Capítulo 24 - O jantar

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- Tá, mas agora me explica... - o assunto continuava - Como essa Carla sabe sobre vocês duas?

- Eis uma ótima pergunta, Gui. Eu não faço ideia.

- Vocês nunca deram bandeira lá pelo colégio pra ela ter flagrado vocês?

- Não. Nunca! - pausei - Tirando ontem que transamos no banheiro, a gente se comporta muito bem.

- O QUÊ?

- Calma, amigo. - falei debochando - Quem nunca? - eu ri.

- Então agora tudo faz sentido, não acha?

- Sei lá, ontem seria impossível, já que naquele momento estávamos do outro lado do colégio e ela já em sua conversinha com a diretora.

- Mas tá, você me falou que vocês passaram o dia todo juntas, praticamente. Desde o almoço, passaram a tarde na cama, dormiram juntas, foram trabalhar juntas e vão resolver transar justo no banheiro do trabalho?

- Ué, Gui. A gente chegou no trabalho e, na tentativa de ficar o mínimo possível sozinhas com a Carla, resolvemos nos esconder no banheiro. E, você sabe, a gente não escolhe quando as coisas vão começar a ficar quentes...

- Você não presta, Bárbara.

Neste momento, avistei os dois se aproximando da entrada do restaurante.

- Uau! Que boy é aquele. Bem que eu podia consolar aquele corpinho depois do término.

- Que é isso, Gui. Isso tá muito errado - falei enquanto ria.

- Ah tá! Falou a certíssima que já tá cuidando do outro corpinho faz tempo. - disse revirando os olhos.

- Opa! - eu caí na real - Quem sou eu pra dizer né.

- Mas e aí, Bá. Você sabe o que ela vai dizer pra ele?

- Ela não tocou neste assunto comigo. Eu imagino que ela nem tinha pensado nisso direito ainda...

- Mas será que ela vai falar sobre vocês duas?

- Não sei, Gui. Mas imagino que não tenha necessidade de contar, afinal, este casal já tinha problemas suficientes antes de eu aparecer na vida dela.

- É, realmente... Pelo que você me contou, você só chegou pra abrir os olhos dela.

- É o que ela sempre me fala... - lembrei - De qualquer forma, estou começando a ficar nervosa agora que sei que eles estão ali.

- Calma, ela vai se dar bem.

Como eu queria saber o que se passava naquele restaurante neste exato momento...

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_____________Giovana_____________

Eu estava tentando passar o máximo de tranquilidade. Mas, por dentro, eu estava uma pilha. Patrick estava quase chegando e eu mal sabia como conversar com ele. Quando avistei seu carro se aproximando, avisei a Bárbara e respirei fundo.

- Oi, Patrick. Foi difícil achar aqui?

- Oi, linda! - disse me abraçando - Não foi não, o GPS me mandou certinho pra cá.

- Que bom que não teve trabalho. Vamos entrando?

Ele segurou minha mão e atravessamos a rua em direção a porta principal. Meu coração estava disparado, e minha cabeça a mil. Ver ele ali do meu lado estava me deixando mais sensível à situação. E eu já não sabia o que fazer...

- Este lugar parece ser ótimo! - ele comentou.

- É um dos restaurantes que mais gosto daqui. Além de bonito, tem uma comida ótima.

Sentamos em uma mesa do canto, próximo a uma janela. Fizemos nossos pedidos e, depois de alguns minutos, percebi que dali eu conseguia ver a Bárbara e seu amigo, mas certamente ela não conseguia e ver, já que a minha janela era quase que na altura dos meus olhos.

- Me conta como foi a viagem, Patrick

- Um pouco cansativa, porque vim direto do trabalho, mas foi tranquila.

- Que bom. E como estão as coisas por lá? Como vai sua família?

- Tá tudo bem, também. No trabalho, nada novo. Meus pais estão bem, te mandaram um grande abraço. E meu irmão aparece de vez em quando pra visitar a gente, mas está cada vez mais ocupado no consultório dele.

- Manda abraços meus pra eles também.

Continuamos falando um pouco mais, eu me inteirando de como andava a vida lá na cidade dele, algumas fofocas também, nada muito importante.

- Mas e a vida aqui, como está?

- Tá tranquilo, na medida do possível, mas ando um pouco nervosa com algumas coisas, o que me fez refletir sobre toda a minha vida, e é por isso que eu queria conversar com você.

- Como assim? Então me fala.

Após alguns minutos, já que tínhamos sido interrompidos pelo garçom que trazia nossos pratos, eu falei:

- Não sei, eu percebi que na correria do meu dia-a-dia eu pensava que não tinha tempo pra visitar você com frequência, e me culpava por isso... Depois comecei a perceber que talvez, se a vontade fosse grande, eu conseguiria.

- Quer dizer, você não tem vontade de me ver?

- Não é só isso. Eu sei que pra você também não fazia muita diferença eu estar lá ou não. A gente mal se fala e...

- Mas, Giovana, eu te amo.

- Patrick, não é bem assim. Eu também te amava, muito. A diferença é que eu soube reconhecer agora que acabou.

- Cara, eu saí lá da minha cidade, pra te visitar, pra ver e passar um tempo com você. Você não pode fazer isso comigo.

- Você nunca quis me visitar. Talvez, se tivesse este tipo de atitude quando ainda era tempo, nós continuássemos juntos hoje, mas você escolheu a hora errada para isso, quando eu já tinha caído na real.

- Eu não sei o que te dizer... Eu mal cheguei de viagem e você já está me recebendo desta maneira. Nem to acreditando, na verdade.

- E você queria o que? Que eu ficasse disfarçando e fingindo até o dia de você ir embora? Você me conhece e sabe que eu não sou assim.

Ele continuou calado, parecia que estava digerindo ainda tudo aquilo.

- Enfim, Patrick, eu não iria te deixar na mão. Eu reservei um quarto de hotel o fim de semana todo, pra você ficar o quanto precisar.

Patrick nem terminou de ouvir e saiu do restaurante em disparado, me deixando ali sozinha.

- Patrick, espera!! - eu falei, o que não o impediu de ir embora.

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No meio de tudo, Você!Onde histórias criam vida. Descubra agora