Tudo que conseguia enxergar era o vazio, rodeado pela escuridão e a queda eterna que o acompanhava como uma velha amiga. As vozes ecoavam pelo abismo que refletia agonia, sentimentos alheios inundavam minha mente, os pulmões que me permitiam a respiração estavam falhando ocasionando na crescente de desespero que chegou na minha cabeça.
Ainda que longínquo um pequeno ponto de luminosidade se aproximava lentamente, um passo de cada vez sentia a consciência retornando. Não estava mais no quarto que me foi designado, nem mesmo continuava nas ruas do reino. Respirando fundo, abro os olhos percebendo que estava deitada numa mesa rodeada de mulheres asgardianas e logo acima uma luz laranja parecia espelhar meu corpo.
Atravesso a luz quando levanto assustada por estar naquele lugar que até a pouco era totalmente desconhecido por mim.
— Acalme-se, princesa. Por favor, fique deitada.
ㅡ Está tudo bem, eu resolvo a partir daqui. ㅡ falou a mais velha entre aquelas mulheres. ㅡ É um imenso prazer conhecê-la, apesar da tristeza de ser nestas condições.
— Onde eu estou? — minha voz saiu fraca e rouca. — O que aconteceu?
ㅡ Imagino que esteja confusa, mas tentávamos descobrir o motivo pelo qual desmaiou.
Ainda assustada por está rodeada de desconhecidas, notei que todas usavam vestidos fechados e de cores claras com o cabelo preso em tranças semelhantes as de Gyda e Lena. A senhora que falou comigo parecia ser a mais velha entre as mulheres, já com seu cabelo branco como a neve, movendo os dedos, ela manipulava a luz laranja que voltou a ficar em cima de mim.
ㅡ Com que frequência esses desmaios vêm acontecendo? — perguntou focada na imagem alaranjada.
ㅡ O suficiente para começar a me preocupar, aconteceu de perder a consciência duas vezes no mesmo dia. E teve hoje...
ㅡ Sabe o motivo dessas perdas de consciência?
ㅡ Eu... ㅡ comecei sem saber exatamente como verbalizar. — É difícil explicar a sensação, é como uma força que cresce dentro de mim e precisasse sair, mas quando ela tenta causa dor e destrói coisas ao redor.
ㅡ Dor? Isso é novo. ㅡ respirou fundo mexendo no espectro. ㅡ Ravenna, você tem vivido em Midgard há quanto tempo?
Fiquei surpresa por ouvir alguém falar meu nome, todos os outros insistiam em me chamar por títulos.
ㅡ Durante toda minha vida.
ㅡ Já teve alguma doença humana ou sintomas que não podiam ser descritos pelos seus médicos?
ㅡ Nunca fiquei doente. ㅡ falei confusa pelas perguntas. — Quer dizer, eu não me lembro de ter ficado doente.
— Isso é estranho... — murmurou. — É como se mesmo sendo asgardiana, o que obviamente você é, algo fizesse com que seu organismo tivesse semelhanças com os dos mortais.
— Não sabia que era possível. — engoli a seco.
— E não é. — afirmou a mulher. — Isto está além de tudo que sei, não é natural.
A senhora me encarou e eu consegui ver a curiosidade e o receio de estar tão próxima de mim. Virou seu olhar para duas mulheres que estavam próximas à parede, logo ambas saíram discretamente.
— Onde elas foram?
— Somente irão buscar algo para mim, nada que deva se preocupar.
Ela estava nervosa, eu quase conseguia sentir isso, suas mãos se movia pela influência dos nervos e também tinha os lábios comprimidos.

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Ravenna
Fiksi Penggemar• Em processo de revisão • Ravenna Beaumont sente sua existência ser questionada quando perde o controle de seus supostos dons ainda tão desconhecidos, fazendo com que segredos antigos tenham que ser revelados para uma possível ajuda divina.