Certo pra todo mundo, menos pra mim.

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Ok.

Ok?

Ok Agnes. Respira e finja normalidade. De maneira nenhuma arrastaria Henry pro meio desse furacão. Sabia de primeira mão de como Antony era capaz de ficar quando algo não saía do jeito que ele queria. Se ele descobrisse que o "Henry" que ele viu me ligando, era o mesmo "Henry" que ele discutiu no lobby do hotel...

- Tá tudo bem? - Henry me trouxe de volta a realidade, me olhando de baixo com a boca perto do meu pescoço.

- Tudo sim. Tem maluco pra tudo hoje em dia. - respondi torcendo pra que ele não percebesse como essas palavras foram forçadas a sair da minha boca.

- Pois é. Mas no fim, ele não conseguiu a reserva o que fez com que eu me sentisse muito bem, pra ser sincero. - ele disse e depois abriu um sorrisão, o qual eu tentei retribuir mas com certeza não chegou aos meus olhos.

Me aliviava saber que Antony não estava mais nesse hotel, no mesmo lugar que eu estou agora. De repente uma urgência em sair daquele lugar cresceu dentro de mim. Mas como fazer isso sem demonstrar meu desespero pro Henry?

Saí de seu colo rapidamente, e uma ruga de duvida em sua testa apareceu.

- Vou no banheiro. Rapidinho... - disse me explicando enquanto ja caminhava de volta ao corredor, procurando pelo cômodo.

Ao entrar no banheiro, tranquei a porta e me encostei na pia. Sera que esse pesadelo e esse fardo nunca sairiam da minha vida?

Parecia que pra onde eu me mexesse, Antony tinha pintado o nome dele por onde eu passasse. Ele tinha virado o protagonista da minha propria história, e eu não tive poder nenhum de impedir que isso acontecesse.

Eu só pensava em Henry, como finalmente a gente parecia estar se ajeitando e se gostando cada dia mais. Gostava do homem que ele era e gostava de como nós éramos quando estávamos juntos. Mas a sombra do outro pairava sobre nós e parecia que seria assim.

Saí do banheiro pra encontrar Henry perto da mesa, com uma garrafa de vinho na mão enquanto despejava o líquido em uma das duas taças que estavam dispostas na madeira escura.

Droga!

- Pedi um vinho pra gente. - ele sorriu e eu queria socar minha cara.

- A Carly me ligou. Disse que eu preciso ir pra um ensaio fotográfico agora mesmo. - menti mal.

- Agora? - ele perguntou com a ruga ainda em sua testa.

- Agora. Ela disse que eles ligaram remarcando as fotos de última hora porque talvez amanhã o local não esteja mais disponível porque apareceu uma outra campanha na agenda da agência. Essas coisas burocráticas que eu não entendo muito bem... - minha voz foi diminuindo a medida que eu percebia que estava tagarelando sem parar e que era melhor parar.

- Entendi. - ele disse enquanto pousava a garrafa na mesa. Uma taça vazia e a outra com o líquido rubro pela metade. - A gente conversa depois?

- Claro. - eu disse num tom mais agudo do que o normal; como quem quer que uma conversa acabe logo e acaba se apressando no jeito de falar. E logo depois ele sorriu, me mostrando que mesmo tendo ficado desapontado ele esperava pelo nosso reencontro  de novo.

Caminhei ate o lado do sofa onde havia depositado minha bolsa e pelo canto do  olho percebi Henry caminhando na direção que eu tambem ia. Quando parei perto  do móvel e peguei minha bolsa, ele  ja estava parado perto de mim.

- Eu ganho um beijo de 'até logo'? - ele perguntou enlaçando seu braço ao meu redor e eu ri.

- Até logo Henry. - e o beijei. Nos beijamos forte como sempre fazíamos mas dessa vez foi diferente. Da minha parte sim, porque eu sabia o que estava decidida a fazer, e era o que parecia ser o certo e o melhor pra todo mundo. Pra todo mundo menos pra mim.

Sua mão que não estava nas minhas costas, agarrou minha cabeça pelos meus cabelos me segurando e firmando o beijo no qual ja fazia com que eu me sentisse zonza, tonta... aérea. Eu retribuia o beijo com toda força e vontade que eu tinha, até que precisamos respirar e afastamos nossos lábios. Nossas testas porém, continuaram conectadas e nossas respirações fortes encontravam uma a outra.

- Queria que você ficasse. - ele disse baixo e eu balancei a cabeça em concordância, porque era o que eu também queria. Levantei os olhos e encontrei os dele me encarando. - Tá tudo bem? - ele questionou e eu acenei com a cabeça.

- Sim. Só um pouco cansada e frustrada porque queria estar de folga e passar esse dia com você. - essa verdade eu podia falar.

Ele arrastou a mão que estava agora na minha cintura, e a levou onde minha mão estava, a levando ate seus lábios dando um beijo demorado nela. Ele parecia saído dos contos de fadas que a gente lê e vê filme na infância. Um verdadeiro príncipe e cavalheiro e como eu desejei que um desses aparecesse pra mim! Mas agora eu precisaria fazer o inverso do que eu realmente queria, e me afastar.

Sorri e dei outro beijo nele, dessa vez rápido e me virei em direção a porta. Ele me acompanhou e a abriu para que eu saísse, me virei e dei tchau pra ele. Henry piscou em resposta e disse:

- Beijo, linda. Me avisa quando tudo tiver acabado. - balancei a cabeça e me virei em direção ao elevador no final do corredor, segurando minha bolsa tão forte em meus braços; assim como eu também estava segurando a vontade de chorar.

Estava sentada no chão do meu quarto enquanto esperava a resposta de Summer no telefone. Havia contado à ela todos os últimos acontecimentos.

- Mas Ag, você não pode parar sua vida, seus planos e relacionamentos por causa do babaca do Antony.

- É fácil falar. Eu vivo com ele me rondando e rondando minha família desde que terminamos e me mantive fechada esse tempo todo pra um novo relacionamento, esperando que ele se desse conta de que a gente não tem mais a menor chance de ser algo. E me aparece o Henry... - não conseguia mais falar e bufei.

- Pois é. Apareceu o Henry, que te virou todinha, com quem você ama conversar, beijar e fazer tudo mais. Um homem de verdade depois desse projeto de um que você teve como namorado.

- Eu vi de perto tudo o que o Antony é capaz de fazer. E essa discussão que eles tiveram no hotel só aumentaria mais ainda o prazer dele de fazer algo à Henry. Quando ele ligar uma pessoa a outra então.

- O Henry é bem grandinho, sabe se defender e sabe decidir por si só o que ele quer. Você ja conversou com ele sobre essa parte do seu passado? - fiquei em silêncio porque sabia que foi um dos grandes erros que cometi não ter falado sobre Antony com Henry desde que começamos a ter algo. Summer suspirou e continuou - você devia ter falado desde o início. Ou poderia ter falado hoje quando percebeu que se tratava da mesma pessoa.

- Eu sei Summer. Eu deveria ter feito várias coisas... - a primeira lágrima que estava tentando ha tanto tempo segurar, caiu.

- Mas você ta decidida? É isso mesmo o que vai fazer? - ela perguntou e eu podia sentir como ela também não estava de acordo com minha decisão. Eu também não Summer, você pode apostar.

- É o que eu preciso fazer. O Henry não vai ser metido nessa merda de rolo que é essa parte da minha vida. Eu vou me afastar dele, a partir de hoje.

Falar em voz alta, doía mais ainda.

Colleagues.Where stories live. Discover now