Viagem para Tel Aviv

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Acordar no dia 20, logo após o Mega Evento, foi como levar um soco no estômago. A viagem terminaria em 2 dias, e eu não estava preparada para largar aquela realidade incrível, longe de qualquer tipo de preocupação. Eu me dei conta, já no ônibus, que ainda não tinha escrito nada sobre a Marcha além do texto de Majdanek. Eu tinha uma professora de Literatura que acreditava na possibilidade de meu diário de bordo se tornar um livro de crônicas, mas eu nem tinha aberto ainda o caderno que havia comprado no centro de Cracóvia para tal.

Eu tinha tentado escrever quando voltei ao hotel na noite anterior, mas já estava no início de alguma gripe muito pesada, que não me permitiu fazer nada além de me enrolar nas cobertas e fechar os olhos. Até as resenhas eu estava perdendo.

Mas se essa melancolia me atingiu, não foi por muito tempo. Estavam tramando um plano para mostrar insatisfação ao motorista do nosso ônibus, e as risadas tomavam conta do local. Optaram por apertar o botão 'service', acima de nossos assentos, para chamar sua atenção, e ele parou o transporte anunciando a gritos nervosos que ele iria bater o veículo e todos nós iríamos morrer. Imagino que ele tenha captado nosso objetivo.

Naquele dia, iríamos para um Kibutz que já produziu bens para a indústria bélica do país, para depois irmos ao Shuk Hacarmel, e, finalmente, ter a visita dos familiares.

Eu estava disposta a aproveitar ao máximo cada segundo, porque já previa a forte saudade que esses dias iam deixar.

Gritos pela liberdade: diário de bordo da Marcha da Vida de 2018Onde histórias criam vida. Descubra agora