Desmoronando

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- ... e é por isso que a gente tem que ter uma ordem de restrição contra ele, Ag. A gente já tá dando muita confiança pra ele, e o Antony está criando asas. Agnes? - ouço a voz de Carlie que está me dando sermão desde o momento em que pus os pés em casa. Minha mala ainda está parada perto da poltrona onde eu sentei para escutá-la.

- Oi Carlie. - respondi torcendo para que ela não pedisse que eu repetisse tudo o que havia falado.

- Repete o que eu disse, Agnes. - droga, ela pede exatamente o que eu não conseguiria falar. Sei que era algo sobre Antony mas honestamente a última coisa em que quero pensar e nele.

- Sobre o Antony, Carlie. Você tá com o nome dele na boca desde que cheguei. - levantei decidindo assim encerrar esse assunto, e fui arrastando minha mala em direção ao quarto. Carlie me seguiu.

- Eu estou preocupada com a sua segurança Agnes. - ela disse em um tom mais firme, o que me fez parar no meio do corredor e virar pra ela, podendo ver seu semblante de preocupação.

- Eu sei Carlie. Mas eu to tão feliz! Tentei te contar sobre como eu e Henry finalmente nos acertamos e como eu me abri com ele sobre tudo mas você só fica batendo na mesma tecla de 'Antony, Antony'.

- Eu sei que você tá feliz, e isso também me deixa feliz. Mas não deixa ninguém estragar isso, e com "ninguém" você sabe a quem estou me referindo.

- Sei, sei sim... - respondi e prendi meus cabelos em um coque.

- Ok menina. Vou te deixar descansar. - ela diz e me dá um beijo no rosto.

Entendo a preocupação dela, é mais do que um sentimento só de assistente, já passamos há muito disso. Ela é da família e tomou como dela a responsabilidade de cuidar de mim. Na verdade, acho que até hoje ela se culpa de alguma forma não ter impedido o que aconteceu com Antony, mas isso não foi culpa de ninguém além dele mesmo.

Antes de ir pro banho deito em minha cama e mando uma mensagem à Henry avisando que tinha chegado bem, e fiquei esperando ansiosa como uma colegial sua resposta, que não demorou a chegar e ao invés de ir para o meu destino inicial, o banheiro, fiquei trocando mensagens com ele. 

Com o meu Henry.


3 meses depois...

3 meses e indo forte, 3 meses e tudo indo bem. No início eu achava estranho estar indo tudo tão certo, quando a pessoa é acostumada a receber pouco ou quase nada, literalmente aquele ditado "quando a esmola é muita, o santo desconfia" se torna rotina nos pensamentos. 

Mas ele me faz sentir bem, e faz questão de estar sempre perto de mim, e eu certamente não reclamo da proximidade dele.

As gravações tinham acabado há mais ou menos 15 dias, e a primeira coisa que tinha feito foi tirar o ruivo dos cabelos da Batgirl que me acompanhou por tanto tempo, e voltar a cor original castanho escuro. Eram duas mulheres diferentes, a anterior e a posterior a esse papel que certeza será uma virada de jogo na minha carreira.

Chego no restaurante que marquei de encontrar com Henry, essa será a primeira vez que vamos nos encontrar depois do encerramento de Birds of Prey. Estava tão ansiosa que cheguei primeiro que ele, então escolho uma mesa mais afastada das janelas e da entrada onde posso ter uma boa visão de quem entra e sai.

Pedi água e disse ao garçom que aguardaria meu acompanhante para poder fazer o pedido, e então esperei, e depois de uns 10 minutos ele chegou. A figura enorme se destacava na entrada do local, estava com blusa social preta e um casaco aberto também escuro por cima. O visual, já diferente para outro papel que ele havia sido escalado, era composto por um cabelo mais cortado nas laterais mas com os usuais cachos caindo na testa, porque conforme ele mesmo dizia "odiava passar gel", e o bigode que ele tinha deixado crescer para interpretar um vilão na franquia "Missão Impossível". Ele tinha ficado tão animado quando recebeu a notícia que o papel seria dele... aperto minhas pernas uma contra a outra só de lembrar da nossa comemoração.

Colleagues.Where stories live. Discover now