Ravenna

08.

este capítulo foi revisado e editado

Não sabia exatamente quanto tempo fiquei dormindo ou o que estava acontecendo fora das paredes do meu quarto. De certa forma, também agradecia por estar escondida naquela escuridão causada pelas cortinas fechadas que bloqueiam qualquer forma de luz, pois isso me impedia de enxergar minha aparência desleixada com os olhos borrados, além de ter o cabelo repleto de nós descontrolados.

Não ficaria surpresa se fosse confundida com alguma bêbada de festa, eu realmente estava acabada.

O único empecilho era a fome que sentia já que não havia comido nada desde que fui para a festa. Pura negligência da minha parte. Agora sentia tontura pelo tempo sem ter ingerido nenhum alimento.

Ignorando qualquer pensamento que me mandasse de volta para a cama, afastei os lençóis do meu corpo para encostar os pés no chão frio do quarto.

Quase fiquei cega por causa da luz que bateu nos meus olhos quando afastei as cortinas para permitir que o sol entrasse no lugar.

Vesti algum moletom velho que provavelmente foi roubado de Vittorio quando ainda namorávamos, logo depois retirei qualquer resquício de maquiagem do meu rosto com um lenço umedecido enquanto caminhava para cozinha da Torre.

Assim que cheguei, notei que o lugar estava completamente vazio, decidindo andar até os armários para achar algo minimamente comestível.

- Bonjour F.R.I.D.A.Y. - cumprimentei a inteligência artificial que Tony criou para cuidar da Torre e também ser sua babá.

- Olá madame Beaumont, posso ajudá-la? - a voz robótica ecoou pelo lugar com um estranho sotaque comum de New York.

- Onde estão todos? - questionei mexendo nos armários, não encontrando nada que pudesse saciar a fome que sentia. - E tem alguma coisa que eu possa comer por aqui?

- Sr. Stark está no andar da oficina; Sra. Potts está trabalhando e o Sr. Odinson está saindo do quarto. - fez uma pausa rápida, quase como se tivesse analisando uma resposta para minha pergunta. - Se for de seu agrado, há alguns ingredientes para fazer um sanduíche na geladeira.

Após finalizar o sanduíche, sentei-me no balcão de mármore para comer enquanto ouvia passos pesados que imaginei que fossem Thor.

Ao adentrar o local, o deus olhou surpreso pela minha presença. Acenei para o loiro murmurando um "Bonjour", oferecendo um pedaço do meu sanduíche torcendo intimamente que ele perceba que só estou exercendo a educação que minha mãe me deu.

- Não estou com fome. - mentira. É quase engraçado como as pessoas realmente acham que podem mentir para mim.

- Ótimo. - sorri achando graça da mentira dele, voltando minha atenção totalmente para minha comida.

Thor continuava me observando como se fosse um animal raro, suas sobrancelhas estavam franzidas e os olhos semiabertos. Confesso que estava começando a me irritar com aquilo.

- Você parece com ele... - soltou em um murmúrio, fazendo-me olhar com a sobrancelha arqueada na sua direção.

- Do que você está falando?

- Preciso te dizer uma coisa muito importante, peço que me deixe terminar antes de julgar.

- Seja breve. - não poderia imaginar o que ele iria desejar falar, a gente se conhecia havia poucos dias, sendo que essa foi a maior conversa que tivemos desde que ele chegou.