Cheguei aproximando-me de Giovana na cama enquanto lia as respostas que havia recebido. Passei o celular para a sua mão para que ela pudesse ler também:
Bárbara:
Oi, Manu!
Serei honesta, como sempre! Eu não acho que os assuntos que nós duas tínhamos àquele tempo ainda façam algum sentido hoje em dia. Não vejo razão para retoma-los. Aliás, você conheceu a Gio, minha namorada.
Manuela:
Ah, claro, eu entendo...
Bom, e será que podemos nos encontrar como amigas? Adoraria poder tomar um café com você e saber como anda sua vida, depois destes anos todos, agora que somos praticamente outras pessoas.
Me avisa se topar, eu conheço um lugar ótimo aqui.
...
Bom, entenderei seu silêncio como uma recusa ao meu convite. Sem problemas!
Te peço desculpas por ter sugerido isso, eu deveria imaginar que sua namorada não se sentiria segura deixando você sair com sua ex.
Nos vemos qualquer hora dessas, então. Qualquer coisa, você tem meu número.
— Quem essa Manuela pensa que ela é? A última Coca-Cola do deserto? A própria encarnação do irresistível? Ah, me poupe...
Sorri para suas brincadeiras, mas acabei dando de ombros, mostrando que não queria mais me importar com aquilo.
— Quando eu a conhecia, ela não era tão convencida assim. Mas que seja, deixa ela pensar o que quiser...
— Bom, se prepara, Bárbara, porque amanhã você vai sair com ela pra ela ver que ninguém é insegura aqui.
— O quê? — Eu perguntei quase pulando da cama. — Você tá pirando, só pode...
— Não estou, não. Marca com ela. Você vai e vai mostrar que ela não é tudo isso que pensa.
— Mas eu não tenho por que querer marcar algo. E ela até já desistiu... Deixa isso pra lá!
— Me dá aqui! — ela disse, pedindo o celular que estava comigo — Eu dou um jeito nisso.
É claro que podemos tomar um café. Me diz quando e onde e eu vou.
Não se preocupe com isso, a Gio não se importaria.
No dia seguinte, eu ainda estava incrédula com a situação em que minha namorada tinha me metido. Giovana e os meninos entraram no carro e me levaram até o café, depois iriam visitar algumas lojas por ali, a essa altura os dois já estavam cientes de tudo que estava rolando. Sentei-me em uma das mesas e esperei por poucos minutos, até que vi minha acompanhante se aproximando.
Quando a vi, entendi o porquê da crise de ciúmes da Gio: a Manu estava realmente espetacular, e eu, de tão nervosa, nem tinha reparado antes, na praia. Ela sempre teve um corpo atlético, mas estava ainda mais definido. Ela vestia um shorts um pouco curto, mas aceitável para um ambiente litorâneo, de cós alto e uma regata azul marinho. Estava completamente despojada, mas bonita.
Levantei-me quando ela se aproximou mais, abracei-a para cumprimenta-la e voltei a sentar-me
— Então, como andam as coisas? — perguntei para iniciar logo aquilo.
Depois de me contar sobre sua faculdade, sua formatura, as viagens que fizera, disse que nunca mais tinha namorado. Se envolveu com alguns homens, mas nunca nada sério.
— Uau! Então você resolveu seguir a linha hétera? — comentei, dando um gole no meu frappuccino. Esperava que ela dissesse que sim, que não se interessa por mulheres, que eu fui só uma experiência do passado e, assim, eu poderia seguir tranquila sabendo que ela não seria um problema. Ledo engano.
— É, mais ou menos... Na verdade, nenhuma outra mulher me interessou em todo este período de tempo. Mas, também, tendo a minha primeira namorada como parâmetro, é impossível achar alguém para competir.
Ela lançou um sorriso malicioso, mordendo um dos cantos da boca, e estendendo a mão para tocar a minha. Sorri pra ela de forma irônica e tirei minha mão debaixo da dela, para demonstrar meu incômodo.
— Mas e sua namorada? Não se importou de você estar aqui comigo? — indagou, curiosa e provocativa.
— Não. Nem um pouco. A verdade é que a Giovana é uma mulher muito segura de si, ela sabe o quão incrível é e o quanto eu sou apaixonada por ela. Então... Sem problemas.
Manu começou a rir da minha resposta.
— O que foi?
— Nada — respondeu, ainda rindo.
— Qual o problema com você?
— Nenhum, mas não é sua namorada aquela mulher ali do outro lado da rua, que não para de olhar pra cá? — ironizou ela.
Olhei pra trás e, pelo vidro da janela, pude ver as costas de Gui e Pedro e uma pessoa quase que escondida atrás deles, sentados em uma sorveteria quase em frente. Merda, Gio, eu aqui enchendo tua moral e você me faz essa?
— Garanto que isso foi ideia do Guilherme, meu amigo... Não pode ver uma sorveteria.
— Claro... — ela continuava rindo, de forma um pouco irritante.
— Mas, de qualquer forma, Manu... — comecei a perder a pouca paciência que levei para aquela conversa — Não é como se ela tivesse algo pra se preocupar, então que diferença faz?
— Ei, está tudo bem. Ela está certíssima. Se você fosse minha namorada, eu também ficaria de olho.
O ambiente havia ficado um pouco hostil depois destes comentários. Tudo que eu queria era atravessar aquela rua e ir para perto de quem eu realmente queria estar.
— Olha, acho melhor eu ir. Aceitei te encontrar porque realmente achei que iríamos conversar, mas se você acha que isso tudo aqui é um joguinho...
— Não! Desculpa! — ela disse, segurando meu braço para impedir que eu me levantasse — Não quero que termine assim. Eu vou me controlar, prometo.
Ajeitei-me e resolvi dar a ela o benefício da dúvida. Por fim, conseguimos ter uma conversa normal, até a hora que, de fato, deveria ir.
— Obrigada por aceitar o convite, Bá! — disse ela me abraçando — Fiquei muito feliz pela consideração.
— Obrigada pelo convite, Manu!
— Ei! — disse ela tocando minha mão antes que eu pudesse me afastar — Não desaparece por tanto tempo de novo. — ela segurava minha mão e seu olhar nos meus era penetrante.
— Eu realmente preciso ir. — soltei-me e lhe dei as costas.
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No meio de tudo, Você!
RomanceBárbara, recém-formada na universidade, começa sua vida profissional como professora em seu antigo colégio. Lá, ela se aproxima de Giovana, sua colega que, em meio a um pouco de caos em sua vida, encontra na cumplicidade de Bárbara o caminho para su...