CAPÍTULO CINCO

5K 393 268
                                    

Alice.

É os piores dias para uma garota. Menstruação é tão chato. Eu sinto muita dor, preciso tomar remédio ou qualquer outra coisa para aliviar, usar absorvente que pra falar a verdade, incomoda demais. Mas é a vida, né? FAZER O QUE?

Vou para o banheiro e tomo banho, me visto e ponho o meu casaco já que tá frio. Desço a escada com a mochila nas costas e vou para a cozinha comer, só quem estava era o meu pai, ele estava sentado comendo enquanto mexia em seu celular.

— Bom dia, pai. – falei enquanto me sentava.

— Bom dia, Alice. – diz sério.

— Hmm, eu fiz alguma coisa?

— Fez. – ele coloca o celular na mesa e me encara. – Tu mentiu pra mim.

— Eu menti em quê?

— Alice, tu tinha me dito que não tinha nada com aquele moleque do George, daí eu chego na minha casa e vejo vocês dois deitados na tua cama. Abraçados! – diz firme. – O que significa aquilo então?

— Papai, eu e George somos amigos, não rola nada entre nós. Sei que o senhor desconfia e tudo mais, só que não existe eu e ele, somos apenas... amigos.

— Amigos, e vocês estavam daquele jeito? De porta fechada, no escuro, enrolados e dormindo?

— Eu não vi problemas, o Lorenzo também estava aqui. E o George, pai, só veio ficar comigo porque eu estava com dor, eu não tinha ido para a escola e ele veio me passar os assuntos e ficou comigo.

— Cara, vocês dizem que não tem nada e ficam andando juntos, tirando fotos juntos, dormindo. O que é isso Alice?

— Apenas somos amigos. – respondi.

— Eu não sei se tu lembra, mas quando você tinha onze anos, falou comigo e com sua mãe que queria namorar com o George.

Eu disse isso? Quando? Nossa. Que criança estúpida.

— E-eu não lembro.

— Mas tu falou. Tu gosta dele? – eu o olhei. – Tu gosta do George, Alice?

— E-eu...

— Não fica com medo. Eu sou teu pai, sou teu amigo desde sempre. Se tu sente algo por ele, eu não posso mudar isso. Posso não aceitar, mas não mudar.

— Por que não pode aceitar?

— Porque não Alice, eu não quero tu namorando cedo e muito menos com George. Tu sabe que ele tá na boca, né? – ele pergunta e eu assenti. – Pois é, eu não quero essa vida pra tu, não quero que tu namore um traficante ou qualquer bandidinho desse morro. Quero que tu viva bem, quero tu longe de problemas, quero que tu seja uma mina de responsa fora desse morro.

— Eu sei pai...

— Você gosta dele ou não?

— Eu... eu acho que gosto.

—Foda-se, só seja você merma. – ele se levantou e beijou minha cabeça. – Quero um futuro pra tu, não quero que tu namore um bandido. Só... faz tuas escolhas certas e me deixa por dentro de tu só pra saber, não quero que vocês errem como eu errei com sua mãe.

— Tudo bem. – sorrir.

— Boa aula, meu anjo.

— Obrigada, pai.

Ele saiu e eu fico tomando meu café, fico pensando no que meu pai falou comigo. Bom, ele está certo. Eu tenho que viver bem e longe de problemas. Por mais que eu queira ser que nem minha mãe: forte, inteligente, independente, linda e maravilhosa. Eu não posso namorar um bandido. Meu pai é... meu pai. Mesmo sendo o que ele é, nunca vi problemas, mas parece que ele ver e se meu pai fala, ele está certo. Como ele diz: minha intuição que fala.

FILHOS DO MORRO (GDDM 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora