FILHOS DO MORRO (GDDM 2)

CAPÍTULO SEIS

40 minutos de capítulo para vocês, espero que gostem da noite do luau.

George.

Ver a Alice pistola é novo pra mim. Ela tá sempre calma e quieta, e quando muda de humor é bem estranho. Eu percebi que ela tem muito ciúmes da Sabrina comigo, acho que comecei a perceber agora, mas sabe... eu também tenho ciúmes dela, tenho muito ciúmes. Acho que isso é por causa da nossa convivência junto, né? Bom, deve ser sim.

Eu tô saindo de casa agora, às 03h da manhã, por quê? Porque Igão quer isso, pediu pra mim ficar na laje vigiando tudo com os outros vapores. Tá de boa, não ligo não, tô fazendo o necessário pra ser que nem meu pai, porque minha vontade mermo é tá lá em cima com eles, tá ligado? Quero saber quem são os caras por trás de tudo, quero conhecer quem são os ricos que estão juntos com os traficantes, quero saber de tudo. O mínimo que sei, é o que ouço pelo o morrão, mas cedo ou tarde, eu vou me juntar a eles ou não me chamo George Viegas Lopez.

Fico em pé na laje enquanto observo todo o morro, tinha umas casas que tinham luzes ligadas ainda, dava pra ver alguns dos caras em pé observando o morro também. Ouço passos atrás de mim e me viro. Flavinho vem com um fuzil em sua mão e na outra, um cigarro.

— E aí, moleque. – diz se aproximando. – Igão pegou no teu pé mermo, né?

— É o que parece. – me virei olhando para o céu. – Mas tá de boa, ligo pra isso não. Tô aqui pra isso, né?

— É assim que fala. – ele para do meu lado e me oferece o cigarro, pego no mesmo segundo e trago. – E como tá o colégio?

— Tá lá, né. – soltei a fumaça no ar. – Não me dou bem naquilo não, mas tô indo pra agradar minha mãe.

— Faz por tu também, pô. Tu é novo, tem uma vida pela frente, tu tem escolha do que pode ser, nós aqui não teve não. – disse sério. – Tu pode ser o que quiser se estudar mermo, pode ser um dos policias, pode ser um doutor, juiz, advogado... porra. – ele toma o cigarro da minha mão. – pode ser o que quiser se tiver esforço.

— Tô ligado, cara, eu sei que posso ser tudo isso se eu quiser, mas quero ser que nem meu pai, quero crescer que nem ele.

— Teu pai é bom, mas tu pode ser melhor. – falou me olhando. – Sério mermo, parece que eu tô nesse morro pra dar conselho pra vocês tudo. Porra, George, eu te vi bebê, lembro quando tu tava dentro da barriga da tua mãe. Sério que tu quer virar um traficante?

— Pô, Flavinho. – passei as mãos na cabeça. – Sei lá, cara, eu quero isso.

— Beleza, é teu gostar, é o que tu quer. Mas se liga, isso não é bom não, cara. Tô ligado que tem a parte boa disso tudo, mas o pior é ser a coisa ruim, entende? Imagina se tu gosta de uma mina por aí, dai ela pergunta o que tu é, o que tu faz? Nenhuma mulher quer isso pra vida dela não, Luna e Nicole aceitaram porque ama muito eles e eles são loucos por elas, mas isso é outra história. – ele me olhou. – A mina que tu quer, aceitaria isso?

Dei risada.

— Eu não tenho ninguém não, mas...

— Vamo conversar aqui. – ele dar dois tapas no meu braço. – Pelo o que dizem e pelo o que vejo, tu e Alice parece namorar.

— Iiih. – rir. – Assunto velho esse, cara. Eu e ela não tem envolvimento, tu não vai contar nada pro Igão, não é? – ele assentiu. – Tô confiando. – falei. – Nós dois só vive junto, tá ligado, mas nunca rolou nada, nem beijo, mas tem aquele clima, entende?

— Tô ligado. – disse.

— Eu tô ficando com uma mina aí da escola, só que não é nada sério. A mina quer que seja sério, ela insiste nisso, só que não quero nada, só foder tá de boa pra mim.