Capítulo 25

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Elisa

Acordo com uma frestinha de luz que entra pela janela. Sinto um peso sobre mim e abro os olhos, Miguel tem um braço em cima da minha barriga e minhas pernas estão emboladas nas dele. A memória de mais uma noite com pesadelo volta com tudo, não é só uma lembrança criada da morte dos meus pais, agora sempre vejo Miguel junto deles dentro do carro. Por isso me isolei do mundo por tanto tempo, não queria correr o risco de perder mais nada, não tendo nada eu não iria sofrer, então esse belo príncipe de olhos azuis vem invadindo minha vida tão rápido que não me dei conta, agora estou rendida a ele.

Minha mão sobe sem medo e toco seus cabelos macios, um carinho que não sei se pra ele ou pra mim. Quero isso, quero estar aqui e ser protegida em seu colo quando sentir medo, quero me sentir amada de novo, quem sabe começar uma família. Nunca falamos abertamente sobre o futuro. Sinto que essa conversa vem ficando cada vez mais próxima de acontecer. Minha mão toca levemente seu rosto, vejo um sorriso preguiçoso surgir em seus lábios.

- Continua, é gostoso.

Ele diz manhoso e apenas faço como pediu. Não é bom apenas pra ele, fazer esse carinho é como receber de volta, sentir sua presença já me enche de coisas que não sei descrever, coisas que nunca senti.

- Bom dia. Te acordei outra vez.

-É bom acordar com carinho assim. Pode me acordar todo dia, juro que não vou reclamar. Você já acorda toda linda, me faz querer beijar te agora.

Ele toca meu rosto com tanta delicadeza, um toque tão suave que me causa arrepios. Coloco meus dois braços em tordo de seu pescoço, me aproximo um pouco mais, suas mãos me abraçam pela cintura, nossos corpos colados. Sinto sua respiração forte e uma leve mordida na pontinha da orelha.

- Se não sairmos dessa cama agora eu vou beijar você, amor.

É exatamente isso que quero. Não vou fugir. Não vou mais fugir de nada que me faça feliz.

- Não estou te impedindo de fazer nada aqui Doutor Miguel.

Meu sorriso some dentro do seu beijo. Não sinto vergonha ou medo, é meu Miguel aqui. Um longo e lento beijo, me transmite todo amor que me negava a aceitar. Uma lágrima escapa no momento exato que ele se afasta pra me olhar. Ele seca com as pontas do polegar. Tenho chorado com ele mais do que nos três anos sozinha.

- Você está bem? Conseguiu descansar?

- Eu estou feliz. Você me faz feliz, depois conversamos. Agora vem me beijar mais um pouquinho.

- Seu pedido é uma ordem.

Ele gira o corpo e fica por cima de mim, todo o seu peso sendo sustentado pelos braços apoiados na cama de uma forma que não o sinto pesado, apenas quente. Beijamos-nos longamente até que o ar se faz necessário. Ele esconde o rosto na curva do meu pescoço, o ar quente de sua respiração me causa arrepios.

- É tão bom acordar e ter você aqui comigo. É uma pena ter que sair da cama pra trabalhar.

- Não discordo de nada. Por mim ficava aqui o resto do dia com você, Miguel.

Nossos corpos tremem com seu riso. Ele se afasta um pouco, me olha nos olhos, beija todos os lugares possíveis em meu rosto antes de me fazer sentar na cama com ele.

- O dever me chama, mas você volta comigo hoje. Isso não é uma pergunta, não vou deixar você dormir sozinha depois dessa noite. Vamos conversar quando voltarmos. Vai me contar qual é motivo de tantos pesadelos e vamos superar isso juntos. Deu pra entender que não vai enfrentar mais nada sozinha? Que estou aqui com você agora e que vai contar comigo sempre?

Seguindo em Frente (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora