Capítulo 35

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Elisa

Preciso falar com Eduardo, mas não sei como começar. Ele é a figura masculina mais importante que tenho e foi um grande amigo do meu Pai. Quero que ele represente meu pai me levando até o altar, sou grata por ter tempo de corrigir as falhas que cometi com ele e Claudia, fizeram tanto por mim e eu apenas fugia. Me arrependo de cada uma das vezes que fui grossa ou arredia com eles, não mereciam nada daquilo.

Mais uma semana e serei uma mulher casada. São tantas coisas pequenas pra decidir, devia ter pedido mais tempo, mas cai na conversa do Miguel. Sete de outubro vai ser o nosso grande dia, teremos uma cerimônia pequena, apenas família e alguns poucos amigos. A grande maioria dos convidados são da parte do noivo, amigos do hospital que trabalhava antes de aceitar a proposta do pai, alguns poucos da época de escola e faculdade. Nossa lista tem pouco mais de cem pessoas, o suficiente pra uma grande festa na minha opinião. Todos os detalhes estão sendo escolhidos por mim. Cada um deles de acordo com as conversas que tive com meus pais durante o tempo que tive com eles. Rosas amarelas na decoração e um buquê de orquídeas brancas, como minha mãe gostaria que fosse e um vestido de princesa que sem dúvidas iria agradar meu pai. A cerimônia será realizada pelo padre da pequena igreja que Andréa e Carmem frequentam. Miguel vai com elas algumas vezes, espero que depois do casamento possamos ir mais vezes.

É estranho, mas papai sempre foi ligado a essa coisa de casar a sua princesa, me entregar a um homem bom e respeitoso era importante pra ele. Acho que se ele soubesse que existe a possibilidade de eu estar me casando gravida e já morar com o noivo antes do casamento, ele não aprovaria tanto. Ou talvez não fosse um problema se ele visse como estou feliz. Eduardo sempre fala que ele estaria orgulhoso da mulher que eu me tornei. Estou sentada em uma mesa redonda de uma lanchonete que ele adora adorava, acho que é um bom lugar pra conversar com Eduardo e fazer o pedido.

- Me esperou muito? Desculpe, florzinha, eu fiquei preso no trânsito depois de sair do trabalho.

Recebo um beijo na testa antes dele se sentar de frente pra mim.

- Eu acabei de chegar também. Claudia queria vir, foi um problema convence-la de que não tem nada errado acontecendo.

Digo despreocupada. Seu olhar em mim me diz que pensa como a esposa.

- E não tem mesmo nada errado? Casamento é um grande passo. Se não tiver certeza pode me dizer e vou estar do seu lado em qualquer decisão que tomar.

- Amo o Miguel. Ficar com ele foi a melhor decisão que eu poderia tomar.

- Não sente medo?

Ele não precisa dizer mais nada pra que eu entenda o significado da sua pergunta.

- Sinto. Tenho mais medo do que qualquer um pode imaginar, mas decidi ficar com ele e viver o tempo que eu puder. Quantas vezes uma pessoa tem a chance de viver esse tipo de amor? Não me importo se vai ser por mais dez ou vinte anos. Decidi viver cada dia como se fosse o último. Perdi muita coisa Edu, perdi muitas pessoas e perdi três anos da minha vida. Não vou deixar de ganhar por medo de arriscar e perder. Quero essa felicidade e vou vive-la por quanto tempo for possível.

Ele tem os olhos emocionados assim como eu.

- Vão ter um logo tempo juntos, Lis. A alguns anos não existia a possibilidade um órgão passar pra outra pessoa e foi isso que salvou o Miguel. Não se sabe como a medicina vai avançar nos próximos anos. Miguel é forte, sempre foi. Lutou pesado contra a doença e venceu com louvor, nunca demonstrou fraqueza nessa luta. A força dele é admirável, mas não foi por isso que me chamou aqui.

- Não foi.

- Confesso que me deixou bem confuso o seu convite. Esse lugar é cara do seu pai. Lembro dele todas as vezes e venho, me preocupei quando disse que queria me ver aqui. O que está acontecendo?

Seguindo em Frente (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora