Capítulo 40 - Um pôr do sol

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Naquela tarde, estávamos na areia novamente, desta vez os meninos estavam sentados com a gente e conversávamos sobre diversas coisas. Em dado momento, percebi o rosto de Giovana se fechar repentinamente, foi quando avistei Manu andando por ali. Por sorte, ela não nos viu ou não se importou em aproximar-se novamente.

— Tenta não ficar irritada. — falei — A gente merece desestressar e aproveitar este feriado — completei com um selinho em seus lábios.

Ela sorriu e concordou.

Gio sugeriu que fossemos assistir ao pôr do sol no topo de um morro que ficava ali próximo, e todos achamos uma ótima ideia, deveria ter uma vista encantadora.

Então saímos dali e fomos até a casa para tirar a areia e a água salgada do corpo antes de subirmos pra lá. Gio pegou seu carro e fomos estrada acima, até chegarmos até o topo, onde descemos e nos sentamos.

Tudo estava tão maravilhoso, ali perto estava uma rodinha de amigos bem good vibes que, dentre outras coisas, tocavam e cantavam algumas músicas com a ajuda de um violão. E nós aproveitávamos o som ambiente para completar aquele cenário perfeito.

Eu e Gio estávamos sentadas sobre uma canga, com os ombros e cabeças colados enquanto cantarolávamos baixinho — o grupinho até que mandava bem no mini-lual — e o sol se punha. Quanto aos meninos, nem reparei. Creio que também deveriam estar presos dentro de seus próprios mundinhos curtindo o momento. Se não, com certeza estariam julgando aquela melação toda entre nós duas.

Ficamos até pouco depois do sol desaparecer de vez. Agradeci à minha amada pela grande ideia de um fim de tarde perfeito. Pedro resolveu que ele e Gui fariam o jantar, para fechar a noite com chave de ouro, então decidimos que era hora de ir.

No caminho de volta, fui surpreendida com uma mensagem:

Ainda tenho seu número gravado, acredita? Olhei que a foto do perfil ainda era sua e fiquei feliz por você não ter trocado. Manu

Por incrível que pareça, eu também tinha o número dela. Desde meu primeiro smartphone que os contatos ficam salvos na nuvem e eu nunca apaguei nenhum. Preciso fazer isso um dia, inclusive. — me peguei presa nestes devaneios, quando outra mensagem chegou:

Eu adorei te encontrar, você nem imagina. Aliás, tínhamos deixado alguns assuntos pendentes para a próxima vez que nos víssemos. Vamos marcar algo? PS: você está ainda mais linda do que eu lembrava.

Senti um frio subindo em cada vértebra do meu corpo, sério que ela teve a cara de pau de me mandar isso? Depois de tanto tempo, ela realmente achava que o assunto ainda estava pendente? Inacreditável.

Pensei em simplesmente apagar as mensagens e ignora-la, mas minha consciência não me deixava. Eu sempre fui muito sincera e transparente, não poderia conviver sabendo que ocultei algo assim dela. E, não só por minha consciência, mas ela também merecia saber de tudo, e saber que eu não tenho nada a esconder.

Deixamos os meninos no supermercado, que ficava a umas 3 quadras de casa. Dissemos que esperaríamos, mas eles insistiram que queriam voltar caminhando, então fomos pra casa antes. Até parece que eles adivinharam o momento pra isso.

— Amor... — eu disse já dentro de casa — Talvez você tivesse razão. A Manuela me mandou mensagem.

Ela parou o que estava fazendo e me olhou, me dando toda a atenção, e esperando por mais.

— Eu não respondi. E nem vou. — passei o celular a ela para que pudesse ler.

— Assuntos pendentes? Ela está insinuando o que eu estou pensando?

— Não exatamente, mas, no fundo, sim.

— Eu não quero te dizer o que fazer, nem nada, mas... Talvez fosse bom você responder, não acha? Assim ela se liga de vez que você não está disponível e não tem volta...

Refleti por um segundo e respondi:

— Você tem razão de novo. Eu vou responder.

Pensei bem na melhor e mais categórica forma de dizer, digitei e enviei, na esperança de que ela entendesse já de primeira e nem tentasse um novo contato. Mas algo me dizia que não seria tão simples...

Os meninos voltaram com as compras e começaram os preparos. Oferecemos ajuda mas eles negaram todas as vezes, até que desistimos e fomos para a sala, nos recostar no sofá e assistir algo. Não sei quando foi, só sei que cochilei nos braços aconchegantes da Giovana.

Quando ouvi os meninos chamarem, abri meus olhos e encontrei um sorriso gostoso da minha amada em minha direção.

— Dormiu bem, lindinha? — perguntou, me deixando um beijo na ponta do meu nariz.

— É, acho que sim... — sorri de volta.

Peguei meu celular e vi o nome de Manuela na tela. Não quis abrir e me incomodar naquela hora. Deixei ele ali e fomos jantar.

— Isso aqui tá uma delícia — eu comentei.

— Hmm... Não é como o venerado restaurante de ontem, mas realmente tá agradável — respondeu Gui.

— Imagina. Se quiserem, podem ficar à vontade para cozinhar todas as noites, né, mozão? — brinquei.

O clima estava delicioso, descontraído. Agradeci pela ideia de passarmos esses dias juntos, estava sendo incrível, apesar de alguns pesares. Terminamos o jantar, conversamos um tempo e, devido ao horário, subimos para os quartos.

— Alguma resposta? — Giovana me indagou, curiosa, enquanto nos preparávamos para deitar

— Não. Quer dizer, sim, mas eu ainda nem olhei. — respondi, enquanto procurava por meu celular pela cama. Percebi que tinha deixado ele na sala.

— Acho que deixei meu celular lá embaixo, vou atrás dele. — dei um selinho nela, e desci.

Peguei meu celular e vi que tinham mais mensagens do que antes. Bloqueei a tela, respirei fundo e subi.

No meio de tudo, Você!Onde histórias criam vida. Descubra agora