem no grupo:

estou bem, só não quero por favor falar disso agora. eu e zach estamos indo tomar alguma coisa em um barzinho eu acho. quando acabar pego um táxi de volta pro hotel.
bjo meninas.

Apertei enviar e guardei o celular no fundo da bolsa. Me virei e dessa vez eu estendi a mão à Zach, que a pegou e sorriu pra mim.

- Podemos? - ele arqueou a sobrancelha e eu sorri.

- Agora mesmo. - respondi e começamos a andar em direção ao fim da rua.

- Ok. Filme? - Zachary perguntou enquanto eu continuava rindo depois de ele ter derrubado uma garrafa de cerveja na mesa e que molhou toda a parte debaixo do meu vestido. Ele tinha ficado corado com a minha risada alta depois de ter esbarrado no objeto, e me deu o seu blazer pra tentar secar e amenizar o estrago, mas na verdade eu não estava ligando muito pra isso, então só deixei a peça no meu colo.

- O que e sempre falo é 'Código Da Vinci'...

- Mas o verdadeiro é...

- 'De repente trinta' - eu respondi. Zach arregalou os olhos e bebeu de sua garrafa, e comecei a rir de sua cara. - Não ri, sério. Existe uma complexidade nesse filme: a questão de como toda menina se idealiza mais velha e bem sucedida porque é isso que nos é apresentado por meio da televisão, filmes e séries, as vezes se torna irreal. E nesse caminho podemos perder pessoas essenciais pra nossa vida, por causa de decisões precipitadas ou que nos parecem extremamente corretas a princípio, mas que na verdade é totalmente o contrário.