Saída da Polônia

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Foi bom poder pisar na terra onde minha família morreu/teve que fugir às pressas, por uma questão de resistência e honra, mas não pude sorrir mais ao ver esta parte da viagem chegando ao fim.

A Polônia realmente é um local escuro. Parece que tudo ali grita por socorro. Que as cinzas estão por todos os cantos. Que a luz não tem vez. É triste enxergar isto em um país que poderia ser tanto.

É claro que houve esperança por ali. No centro de Janusz, no zoológico que escondia judeus dos nazistas, nos poloneses que seguraram placas pedindo desculpas por todo o Holocausto. Mas ela não anulou o lado ruim por completo.

Eu realmente me pergunto o que pensa alguém que mora na Polônia. Que tem como vista um campo de concentração. Ou que passa por perto todos os dias. Eles sentem tanto ódio assim dos judeus, como dizem? Deve ser estranho chamar aquele lugar de lar...

Eu não sei se quero pisar novamente naquela terra algum dia. Tenho minhas curiosidades sobre meus antepassados, mas a energia é sinceramente pesada demais. Agradeço à minha escola e aos meus pais pela oportunidade, mas basta.

O voo até Israel não foi dos melhores, mas que felicidade poder se ver livre de tanta amargura...

Que os dias por lá vividos sigam sacramentados na memória, porque não podemos os esquecer. Não podemos deixar que se repitam. Mas que, em momento algum, nos sirvam como desânimo para seguir em frente. Nós somos a prova viva de que existe esperança- basta acreditar. Sementes sempre crescem, mais cedo ou mais tarde.

Gritos pela liberdade: diário de bordo da Marcha da Vida de 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora