Capítulo 14

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Miguel

Não gosto de falar sobre o passado, foram anos de muito sofrimento e dor, porém Elisa é determinada e vai querer todos os detalhes, e é bom que ela saiba sobre tudo de uma vez, quando ela souber de tudo vai ser mais fácil me entender.

Preparo-me pra ir busca-la depois de um dia longo de trabalho, Irene conseguiu deixar meu dia ainda mais cheio hoje, fez exatamente como eu pedi, assim consigo atender todos os pacientes que preciso durante a semana e tenho o sábado completamente livre.

Cinco minutos antes do combinado eu estou esperando na porta de Elisa, aviso por mensagem e espero pacientemente dentro do carro, pensei em várias formas de abordar o assunto sem fazer que esse momento se torne deprimente, é impossível, vai ser triste reviver tudo e não sei qual será a reação dela, a última garota por quem eu me interessei decidiu me deixar duas semanas depois de termos uma conversa como essa.

Vejo quando ela se aproxima do carro, linda, não está sorrindo como todas as vezes que nos vimos, tem uma ruguinha em sua testa e sei que está tão nervosa quanto eu para a conversa que vamos ter.

Abaixo o vidro e faço um sinal com a cabeça para que ela entre, espero que esteja dentro do carro, devidamente sentada e pergunto.

- Quer ir a algum lugar?

- Acho que temos outros planos pra hoje, pensei que você pudesse apenas estacionar em algum lugar e conversar.

-Se quiser podemos entrar e fica mais confortável.

- Melhor não, é bom sair de casa um pouco.

Lembro-me de sua vontade de mudar e entendo o motivo de querer ficar um pouco fora de casa.

- Que tal conversarmos no meu apartamento então? Assim não ficamos dentro de um carro no meio da rua.

A ruguinha em sua testa fica um pouco mais profunda e tenho vontade de sorrir e dizer como fica linda assim.

- Podemos fazer como você achar melhor Lis, no carro ou no apartamento não faz diferença pra mim. Conversar aqui ou no apartamento não faz diferença, isso que eu quis dizer, me desculpe, eu não...

- Tudo bem.

Sou interrompido da minha vergonha pelo som de sua risada, se todas as vezes que eu meter os pés pelas mãos ela sorrir assim, vai valer a pena ficar envergonhado.

- Vamos pra sua casa, por mim tudo bem.

Dirijo em silencio pensando em tudo que vou precisar contar, lembrando de cada detalhe, acho que ela percebe que estou tenso e não fala nada até chegarmos na garagem. Eu paro o carro, recebo seu olhar e atenção novamente.

- Eu poderia ter vindo de táxi e te pouparia o trabalho de me buscar.

- Não foi trabalho algum, Lis.

Abro a porta e deixo que ela entre primeiro, segue direto até o aparador e observa algumas fotos, vejo seu olhar demorado sobre a foto dos meus pais, imagino que deve estar pensando nos dela.

- Vamos sentar aqui, o que quer saber?

Ela se senta ao meu lado no sofá, coloca uma almofada em seu colo e a abraça.

- Do começo, como tudo aconteceu.

- Uma longa conversa, é bom que esteja confortável.

- Se for difícil pra você eu vou entender.

- Não é fácil relembrar de tudo isso, mas eu preciso contar.

Ela segura minha mão, sorri carinhosa.

Seguindo em Frente (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora