Adicionais especiais- momentos que ficam guardados

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Ópera em Cesareia

Como já disse anteriormente, éramos separados em 2 grupos na maior parte das atividades. Em Cesareia, não foi diferente. Visitamos o teatro que nos disseram ter capacidade para até 4.000 pessoas, e tivemos a oportunidade de assistir a uma pequena ópera de uns idosos japoneses.

Eles pareciam muito dedicados ao que estavam fazendo, então os aplaudimos surpresos. Mas depois eles se sentaram organizadamente, para verem alguma apresentação nossa. Improvisamos uma ópera com a música hit da Marcha, e eles começaram a filmar nosso espetáculo. Fomos aplaudidos de pé, mas duvido que isso teria acontecido se falassem Português, ou, ao menos, entendessem sobre o que estávamos falando.

Amplificador de som

É difícil dizer um lugar pelo qual tenhamos passado sem tocar pelo menos uma música no famoso Jerredy, nosso amplificador de som. Qualquer ocasião parecia uma ocasião perfeita para ligá-lo: nas ruas pela noite, no saguão do hotel, nos ônibus, na espera pela próxima atividade.

Já era conhecimento geral que o som estaria no máximo nos momentos em que estivéssemos no ônibus, mas nossa guia sempre tinha algo a falar. Sempre aparecia alguma rua importante no meio do caminho, ou, até mesmo, uma pedra que contasse histórias. Se fossem 'Taftefot' no caminho, o dia para ela estava feito: nada como entender do sistema agrícola de Israel, mas sempre tomando cuidado para não pisar em cima. Ela parecia não gostar da ideia de ouvirmos música, quem dirá então a de tirar um cochilo quando a música nos cansasse.

Em um dos dias, o motorista pediu que desligássemos o som para desfrutarmos um pouco de suas músicas preferidas- adianto que a única parte boa foi quando chegaram ao fim.

Uma das lembranças da Marcha que sempre perdurará é a de nós correndo, dançando e gritando junto a qualquer música que estivesse tocando- pela simples vontade de fazer daqueles dias os melhores já vividos.

Ônibus 2- a rotina que não parecia estar próxima de acabar

Dormir, comer, cantar, filosofar, zoar e dormir de novo. Essa era a rotina com a qual já tínhamos nos acostumado depois de tantos dias juntos no ônibus. Talvez não a parte da Filosofia, mas o resto sim, com toda a certeza.

Tinham momentos em que a única vontade era escutar o anúncio de que a atividade estava encerrada, para que pudéssemos voltar para o ônibus e descontrair um pouco do dia pesado.

Já era mais do que clássico saber que nosso motorista nunca pararia perto de nós, apenas para nos fazer andar mais, e que se recusaria todos os dias a abrir a porta de trás para que pudéssemos entrar. Já era mais do que clássico saber que quando chegássemos ao nosso destino, ele começaria a buzinar loucamente, com o intuito de que saíssemos o mais rápido possível- e, que quando não o fizéssemos, receberíamos um esporro qualquer em hebraico.

Eu demorei para entender que chegaria a hora de dar adeus. Demorei para entender que não contaria para sempre com essa rotina de discutir a influência de forças divinas, o Universo, a natureza do homem, escritores da vida etc antes de chegar na próxima atividade. Sinto saudade. Mas que bom ter algo tão maravilhoso ao ponto de a falta apertar a cada dia...

Gritos pela liberdade: diário de bordo da Marcha da Vida de 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora