XV.

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As estrelas brilhavam sob o olhar atento de Heimdall, guardando tantos segredos que ninguém seria capaz de compreender.

Seus olhos foram direcionados rapidamente até o mundo dos mortais, encontrando a dependência humana por objetos inanimados, morte e destruição do planeta. Humanos ignoravam a limitação de serem mortais com tamanha veemência que, por um segundo, questionou se aquilo era puramente ignorância ou somente desapego com a mortalidade.

Apesar de seus questionamentos sobre midgardianos, Heimdall focou seus olhos dourados somente nos acontecimentos referentes a missão de Thor, percebendo que a busca do príncipe pela filha de Loki estava completa, ambos se preparavam para voltar à Asgard.

Enquanto isso, os presos atrapalhavam a leitura de Loki com os gritos estridentes e linguagem obscena, juntando ao fato dos guardas não guardarem a língua dentro da boca, falando sobre uma garota que parecia ser filha de um dos filhos de Odin. O deus da trapaça aguçou os ouvidos para escutar com clareza o que diziam do assunto.

"É ridículo trazê-la, ela nem é uma de nós."

"O próximo passo é nos obrigarem a reverenciá-la." continuou o outro. "Eu me recuso, não irei me curvar diante dela. podem me prender porque não me importo, meus valores são maiores que tudo."

Desde que Odin o convocou para contar sobre a busca da suposta filha, o deus não havia pensado muito sobre a ideia de ter uma herdeira, Loki se recusava a acreditar, criando hipóteses de que ela seria um pretexto para controlá-lo, sendo uma artimanha bem articulada para enganá-lo.

A mente do trapaceiro tentava se recordar algum momento que justificasse tamanha consequência. Ele não poderia ter uma filha, não faria sentido, poucas vezes deixou de ser cuidadoso em relação a suas amantes. Viajando pelo passado, lembrou-se vagamente de uma mulher condizente com a situação, somente recordava de uma que poderia ter tido uma filha, e ela estava morta.

Por que ela não contaria sobre a gravidez?

Com a decisão tomada, o trapaceiro necessitava de liberdade para conseguir as respostas que queria.

Ravenna ainda sentia a tontura pela viagem na Bifrost, apesar da surpresa de vê Heimdall seja maior que seu incômodo.

— Ravenna, quero te apresentar o guardião de Asgard, Heimdall — o deus do trovão disse apresentando os dois. — Foi ele que me ajudou a encontrá-la.

— É um prazer reencontrá-la, princesa — a voz do guardião ecoou pela cúpula.

— Reencontrar? Nós nunca nos encontramos.

— Creio que esteja confusa, adoraria conversar com a princesa quando já estiver melhor estabelecida.

— Eu não sou uma princesa.

— Meu príncipe, tomei a liberdade de pedir dois cavalos para que possam ir até o palácio com tranquilidade.

— Agradeço, meu amigo — segurou com firmeza no ombro do homem.

O enorme palácio dourado moldava o lugar, mesmo que ainda fosse possível enxergar o vilarejo longínquo e pequeno aos olhos da garota. Aos seus pés, a ponte Bifrost estava brilhante e colorida como sempre, a altura para o abismo era gigantesca e ela imaginou como seria a queda daquele lugar.

— Ravenna? — escutou o deus do trovão chamar. — Consegue cavalgar?

ㅡ Faz muito tempo que não subo num cavalo.

Aproximou-me do cavalo de pelagem escura, olhando nos olhos do animal que abaixou a cabeça, fazendo com que a jovem levantasse a mão no intuito de acariciar a crina do bicho.

RavennaOnde histórias criam vida. Descubra agora