Capítulo 14 - O que eu mais temia

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Na terça-feira, como já era costume, eu não conseguia passar muito tempo com a Gio, no colégio. Tínhamos a manhã cheia e nos encontravamos na sala dos professores somente nos 20 minutos de intervalo.

Cheguei para o intervalo e encontrei Pedro com seu celular, em um canto. Fui falar com ele.

- Oi, Bárbara. Como você está hoje?

- Tô bem, e você? E, ah, me chama de Bá.

- Tô ótimo, Bá. Já viu a Gio por aí hoje?

- Não, ainda não.

- Eu também ainda nem falei com ela, mas ela deve estar chegando por aí.

10 minutos passaram e ela não havia aparecido. Vi que ela estava online e resolvi perguntar:

Bárbara:

Ei, onde você está?

Tá fugindo de mim?

Giovana:

Bom dia!

Óbvio que não, precisei pegar umas coisas no carro. E acho que vou acabar indo direto pra sala, preciso passar o conteúdo no quadro antes da aula começar, estou bem atrasada com essa turma.

Bárbara:

Sério? Você não vem pra cá?

Giovana:

Não vai dar. Mas a gente logo se fala.

Comentei com o Pedro que ela não viria, e ele respondeu:

- Nem esquenta, é normal. Às vezes ela fica doidona mesmo, achando que tá tudo atrasado e faz hora extra na sala - ele riu.

As palavras de Pedro me acalmaram um pouco, então pude seguir mais tranquila com minhas aulas.

Entre a quinta e a última aula, encontrei com ela de costas no corredor:

- Oi, sumida - falei

Ela me olhou, sorrindo, e disse:

- Bom te ver!

Mesmo com o sorriso e estas palavras, percebi que ela não estava normal, parecia chateada com algo. Será que eu tinha feito algo errado? Ela ficou chateada por eu não ter conseguido vê-la ontem? E agora?

- A gente se fala - disse ela, entrando na sala de sua próxima aula.

- Até! - respondi.

Confesso que na última aula eu fiquei com a cabeça longe, tentando adivinhar o que estava errado. O sinal tocou. Tentei sair rapidamente, antes que fosse parada por alguém. Sem sucesso.

- Professora!!! - ouvi uma voz que me fez parar quase que na porta - Eu estou com dúvidas na lista de exercícios, como a prova tá chegando, queria saber quando você pode me ajudar.

Com pressa, pensando em tentar encontrar Giovana antes de ela ir embora, eu respondi:

- Tenho horário de permanência hoje a tarde no colégio, a partir das 15:00, na sala de assistências. Se puder, dá o recado para os outros alunos.

- Pode deixar, prof. Vou mandar no grupo da sala.

Saí depressa e, felizmente, encontrei Giovana pegando suas coisas, e Pedro já na porta a esperando.

Peguei as minhas e saí com eles. Após alguns passos, ela diz:

- Eu e o Pedro estamos indo almoçar juntos. Você nos acompanha?

Não sabia explicar o porquê, mas percebi que eles precisavam de privacidade para conversar sobre o que estava acontecendo, e não quis atrapalhar.

- Que pena! Eu acabei de marcar permanência com meus alunos do 2º ano e preciso preparar algumas coisas antes, mas espero que vocês tenham um almoço agradável.

Nos despedimos e eu entrei em meu carro. - O que será que estava acontecendo? - pensei.

Cheguei em minha casa e mal consegui comer, fiquei pensando nisso o tempo todo. Tinha mandado uma mensagem pra Gio, dizendo que estava morrendo de vontade de estar com ela. Já fazia mais de 1 hora, e ela não respondera.

Quando estava me aproximando do colégio, leio:

- É. Hoje o dia foi complicado.

Fiquei pensando no que li, sem entender muito bem. Eu estava praticamente tomada pela tensão. Mas isso era óbvio, estava bom demais pra ser verdade, alguma coisa iria acontecer e aconteceu: ela não queria mais saber de mim.

Resolvi não responder ainda, tinha medo da resposta...

Durante a tarde, até que consegui esquecer um pouco a tensão que pairava em mim. Realmente consegui me distrair um pouco enquanto ajudava os alunos. Posso dizer até que me diverti, naquele ambiente mais descontraído, com uns 5 ou 6 alunos.
Depois de um tempo, acabei esquecendo de checar meu celular a cada 20 segundos, o que acabou me fazendo bem.

A permanência terminou próximo às 17h, e só então, ao guardar minhas coisas, verifiquei meu celular. Fiquei surpresa, mas aliviada, ao ver que ela tinha me mandado mensagens.

Giovana:

Bárbara, tá aí??

(40 minutos depois)

A gente precisa conversar...

Quando li aquilo, senti um frio na espinha. Todo o alívio que senti, acabou se tornando medo. Agora, pra mim, estava claro: ela ia terminar tudo.

Bárbara:

Tá tudo bem?

Quer passar lá em casa?

Giovana:

(ignorando minha primeira pergunta)

Acho melhor você vir aqui, você pode?

Bárbara:

Claro. Tô saindo da escola agora, me avisa quando puder ir

Giovana:

Vem direto

Ai, caramba... Eu já não conseguia controlar meu corpo, meu coração disparado, minha respiração ofegante, quase me deixando tonta.

Eu já estava ensaiando o que dizer, quando ela me desse a notícia. Peguei meu carro e segui em direção ao seu apartamento.

No meio de tudo, Você!Onde histórias criam vida. Descubra agora