Mega Evento da Marcha da Vida

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Depois da Marcha, tudo em que se falava era o Mega Evento da Marcha da Vida, que reuniria todas as delegações para um jantar seguido de um show. Por algum motivo, ninguém nunca havia comentado desse show conosco, então não tínhamos a menor ideia do que estávamos prestes a encontrar. Mas, como já esperado, não decepcionou.

O jantar estava muito bom, e foi bem ali que comecei a repor tudo o que eu havia perdido com todas as outras péssimas refeições. Depois tivemos um tempo livre pré-show, e foi bastante interessante estarmos praticamente no meio do nada. Estávamos na cidade de Latrun, em um local que aparentava ser isolado e parecia cenário de filme- guardava tanques de guerra israelenses não utilizados atualmente.

Foi bem ali também que trouxeram à tona o fato de estarmos no Oriente Médio, tão perto de países como a Síria, o Líbano e o Egito. É estranho que esse pensamento não tivesse passado pela minha mente antes, mas acho que no fundo era porque minha cabeça ainda estava em toda a realidade da Polônia, toda a realidade europeia.

O show não decepcionou, e nos mostrou parte da face cultural e artística israelense. Não esperava mesmo ver algo do tipo, e ainda tinha todo aquele gostinho especial de estarmos no 70° aniversário de Israel naquele mesmo dia. Foi incrível ver a conexão de quem estava no palco; realmente mostraram o quanto se prepararam para aquilo e o quão importante nossa presença era.

Chegamos a ver, ainda ali, vídeos que haviam sido gravados na própria Marcha de alguns jovens de outras delegações, quando na Polônia. Foi muito emocionante, porque passamos por relatos lindíssimos de sobreviventes. Não dava mais para negar que a viagem estava chegando ao fim. Parecia tão distante aquela realidade da Guerra em certos momentos... Eu senti vontade de chorar, mas não chorei. Não para manter aparência, porque não ligo muito para tal- acho que é importante sermos honestos com os nossos sentimentos mais profundos em vez de passar a vida negando-os. Mas simplesmente porque a felicidade era tão grande, que não queria perder um pingo daquela celebração. Não queria que minha visão borrada atrapalhasse aquele momento que já parecia estar escorrendo dos meus dedos...

Eu estava pulando e dançando alegremente com a música, quando, de repente, meus músculos e ossos pareceram ceder. Minha garganta doía, e o frio me fazia tremer. Eu tive que sentar e apreciá-lo [o show], então, da arquibancada, porque se tinha algo que não faria era deixar claro para os professores que eu estava doente. Eu não queria perder por nada os últimos dias de viagem, e estava disposta a fazer de tudo para disfarçar o meu mal-estar.

Gritos pela liberdade: diário de bordo da Marcha da Vida de 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora