Capítulo 60 - Homeless

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Já passou o dia quase todo. O médico disse que só a partir das 20 é que podíamos entrar no quarto. Por isso, mesmo obrigado pelos meus amigos, fui até casa duas horitas à tarde. Fui tomar banho e certificar com o Paul que sempre tínhamos estas 2 semanas e meia para relaxar. Ainda levei a dona Luh a casa para que ela ficasse com as meninas. Prometi que a levaria no dia seguinte de volta ao hospital. Neste momento voltei para casa da Ellie. Eu normalmente vou para a Irlanda quando não tenho nada para fazer. Mas desta vez é diferente. Expliquei à minha mãe o que se passou e ela garantiu-me que ela tinha férias de uma semana daqui a dois dias e que vinha ter comigo. Aproveitei e fui para o apartamento que comprei no inicio da nossa carreira. Eu nunca gosto de estar sozinho e por isso é que vou a casa, mas desta vez preciso de um lugar para nós. Arrumei alguma roupa no armário e pedi a dona Luh que comprasse comida. Sim, elas veem viver comigo estes dias. Estão mais seguras e assim sei que a Ellie fica descansada.

Neste momento, estou na casa da Ellie à espera que as senhoras da casa preparem alguma roupa para levarem por uns dias. Quando reparo no fundo do corredor lá estava a porta toda riscada. Não sei se havia de entrar lá, mas sei que o meu corpo se moveu em direção a porta. Aparece a avô no fundo do corredor que me olha com receio.

“Horan, nunca nenhum rapaz entrou aí.” Ela esclarece e eu sorrio-lhe

“Eu só preciso de estar com ela.” Pedi e ela assentiu indo até ao quarto das pequenas. Do nada rodo a maçaneta da porta. Entrei no pequeno quarto rosa. O perfume dela era o único aroma neste ar. O quarto era tão bonito. Tinha umas borboletas de espelho coladas na parede. A sua mobília era branca e simples e ocupava grande parte do quarto. As cortinas eram brancas e rosa, tal como o edredom e almofadas que enfeitam a cama. No canto do quarto tem uma pequena secretária e do seu lado uma mala que possivelmente contem a sua guitarra acústica. Pego na pequena cadeira e sento-me vendo o que ela tem em cima de secretária. Alem do candeeiro e de um portátil estavam lá fotografias penduradas num pequeno cordão e também papeis em cima espalhados. As fotografias eram tão queridas. Em algumas estavam as suas irmãs quando pequenas, noutras ela. Também aparecia a sua avó e uma fotografia de uma senhora lindíssima que me lembro de ver na sala. É muito parecida com as gêmeas, por isso calculo ser a mãe delas. Nas folhas estavam escritas frases e uma por baixo chamou à minha atenção. Era uma folha de música com acordes. Peguei na sua guitarra e comecei a tocar a melodia. Não sei, estava simplesmente magnífica. Não sabia que a Ellie tinha tanto jeito assim. Peguei na folha e dobrei-a metendo-a, posteriormente,  no bolso das calças. Vou arranjar uma letra para ela e tocar para a Ellie. Ela vai adorar.

Levantei-me e andei pelo quarto e encontrei uma pequena caixa de música. Abri-a lentamente e uma pequena bailarina começava a dançar. Por dentro havia um forro cor de rosa com purpurinas e a tampa era em espelho. A Bailarina dançava sobre um lago, segundo a visão do espelho. Dentro dos pequenos compartimentos, encontrei pequenas pulseiras e uma fotografia. Esta era a que tiramos no dia da praia com a polaroide. A selfie de grupo tinha ficado muito bem mesmo. Mas houve outra coisa que ainda me chamou à atenção. Tinha uma palheta branca com as letras N.H. em preto e uns desenhos já gastos. Esta palheta era minha. Era a minha primeira palheta com iniciais. Num concerto muito especial, decidi dar ao público. Não sei como ela veio parar aqui mas foi ótimo rever a minha amiga. Debaixo dela tinha um cartão que dizia ‘Para não te esqueceres dele na tua música. X Rose’. Agora percebi. Como a Rose é directioner deve ter apanhado a palheta e deu à amiga. Eu sabia que ela me ia dar sorte um dia.

No meio de tanta paz fecho a pequena caixa de música e sento-me na cama inalando o ar que tanto tem o seu cheiro. A porta abre-se lentamente e logo olho para a pequena princesa de vestido que entra para dentro.

“Obrigada pelo presente meu príncipe. As tuas amigas disseram que tu nos compraste esta roupa nova e pagaste o nosso saboroso gelado.” A Tâmara disse enquanto eu a sentava no meu colo. “Tenho uma coisa para ti.” Ela diz sorridente e abre um desenho. “Este és tu, aquela é a Ellie e esta sou eu” ela aponta para três figuras num desenho que presumo ter sido ela a fazer. “Um dia quero ter uma família normal. Os meus amigos têm mãe e pai e manas. Eu só tenho manas” ela diz baixando o olhar.

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