Colleagues.

Coincidências.

Hoje vou me encontrar com Henry. Depois de algumas semanas separados por países e fuso horário diferentes, estou indo até o hotel dele. Penso em como nosso relacionamento... usando a palavra "relacionamento" já Agnes? Nossa coisa... nosso lance melhor dizendo, gira em torno de hotéis. Não sei se ele sente essa nossa dinâmica e não sei se ele tem alguma pretensão de mudar isso, e evoluirmos para começar a visitar um a casa do outro.

Isso é um passo que pode parecer inofensivo, mas que significa muito, mesmo que nenhuma das partes efetivamente diga algo. Não sei dizer em que pé estávamos pra valer, mas adorava o fato de ele sempre se esforçar em me ligar e passar tardes, e as vezes noites, conversando comigo.

Mesmo quando eu estava toda estranha depois de encontrar com Antony, ele tentava manter a conversa e respeitou o espaço que eu tanto precisava naquele momento.

E aqui estou eu, novamente pensando nesse encosto da minha vida. Ele me atrapalhou e me atrasou antes e agora estava tentando fazer isso novamente. Eu não queria arrastar Henry para esse circo de horrores que era essa parte da minha história. E Antony não facilitava e nem dava a entender que facilitaria, pois continuava ligando e mandando mensagem, como o grande idiota que ele é.

Quando comentei das primeiras ligações dele com Carlie, ela falou que iria chamar a polícia e conseguir uma ordem de restrição. Mas a ultima coisa que eu queria era que essa merda fosse pro ventilador e sujasse e respingasse em todo mundo a minha volta. Por isso me calei sobre a visita dele à casa da minha mãe, e sobre a conversa ameaçadora que havíamos tido.

Tenho pra mim que a melhor opção é continuar o ignorando. Uma hora ele cansa, certo? Deus sabe o quanto eu contava com isso.

Quando me dei conta,ouvi a voz  do taxista, que estava me chamando há não sei quanto tempo.

- Senhora, o segurança está pedindo um código pra gente conseguir entrar na garagem.

Claro, Henry estava na cobertura do hotel e não queria chamar tanta atenção com sua estadia lá, por isso precisava da segurança pra poder subir até seu andar. E claro, também não haviamos conversado sobre eu ser vista pela imprensa entrando no mesmo hotel que ele estava.

- Ah claro, desculpe por estar dispersa. - disse pro motorista que sorriu em resposta, e eu virei pra minha janela a abrindo e cumprimentando o segurança, que me mostrou um token onde eu deveria digitar a senha que Henry havia me mandado por mensagem mais cedo. Deu um bipe informando que a senha estava correta, e o segurança autorizou nossa passagem ate o ultimo andar da garagem.

Desci do carro logo após pagar, e enviei uma mensagem a Henry avisando que tinha chegado, enquanto caminhava até o elevador na garagem. Entrei, digitei a senha de acesso e apertei o botão correspondente a cobertura, e me peguei rindo lembrando como tudo entre nós começou numa pane de elevador.

Ainda estava rindo quando as portas se abriram direto para o quarto, e Henry estava lá parado; glorioso, encostado na parte de trás do sofá virado para a porta do elevador. Ele estava ainda mais lindo do que eu lembrava, inferno de homem! Tinha o celular na mão, deveria ter acabado de ler minha mensagem de aviso e sorriu pra mim. Sinceramente...

Sorri de volta, mas ainda estava plantada no elevador. Quando dei o primeiro passo pra sair, as portas começaram a se fechar por falta de movimento, e Henry correu para evitar o fechamento e eu ri mais ainda.

- Mal chegou, e já quer ir? - ele falou, o sotaque forte afetando todas as partes dentro de mim. Desconfio que me sentiria assim com ele falando qualquer notícia pra mim na verdade.

- A gente e esses elevadores. - respondi e cheguei mais perto dele, que me puxou pra dentro do quarto.

Mal dando tempo pra nada mais, suas mãos seguraram meu rosto e o puxou em direção ao dele, a sua boca. E que boca! Meu Deus, quanto tempo fazia? Parecia que uma eternidade porque nos beijamos ávidos por mais um do outro. Minha mente registrou de longe o barulho da porta do elevador finalmente fechando atrás de mim.