05.

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este capítulo foi revisado e editado

Não precisava ser um gênio para perceber que Stark havia bebido demais, ele tinha o andar trôpego e a fala arrastada, além de exalar um forte cheiro de álcool.

- O que está acontecendo, Stark?

- Não é óbvio? Thor voltou para Terra, ou Midgard como ele insiste em chamar. - o homem parecia afetado, as palavras saiam de sua boca como se doessem.

- Pensei que ele tivesse voltado para a tal Asgard.

- A bebida finalmente começou a afetar seu raciocínio?

- Por que não vai receber seu amigo? ㅡ ignorando a resposta mal criada que havia me dado.

- Porque não quero, ele sabe onde nos encontrar.

Tony suspirava alto olhando fixamente para a televisão que estava presa na parede à nossa frente, fazendo-me questionar o motivo pelo qual ele começou a agir assim. Imaginei que Thor fosse um de seus amigos, algo nesta visita incômoda o bilionário.

- Qual será a reação dele ao descobrir que a equipe se dividiu? - o homem sussurrou, talvez a intenção fosse que não escutasse, porém ainda assim decidi respondê-lo.

- Ele terá que aceitar. Não é possível manter uma equipe com integrantes fugindo do governo.

- Essa merda é tão complicada! - exclamou levando as mãos até a cabeça. - Banner desaparecido, Steve acobertando um assassino, Visão deprimido por causa da Wanda... Estou esquecendo algo? Ah sim, tem o Ross enchendo meu saco.

Não entendi uma palavra do que foi dito, contudo assenti tentando parecer interessada em seu desabafo.

As portas do elevador se abriram, revelando um homem, ou melhor, um deus extremamente musculoso com uma capa vermelha que se movia quando andava em passos duros na direção de Stark, sendo realmente mais bonito pessoalmente, um muro de músculos cobertos por uma armadura.

- Vejam quem retornou para os reles mortais.

- Stark, senti saudade desse seu jeito. - o loiro se aproximou sorrindo pro bêbado estendendo os braços para um abraço de urso.

O aperto do abraço durou quase um minuto pelas minhas contas, continuei sentada observando os dois, quase comovida pelo belíssimo reencontro entre os dois, sendo o bilionário aquele que afastou-se primeiro, logo depois Thor se jogou na poltrona de couro ao meu lado, e pela primeira vez naquela noite, a parede de músculo ambulante finalmente pareceu notar minha presença.

- Perdão minha completa falta de educação, senhorita... - o deus falou questionando qual seria meu nome, se aproximou pegando minha mão beijando-a levemente.

- Beaumont, Ravenna Beaumont. - pronunciei meu nome, percebendo também que o sotaque havia ficado mais forte.

- Ravenna? - não gostei de seu tom surpreso, não é como meu nome fosse tão incomum.

Thor continuava mantendo seus olhos azuis focados na minha pessoa, confesso que comecei a ficar desconfortável.

- Estou surpreso em vê-la aqui, pensei que seria mais difícil. - ele comentou, encostando suas costas na poltrona enquanto ainda me encarava. - O destino realmente pode ser bem travesso quando quer.

- Conhece ela? - o bilionário tirou as palavras de minha boca, afinal me lembraria de ter conhecido um deus.

Quando achei que fosse explicar toda aquela situação constrangedora, ele se interrompeu após as portas metálicas do elevador revelarem Pepper Potts, sorrindo e completamente alheia a estranheza do momento.

- Thor! Pensei que tivesse desistido dos humanos. - deu-lhe um abraço mais moderado, ela sumia nos seus braços devido ao tamanho colossal do deus

- Asgard é minha casa, mesmo assim, nunca abandonaria Midgard. Onde estão os outros? Em alguma missão?

ㅡ Muita coisa aconteceu desde que você foi embora...

ㅡ Que tipo de coisa?

Sabe quando você percebe que seu instinto está gritando que deve fugir de algum lugar? Essa foi minha sensação.

Sorrateiramente peguei uma garrafa qualquer de alguma bebida, caminhando discretamente até o elevador apertando o botão para voltar para meu andar. Deixei que resolvessem seus problemas sozinhos, prefiro ficar quietinha esperando que se acalmem pois prevejo gritos.

Talvez tenham se passado horas, a única coisa que eu sabia era que havia uma garrafa de uísque vazia jogada ao lado da cama. Não estava bêbada, acho que nunca cheguei a embriaguez, minha resistência alcoólica é um dos fatos que me motivam a continuar bebendo cada vez mais, nunca encontrei um limite, sequer tinha ressacas.

Minha consciência dizia que deveria levantar e conviver com os demais, meu corpo era preguiçoso e adorava a ideia de ficar o dia todo deitada. Quase conseguia enxergar o anjo e o diabo nos meus ombros dizendo o que deveria fazer. Agora fazia sentido o porquê de todos falarem que o bem sempre vence, pois tomei a decisão de ouvi-lo enquanto escutava o diabinho reclamar ao mesmo tempo que saia da cama.

Deixo o quarto descendo até a cozinha para preparar algo pra comer, quando cheguei encontrei um homem desconhecido, usando uma calça jeans e um suéter, contudo o que chamou minha atenção foi sua pele vermelha e a jóia brilhante em sua testa.

Este é Visão? Lembro-me de vê-lo na televisão quando foi anunciado como novo vingador. Naquela época, sua voz era calma, o rosto rígido com poucas expressões faciais, porém agora parecia cada vez mais humano com seus sentimentos transbordando pela fala.

- Bonjour. - ouvi o esquisito falar. - É um prazer conhecê-la senhorita Beaumont. Estava preparando um café da manhã de boas vindas, mas creio que não tenha dado certo.

- É por isso que esse cheiro está impregnado na cozinha? - questionei sentindo um fedor de queimado entrando em minhas narinas.

- Sim, o cheiro forte vem do queimado. - sua voz soava envergonhada. É tão estranho ver um robô com tantas emoções, me sentia dentro de Exterminador do Futuro.

- Deixe-me te ajudar nesta árdua tarefa. - falei chegando perto da frigideira jogando o desastre carbonizado no lixo.

- A senhorita sabe cozinhar? - o andróide se sentou no balcão em minha frente.

- Não pareça tão surpreso. - busquei na geladeira alguns ovos para fazer uma omelete. - Morando sozinha durante tanto tempo é necessário saber cozinhar o básico. Não sabia que você cozinhava.

- E obviamente não sou bom nessa tarefa.

- Se eu aprendi, qualquer um aprende.

- Onde a senhorita aprendeu?

- Quando não estava trabalhando e resolvendo seus dramas, minha mãe gostava de cozinhar, mesmo que não fosse uma boa cozinheira, acabei aprendendo o básico.

- Parece divertido, ela deve adorar vê-la cozinhando.

- Acho um pouco difícil já que está morta.

- Sinto muito, não tinha conhecimento disso e...

- Não se estresse com isso, está tudo bem.

Ficamos os próximos minutos em silêncio, ambos concentrados no café da manhã que eu tentava não carbonizar.

- Quer provar um pouco de comida americanizada e superestimada?

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