Capítulo 37

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Elisa

A luz da manhã começa a iluminar o quarto. Cubro a cabeça com a minha coberta e gemo baixinho. Ainda é tão cedo, me desacostumei a sair da cama antes das oito. Miguel já está no banho, escuto o barulho do chuveiro e vejo o vapor da água quente que sai pela porta aberta.

Quatro meses se passaram depois do casamento, tempo suficiente pra reformar tudo que eu queria na casa de campo. Não mudei muito, gosto da aparência original. Hoje vou cedo pra lá e Miguel vai depois do almoço. Ele toca meu rosto e abro os olhos. Tem os cabelos molhados e uma toalha em volta da cintura.

- Dorminhoca. Claudia vem buscar você daqui a pouco.

- Tem certeza que é seguro pra ela? Quase oito meses de gravidez. Acho mais prudente ela parar de dirigir.

Ele pega outra toalha no armário e começa a passar pelos cabelos.

- Ela está ótima amor, depois que aceitou que precisa descansar e desacelerou o ritmo, a pressão estabilizou. Ainda falta um mês pra nascer. Menos de quarenta minutos de carro, vai ser bom pra vocês duas e na volta o Edu dirige pra ela e você vem comigo.

- Se você diz. Que horas vocês vão chegar?

- Duas ou três horas depois de vocês. Ela te pega aqui as nove, eu vou sair por volta das onze. Uma parada rápida no Recanto e vou pra lá também.

Me levanto e começo a me arrumar. Parei de correr na rua dois meses depois do casamento, Miguel me convenceu a malhar com ele e as vezes Bernardo acompanha também.

- Marquei um espermograma pra mim. Já que decidiu fazer exames, mesmo que eu ache muito cedo. Acho certo que eu faça também. Se tivermos mesmo um problema vamos saber logo.

- É uma possibilidade grande. Cinco meses tentando e ainda não estou grávida.

Ele me abraça por trás e descansa a cabeça na curva do meu pescoço. Estamos de frete para o espelho e vejo seu sorri bobo. Sei o que ele pensa sobre isso.

- Alguns casais tem que esperar por anos. Olha pra Claudia e o Edu, por exemplo. Vamos fazer esses exames agora, apenas porque quer. Não acho que temos algum problema, só não chegou a hora.

Ele beija meu pescoço e me vira de frente. Suas mãos seguram meu rosto e seus lábios capturam os meus, nos separamos ofegantes.

- E treinar é a melhor parte, pena que não tenho mais tempo agora. Preciso ir trabalhar. Te vejo mais tarde.

Recebo mais um beijo, um leve selar de lábios dessa vez e ele sai pela porta do quarto, ouço quando a porta da frente abre e fecha quando ela passa. Vou dividindo o tempo entre conversar com Luiza pelo celular e me arrumar. Diogo conseguiu colocar um pouco de juízo naquela cabeça. Fico pronta alguns minutos antes do porteiro avisar que Claudia chegou.

Entro no carro e encaro a sua grande barriga. Sorrio pra ela e faço um carinho no bebê.

- Eu sei que estou enorme. É meu último dia com um volante nas mãos. Completo trinta e uma semanas amanhã, a partir daí estarei proibida. Edu disse que vai ficar mais tranquilo se souber que eu não vou estar dirigindo quando entrar em trabalho de parto.

- E ele tem toda a razão. É bem mais seguro.

Ela dá uma olhada rápida em mim e depois foca novamente no transito.

- Ainda nada do seu bebê?

Suspiro frustrada antes de responder.

- Nada. Acho que tenho algum problema, Miguel não concorda, diz que isso não existe, mas acho que todo aquele tempo sem comer direito e vivendo em privação de sono, pode ter estrado algo em mim.

Seguindo em Frente (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora