Vulnerável.

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Tentei andar o mais rápido que pude, mas era até injusto competir com as passadas dele, que eu ouvia ficando cada vez mais altas a medida que ele se aproximava. Cogitei tirar o sapato e literalmente entrar em qualquer ônibus ou táxi que passasse na minha frente. Eu odiava, odiava muito me sentir vulnerável assim. Eu na verdade nem entendia direito porque isso tinha me afetado tanto, se o tempo todo os sinais de 'macho escroto' estavam piscando na minha frente.

Ator famoso, confere. Bem sucedido, confere. Bonito... lindo, confere. Bom de papo, confere. Bom de cama, confere.

Henry era o pacote completo de possíveis problemas, mas ao mesmo tempo um pacote na medida certa que toda mulher sonha em ter. E acho que foi esse deslumbre que me fez cair na dele.

- Agnes, para. - ele falou atrás de mim. Já tinha conseguido me alcançar, mas mantinha um certo espaço. Esperto, confere.

- Henry, por favor. - pedi sem saber ao certo pelo que. Estava andando como se soubesse pra onde estava indo, sendo que não conhecia absolutamente nada daquela cidade. E eu não vou nem começar a falar do frio...

-  Me deixa te explicar.

- Perseguição é uma coisa que te atiça Henry? - perguntei sarcástica e ele deu passos largos até parar abrupdamente da minha frente, fazendo com que meu corpo trombasse no dele e eu tivesse que dar dois passos pra trás para ter o equilíbrio de volta.

- Você me atiça Agnes - ele disse segurando meus braços, que se arrepiaram e eu decidi culpar o frio.

- Não se preocupe, já já isso passa, é coisa de momento.  Ou a gente pode entrar num restaurante e ver se consegue arrumar uma menina pra você passar a noite, o que acha? - ele trancou o maxilar, e a linha do seu queixo ficou mais acentuada ainda.

- A Jenn foi uma coisa de uma noite só... - ele começou e eu tive que o interromper.

- Eu também fui Henry, lembra?

- Não foi, e você sabe disso. Se tivesse sido eu não estaria aqui tentando me explicar pra você. E você não estaria tão afetada pelo fato de eu ter ficado com outra garota - ele falou me encarando, me desafiando a desviar o olhar.

Quando foi que tínhamos nos aproximado tanto? Recobrando os sentidos, que ele sempre me fazia perder, perdi a disputa de encaradas e olhei pro lado.

- Eu sou uma conquista dificil pra você. A graça tá na caçada né.

- Claro que não.

- Ja conheci vários como você - disse tentando me virar  na direção do restaurante. Teria que voltar pra lá, e tentar me situar porque agora estava numa rua que parecia ser a parte de trás de vários restaurantes, porque tinha um ou outro homem com roupa de cozinheiro fumando perto de portas que diziam "entrada somente autorizada". Mas enquanto pensava nisso, Henry parecia também ter suas próprias ideias já que me empurrou e me prensou na parede com toda sua força. Seu braço esquerdo segurava minha cintura e o direito estava apoiado do lado da minha cabeça. Seu nariz quase tocava o meu quando ele falou:

-  Você sabe que isso não é verdade - e parecia que eu havia perdido a capacidade de falar, mesmo que uma parte de mim me lembrasse de golpes de auto defesa: chute nas partes baixas, ou dedo no olho, e empurra. Cheguei a levantar a mão mas elas pararam e ficaram presas pressionadas em seu peitoral, já que ele havia se prensado mais ainda em mim. Ele arrastou seu nariz pela minha bochecha, e o levou por toda a minha pele até estar bem próximo da minha orelha. Não fecha os olhos Agnes, se controla. Henry sussurrou - passei a merda de 2 meses pensando naquela noite, pensando em você, na sua boca... - ele mordeu minha orelha e eu não aguentando mais, fechei os olhos.

Colleagues.Where stories live. Discover now