Ravenna

02.

este capitulo foi revisado e editado.

Tudo aconteceu de forma repentina, não houve uma preparação para aquele puxão que experimentei em meu sono. Logo, já não o sentia mais, substituído pela sensação fria do toque de meus pés descalços sobre o chão dourado.

Onde estou?

A cúpula era coberta de ouro com desenhos espirais cravados nas paredes. No centro do lugar, um homem trajando uma armadura dourada estava concentrado observando estrelas, seus olhos dourados brilhavam hipnotizados pelos corpos celestes, porém, sua postura continuava rígida como um guarda.

Observá-lo por muito tempo fez com que sentisse pontadas fortes na cabeça, elas incomodavam tanto que tive que fechar os olhos para tentar me concentrar.

- Quem é você? - a voz grave do homem preencheu o lugar, fazendo-me pular com o susto. - É inútil ocultar-se de meus olhos - ele se virou lentamente enquanto empunhava uma espada longa, igualmente dourada, exatamente como todo o ambiente. - Não seja covarde, se escondendo atrás da magia. Apareça!

Dei alguns passos para trás, tentando inútilmente fugir do homem que segurava a arma de forma ameaçadora, se aproximando rapidamente até que sua espada chegasse perto o suficiente para quase atingir meu pescoço.

Por causa da proximidade, consegui observar com mais atenção aqueles olhos dourados que analisavam o ambiente. Até que algo mudou. Suas íris douradas se arregalaram, substituindo o olhar feroz por algo mais próximo de surpresa, fazendo-o hesitar em atacar.

Apesar de sua hesitação, continuei me afastando até minhas costas tocarem na parede atrás de mim. Senti meu coração descompassado; minha respiração acelerada evidenciava o pânico.

- Quem é você? - ouvi-o sussurrar, sua face demonstrava o horror do momento.

E antes que pudesse pensar sobre isso, senti o puxão novamente me levar para longe.

Ao despertar, experimentei uma enxaqueca quase instantânea, além da cabeça, meus músculos gritaram pelo incômodo do movimento que fiz para me levantar. Deixo a cama, enquanto me apoiava na cômoda ao meu lado, encaminhando-me diretamente até o banheiro, onde lavei o rosto rapidamente.

As olheiras não pararam de escurecer, meu cabelo naturalmente preto estava opaco, apesar dos meus esforços, ele parecia sem vida, assim como o resto da minha aparência.

Decido, somente por hoje, ignorar a visão pavorosa refletida no espelho, vestindo-me rapidamente com uma calça jeans larga e um cropped escuro de manga longa, além de um coturno preto.

Em algum momento da reflexão sobre minha aparência, Pepper adentrou o quarto com um sorriso contido. Ao notar que eu observava, ela sentou-se sobre a cama desarrumada.

- Bonjour, belle au bois dormant - tentou dizer, mesmo com seu forte sotaque estadunidense. - Espero que tenha dormido bem, não é uma viagem curta.

- Não tinha como ter dormido melhor...

As próximas horas passaram como um raio, sequer me lembro de fazer alguma coisa que não seja organizar minhas coisas pela milésima, talvez Pepper tivesse falado comigo, porém somente lhe dei respostas monossilábicas. Em breve, deixaria o lugar que considerei como uma casa por tanto tempo, ainda não tinha sentido o peso de saber que estaria em um país completamente diferente, cercada de pessoas que não conheço, vivendo numa casa que não é minha... Isso é assustador.

Minhas mãos suavam de nervosismo quando o motorista contratado por Potts interfonou para adentrar o prédio, ele carregava a minha pouca bagagem até o porta-malas do carro escuro, não demoramos para também nos direcionarmos para fora do apartamento.