Capítulo 4 - Fuga

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Corro até ao corredor e percebo que são as gêmeas. Quando lá chego percebo que é Jéssica a saltar em cima da cama e Tâmara resmungando porque precisa de silêncio para escolher a roupa.

“ Mas que confusão é esta?”

“Bom dia El, é a Tâmara” grita Jéssica saltando ainda. Olhei para ela com um ar sério e ela logo parou se sentou-se no fundo da cama a olhar para Tam que continuava a procurar algo na gaveta.

“Bom dia Tam, o quê que estás aí a procurar?”

“Mana preciso da minha camisola da hello kitty”

“ Ó anjinho, ela está no armário, não na gaveta das t-shirts. “ Digo eu enquanto procuro a camisola, entrego a ela e arrumo a gaveta.

“Ellie” chama-me Jess “ sabes aquele rapaz de ontem do parque? “ assenti afirmativamente com a cabeça “ele ela tão simpático. O papã era assim ? “ Eu sabia que ela ainda pensava em como seria o pai em termos de atitudes. Sentei-me no fundo da cama e coloquei cada uma delas em cima de uma das minhas pernas.

“Bem, o pai também era simpático. Era inteligente, e quando eu era da tua idade ele também brincava comigo à bola.” Fiz uma pausa e sorri “ Mas não era lá muito bom” Mal disse isto elas perderam-se a rir  e depois correram até à casa de banho para irem brincar na espuma como tanto gostam logo pela manhã.

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Já é quinta-feira. Hoje é dia de atuação no bar onde costumo ir cantar. Hoje vou só eu. Os outros decidiram que iam estudar. Decidi levar a guitarra e dar uma noite mais calma. Normalmente as terças e quintas são os dias mais calmos da semana. As pessoas saem cansadas e frustradas do trabalho e passam aqui entre as 19 e as 21 para nos ouvir e descontrair enquanto bebem o whisky ou um café. Hoje também não estou para muitas festas. Ontem a Jéssica caiu na escola e passamos a noite nas urgências. Resultado: Ela agora está bem melhor do mau jeito que deu, e eu estou cheia de sono.

As pequenas princesas estão na escolinha delas e a minha avó disse que ia ao lar de idosos jogar umas cartadas com os amigos durante a tarde antes de as ir buscar às 18. Olhos para o relógio do telemóvel e vejo “ 15:00” marcado no telemóvel. Vou mas é sair um pouco e comprar umas coisinhas para o pessoal lá em casa, e umas roupinhas para mim que já há quase 1 ano que não compro nada.

Lá fui eu pela avenida fora. Lojas de um lado, lojas do outro. Umas mais caras, outras mais baratas. Umas de comida e as outras de roupa. Havia de tudo naquele sítio. Andei uns belos metros e decidi parar em frente à loja de CD’s do John um amigo meu. Estava a tocar algo de uma banda que não me é desconhecida. Chama-se One Direction. O John diz que tem vendido centenas de CD’s por semana o quiosque que ele abre aos fim de semana na avenida principal da cidade, junto ao parque. Já ouvi várias músicas da banda e sinceramente adoro o trabalho deles. Saiu estes dias o videoclip de uma das músicas deles a You&I e só sei que adoro. Acho que vou cantar essa música esta noite no bar.

Distraio a minha atenção dos meus pensamentos quando olhos para a entrada da loja e vejo um rapaz entrar. Uma sweat azul, calças azuis escuras e umas Nike air max. Vem com óculos de sol na cara. Este estilo conheço de algum lado. Mas nem consigo ver a cara dele. Parece que a está a esconder. A primeira coisa que ele faz é pecar no CD “midnight memories “ da banda que falei há pouco. Ele sorri ao dar conta que está a tocar Story of my life na radio da loja. De seguida pousa o CD e olha para mim. Bem, desviei o olhar. Odeio que deem conta que estou a olhar para essa pessoa. Espera? Mas porquê sequer que estou a olhar? Vou até ao John e entrego-lhe o CD de instrumentais com músicas variadas para aprender a tocar para logo.

Guardo o troco e ao sair na loja o rapaz de há pouco está encostado na parede ao pé da porta. Ele apenas olha para mim e depois para o chão enquanto sorri. E aquele sorriso também não me é estranho.

“ Olhe, desculpe, mas eu conheço-o? “ Ele olha para mim e sorri.

Quando ia a abrir a boca para falar só se ouve um grito histério de umas miúdas a dizer “ Ó meu deus, é ele!” e seguida vejo o rapaz a começar a correr para se esconder.

Não sei como o ajudar mas corro atrás dele sem ele dar conta. Ele estava mesmo aflito. Sentia-o na sua respiração. Era a única coisa que se ouvia aqui no beco para onde viramos para ele se esconder. De repende chegamos ao fundo do beco. Não havia mais saída, mas também nem sinal das miúdas.

Quando ele para, vira-se para trás e olha para mim. Percebi que ele não queria que estivesse ali. 

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