Capítulo 62 - Euthanasia

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“Mas o quê que se passou?” perguntei aflito. Só via Mia começar a chorar de novo.

“Quando cheguei estava tudo bem” informou o Liam. “Vim trazer a roupa para a Rose que o Sr. Brown me entregou e uma enfermeira disse que estava tudo bem com elas.”

“Não percebo nada já!” disse a Mia desesperada

“Então somos dois” esclareci. A porta do quarto abriu-se e de lá saiu uma maca com um pano branco por cima e muitas máquinas. Os enfermeiros empurravam o mais rápido possível e corriam pelo corredor fora. Era uma visão terrível. A maca era afastada cada vez mais e a pessoa nem sequer se mexia. Parecia sem energia, sem vida. Levava uma mão ao pendurão que eu sabia perfeitamente de quem era. Com o choque caí de joelhos e senti a mão de alguém no meu ombro. Harry. “É ela” sussurrei e logo senti os olhares caírem sobre mim.

“Como sabes?” falou o Liam.

“Entra no quarto” respondi e ele assentiu.  Levantámo-nos e fomos todos para o quarto. Abri-mos a porta e lá estava a cama vazia e cortinas arredadas. O Liam correu até a Rose que estava lavada em lágrimas. Encontrava-se já com roupa para sair e sentada no fundo da cama. Todos se aproximaram da Rose e eu optei por me sentar no fundo da cama em que, há momentos, estava deitada a minha Ellie. Passei a minha mão pelo lençol que ainda estava morno.

“Que se passou?” perguntou a Mia enquanto passava a mão pelo cabelo da amiga que, agora, estava bem mais calma.

“Foi tudo tão rápido.” Ela explica. “Estava aqui a acabar de me vestir para ir embora quando ma das máquinas da Ellie dispara. Eu em pânico só clico no botão de emergência dela para terem a certeza que era importante.” Pausou para respirar . “Já tinha carregado uma vez esta noite.” Ela acrescenta.

“Então, que se passou?” insistiu a Mia

“Durante a noite sentia a respiração pesada dela. Eu sabia que ela estava a fazer um esforço para respirar. Então aproximei-me dela e segurei na sua mão livre. Quando reparei ela tinha aberto os olhos. Ao ver que ela tinha acordado cliquei no botão de aviso aos enfermeiros. Não pude deixar de me sentir feliz com isso. Ela largou a minha mão para pegar na máscara e afastá-la da boca. Queria evitá-lo, mas ela não deixou. Após uns segundos ela respirou fundo e perguntou ‘O Niall?’ e eu não pude deixar de sorrir de novo. Disse-lhe que estavam todos bem para ela não se preocupar. Ela ainda tentou falar mais algumas vezes mas percebia-se que já não conseguia respirar. Pus-lhe a máscara de novo e ouvia uma das máquinas a fazer um bip mais atrasado. Era a máquina dos batimentos. Nesse momento entraram os enfermeiros de rompante e começaram a aumentar alguns valores. Voltei para a minha cama como me mandaram e eles garantiram que estava tudo bem. Uma delas disse-me que iam tentar ceda-la para ver se não sentia tantas dores e conseguia dormir. Eu, ao ver as coisas normais fui descansar. Só há um bocado é que fiquei chocada com aquele Bip constante e carreguei no botão de novo. Lá vieram os enfermeiros e até o médico. Fiquei tão assustada. Só sei que os enfermeiros começaram a falar alto... diziam coisas do tipo ‘estamos a perdê-la’ e ‘Não vai resistir.’ E logo a meteram numa maca e junto com as máquinas as quais ela estava ligada saíram a correr. Só tive tempo de pedir que a cobrissem com o lençol e uma das enfermeiras concordou. Depois entraram vocês.” Ela já soluçava cada vez mais. Eu não podia perder a razão dos meus sorrisos.“Ela estava tão preocupada com o Niall”. Olhei a amiga da minha amada e logo percebi que me olhava séria.

“E eu estou com ela. Mas não a vamos perder. Conheço bem a peça... ela vai o mais que conseguir.” Eu sorri forçadamente assim que pus os óculos na cara. Prometi que me mantinha firme por ela e vou manter a promessa.

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