Capítulo 30 - Isso é sério?

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Ao me aproximar da porta onde Gio estava, avistei-a e pude perceber em sua expressão um justificável nervosismo. Ela me olhava como quem implorava saber tudo que acabara de acontecer naquela conversa, o que não era possível naquele momento, já que ao dar um passo para dentro da sala, vejo Sarah sentada em uma das cadeiras dos computadores a minha esquerda.

— Bom dia! — disse de forma geral.

— Bom dia, Bárbara! — as duas me responderam quase juntas. — Como vai? — perguntou Sarah. O olhar de Giovana ainda era assustado.

— Eu estou muito bem, — tentei dar a dica, enquanto voltei meu rosto na direção de Giovana e pisquei para ela — e você?

Agora o olhar dela estava mais para de surpresa que de espanto.

— Tá tudo bem, também — respondeu Sarah, encerrando o assunto.

Sentei-me em uma das cadeiras da mesa central, onde Gio também estava. Olhei pra ela e sorri. Ela fitava Sarah, parecia esperar que, subitamente, ela já não estivesse ali para possibilitar nossa conversa. Até que rasgou um pequeno pedaço de papel da última página do caderno em que estava em mãos, juntou a uma caneta e simplesmente os escorregou até próximo a mim, na intenção de que eu fosse capaz de resumir a conversa toda em um bilhete.

Peguei aquele pequeno papel, a caneta e, aproveitando o bom humor que me acompanhava agora, escrevi "Te amo <3", dobrei e devolvi à dona.

Ao abrir o bilhete, ela me fitou com um pouco de desapontamento, enquanto eu lancei um sorriso malicioso na direção dela. Talvez, aquele ato fosse mais eficaz do que ela pensava, já que ela me devolveu com um sorriso e um olhar que parecia muito mais calmo, porém ainda curioso.

Assim que o sinal bateu, seguimos para nossas classes, em uma manhã tranquila e usual. Quando nos encontramos novamente, Gio estava com Pedro e eu conversava com alguns outros professores. Mas, ao fim do intervalo, ela me observava e, assim que me viu sozinha, aproximou- se e disse:

— Depois da aula, espero você no meu apartamento, tá? — falou baixo, não permitindo que ninguém que ainda estava na sala pudesse ouvir.

— Certo. — eu respondi — Pode deixar.

Ao fim daquela manhã, me dirigi até a sala dos professores e enrolei um pouco para ajeitar minhas coisas, correspondi a algumas conversas e imaginei que Giovana já não estava mais lá. Cheguei em meu carro e confirmei que Gio já havia saído. Assim, segui em direção ao seu apartamento.

Chegando lá, liguei para Gio:

— Ei, eu tô aqui embaixo, onde você está?

— Mais alguns minutinhos chego aí, — ela respondeu — estou comprando nosso almoço.

Continuei esperando, provavelmente entre 10 e 15 minutos, até que avistei sua chegada.

— Então... — disse ela quando já estávamos em seu apartamento — Vai me fazer esperar até quando pra contar o que está acontecendo?

— Nada demais, — eu confesso que provoquei um pouco — eu conversei com a Lúcia e resolvi tudo.

— Detalhes, por favor... — ela disse após sentar em minha frente com nossos pratos já preparados para comer.

Contei tudo, com o máximo de detalhes possíveis de lembrar, enquanto almoçávamos. Gio se demonstrou surpresa em dados momentos. Mas, por fim, comentou:

— Em que você estava pensando quando resolveu enfrenta-la desta forma, Bárbara? Isso foi até irresponsável, você sabe, né?

— Honestamente, eu nem pensei muito, estava agindo por impulso, e meu impulso foi priorizar o que realmente me importa.

— Você sabe que eu jamais me perdoaria se você tivesse sido prejudicada de alguma forma.

— Gio, mas por que devemos nos ater a isso agora? Deu tudo certo, amor.

— Você tem razão! — ela assentiu — Aliás, ela comentou o que a Carla disse pra ela?

— Não exatamente. Tudo que ela pôde me dizer foi que um dos servidores do colégio nos viu aos beijos dentro do carro em algum lugar fora daqui. Mas não há dúvidas de que tenha sido a Carla, até porque, quando mencionei o nome dela, a Lúcia assentiu, só não podia dizer com todas as letras.

— O quê? Quando ela nos viu? Isso não faz sentido. Será que ela estava me seguindo? Não é possível!!

— Bom, amor, eu não duvido nada. Mas, felizmente, nós não precisamos mais nos preocupar com isso agora. A única preocupação, de agora em diante, é eu continuar contendo meus instintos de querer te agarrar a cada segundo naquele colégio. — eu sorri, antes de começar a me inclinar para beija-la.

— Aliás... — ela disse, afastando-se devagar — Eu tenho novidades. Parece que o Pedro está apaixonado.

— Oi? O Pedro? O que houve com ele? — eu comentei, rindo, já que eu já sabia que o histórico dele não era tão cheio de caras que ele realmente gostou na vida.

— Nada usual, né? Também me pegou de surpresa. Mas pelo jeito é isso mesmo.

— Uau! O que ele te disse?

— Ah! Ele me contou que conheceu um cara, um dia desses, e desde então ele não consegue pensar em outra coisa senão ele. Não consegue esquecer o sorriso do rapaz, nem a beleza, a simpatia...

— OMG! Parece sério, quando foi que ele ficou com este carinha?

— Ele não ficou com ele, só conheceu. Mas nada aconteceu ainda.

— O quê? Fala sério, amor. Como assim? Do nada? — perguntei completamente surpresa — Me pergunto o que este homem que ele conheceu tem de tão especial.

— Estou dizendo a verdade, Bá. Ele me contou hoje... — neste momento, ela me olhou bem, para analisar como seria minha reação — Ele disse que não consegue esquecer o Gui.

— Isso é sério? — eu estava pasma com a informação que acabara de receber.

No meio de tudo, Você!Onde histórias criam vida. Descubra agora