este capítulo foi revisado e editado
Desde que deixamos o aeroporto, Happy dirigia de forma calma apesar do trânsito interminável que se apoderava das ruas tumultuadas de Manhattan. Potts e Hogan tentavam me incluir na conversa animada que compartilhavam, porém a troca de fuso horário repentina fez com que o sono me vencesse, fazendo-me despertar somente quando nos aproximamos do enorme edifício que levava o nome dos heróis mais conhecidos dos Estados Unidos, a Torre Vingadores.
O carro luxuoso que estávamos foi estacionado na garagem particular do lugar, exibindo também dezenas de outros carros. Após saímos do veículo, Anthony Stark surgiu diante das portas do elevador, se aproximando da ruiva e a abraçando como se não a visse há anos, mesmo que ela tenha ficado somente uma semana em Paris.
- Foi um pesadelo sem você aqui. Tudo tão tedioso! - pressionou a ruiva em um abraço que foi retribuído com igual afeição.
Acho que ele deveria ser ator, nunca vi alguém fazer um drama tão convincente, afinal este homem tem um dom!
- Você vai se acostumar, eles são sempre assim. - disse Hogan quando passou por mim, indo até o carro pegando nossas malas.
- Procurem um quarto. - reclamei observando com certo desprezo o casal excessivamente feliz à minha frente.
- Ignore ela. Aposto que está com inveja que você tem uma ótima companhia. - retrucou Stark dando um selinho rápido na noiva.
- Inveja? Estou bem satisfeita com minhas companhias, se quer saber.
- Vou fingir que acredito e você finge que é verdade, okay? - ele falou em tom sarcástico. - Entrem crianças, alguém virá buscar as malas.
Tony me levou até meu quarto que possuía tons de cinzentos nas paredes, uma incrível estante de livros marcava presença por seu tamanho no canto do local, a cama coberta por lençóis cinzas não chamava atenção, mas era tão confortável que me forcei para não dormir durante todo o dia. O banheiro tinha uma elegância descomunal e a banheira extravagante clamava para que mergulhasse meu corpo nela, o que não demorei a fazer.
Ouvi o toque estridente de meu celular enquanto estava tentando relaxar dentro da banheira, estendendo a mão para pegá-lo senti meus lábios se esticando em um sorriso involuntário quando percebi que era Vittorio Castelli, um dos meus... Ah, quem eu quero enganar? Meu único amigo, não posso esquecer que ele também foi meu único namorado.
Não é como se ele me deixasse esquecer, as piadinhas sobre como foi o único homem que "aqueceu meu coração de pedra" pareciam não ter fim.
"Qu'est-ce que j'ai l'honneur de votre appel?" A que devo a honra de sua ligação? - cumprimentei, mantendo um tom sarcástico na voz.
"Que história é essa de morar nos Estados Unidos?!" soou exasperado, quase não consegui compreender o que dizia já que falava alto e rápido demais.
Caso estejam se perguntando, não faço ideia de como ele sabe disso, mas Vittorio parece ter olhos em todos os lugares. Talvez seja algo relacionado ao fato de ser um exímio fofoqueiro, tendo seus contatos espalhados por toda a Europa.
"Não finja que não sabia, eu já tinha te contado que queria me mudar."
"Ah, me perdoe por não lembra de algo que você comentou há anos!" exclamou indignado, fazendo-me soltar uma risada com sua descrença "Também não imaginava que seria tão rápido. Eu poderia ter oferecido meu apartamento..." meus olhos se reviraram com o que era dito pelo italiano.
"Honestamente, iria ser mais incômodo morar no seu apartamento onde mulheres entram e saem toda hora."
"Mulheres não entram e saem toda hora!" fez um barulho de escárnio, parecendo desaprovar minhas palavras. "Só nos finais de semana."
"Você é um babaca." afirmo com a voz amena.
"Que seja." nem mesmo precisava tê-lo ao meu lado para saber que havia revirado os olhos. "Pretende nos presentear com sua presença na festa de aniversário da Amber?"
"Mudou de assunto porque sabe que tenho razão. E sim, eu vou na festa da sua namoradinha Barbie."
Nem víamos a hora passar enquanto comentamos sobre a festa de Amber, uma patricinha que achou uma boa ideia ficar apaixonadinha por Vittorio.
Ela é mais uma herdeira rica vivendo na ostentação que o dinheiro pode trazer. Não que esteja julgando a garota, afinal também é minha vibe.
Existem três tipos de endinheirados que eu conheço: Aqueles que acabam virando CEO de algum multimilionária herdada dos pais, como é o caso de Vittorio. Aqueles que não fazem nada da vida, como a Amber ou até mesmo eu. E também há aqueles que fazem alguma coisa pela sociedade, costumo chamar isso de estilo Tony Stark. Eles juram que são benfeitores da humanidade, acreditam fielmente que fazem tudo que podem pelo próximo, entretanto ainda possuem grande parte da concentração da riqueza mundial armazenada nos bolsos.
Pelo menos, pessoas como eu e Amber somos honestas quanto aos nossos verdadeiros objetivos de vida.
Após encerrar a ligação saio da banheira me enrolando em um roupão felpudo, escolho vestir um short jeans de lavagem cinza com uma camiseta preta.
Decido visitar a Torre, caminhei até o elevador passando por um corredor cheio de portas com os quartos dos Vingadores que sobraram depois do Tratado de Sokovia. O elevador começou a subir parando em um andar com sofás espalhados por todo o lugar, um bar repleto de bebidas no canto da sala e Tony Stark sentado em um dos assentos com um copo de uísque nas mãos.
- Não está meio cedo para beber? - ele deu um pulinho de susto com minha fala repentina, se recuperando em seguida.
- Existe hora certa para beber uísque?
- Odeio admitir, mas você tem um ponto de razão. - sentei-me ao seu lado pegando o copo de sua mão, bebendo tudo de uma vez.
- Ótimo! Uma companhia para afogar as mágoas. - falou levantando do sofá indo até o bar. - Alguma preferência de bebida?
Stark como um bom alcoólatra falava de bebidas como um profissional, enquanto riamos de alguma idiotice que foi dita pelo cientista ao meu lado quando me virei em sua direção.
- Acredito que tenha obrigação moral de agradecer por me deixar ficar aqui.
- Pule esse melodrama, é só falar que sou o ser humano mais caridoso que já teve o prazer de conhecer.
- E arrogante também.
- Uma boca a mais para alimentar não fará tanta diferença.
- Estão ganhou prejuízo, consigo comer muito quando quero. - bebi mais um gole da minha bebida. - Além do mais, pretendo me mudar assim que possível.
- Por que você precisa de um apartamento, garota? Pra que gastar dinheiro quando se tem toda essa torre para viver?
- Vocês vão casar, e eu gosto de ter meu próprio espaço.
- Menina, essa torre é enorme! Tem espaço pra você, eu e um batalhão.
Preparava uma resposta quando ouvimos o forte som de um trovão vindo do céu escuro, completamente desprovido de estrelas.
Depois de um momento de silêncio, notei que Stark estava tenso ao meu lado.
- Tony, é só um trovão.
- Quando se convive tanto com pseudo deuses, nunca é só um trovão.
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Ravenna
Fanfiction• Em processo de revisão • Ravenna Beaumont sente sua existência ser questionada quando perde o controle de seus supostos dons ainda tão desconhecidos, fazendo com que segredos antigos tenham que ser revelados para uma possível ajuda divina.