Descobrimento

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São Paulo. Regina Mills.

Um lindo dia estressante. Final de mês. Balanços para serem entregues. O restaurante movimentado. Contratos dos funcionários a serem renovados. Um dia incrivelmente chato. Uma saia lápis, um blazer e um cliente idiotas olhando descaradamente para as minhas coxas. Isso é um dos problemas por gostar de trabalhar no salão e não dentro de um escritório. 

O olhar de um homem bem trajado começa a me irritar. Com um simples gesto peço para que o segurança se aproxime. Não posso fingir que não me incomoda a forma como o cliente me olha e faz gestos indecentes.

Por favor, fala para aquele cara se retirar. Ele não é bem vindo aqui. - digo. O segurança afirma positivamente e logo após vejo o outro sair do local.

Não me julguem, mas é horrível sentir-se ameaçada mesmo sem uma agressão física. Depois disso, tudo segue normal.

Uma xícara de café quente. O óculos meio embaçado. E os papéis sendo assinados. Me causa um certo estranhamento ao perceber que a minha semana toda sucedeu de tal forma e que em nenhum momento deixei de trabalhar para ir à festas. Abri mãos de alguns passa tempos. Me dediquei ao que, no momento, tem mais importância. Me dediquei a amadurecer.

Se tem um nome para isso? Ah, claro que tem e creio que todos já saibam... Alice. Okay, talvez tenha dois nomes para isso... O outro é Emma. 

A única coisa que tira todo o estresse das horas de trabalho, é ver a loira. Acabo suspirando. Creio que estamos nos vendo demais e isso me apavora.  Nunca mantive contato com alguém por tanto tempo. Normalmente era uma transa e só... No máximo seriam duas transa... 

Droga. O que essa loira tem? - penso em voz alta.

Tem mel! - a voz de Zelena me causa um levo espanto. A ruiva ri da minha expressão. Ela se senta na cadeira ao lado, e, descaradamente, bebe o meu café. - Por quê você não diz o que sente? - perguntou, devolvendo-me a xícara. 

E-eu... Ah. Foco na Alice. Falta pouco para tê-la em casa. - mudo totalmente o foco do assunto. Uma alegria preenche o meu coração. Sorrio. Tenho total certeza de que os meus olhos estão brilhando. 

Falta pouco para ser a mãe oficial da pequena. - a ruiva comenta. Só então percebo que serei mãe. A ficha ainda não tinha caído. Eu não serei mais a "tia", como sou chamada. Eu posso não ter acompanhado os seus primeiros passos, mas vou acompanhar o seu desenvolvimento das falas... Vou vê-la formando as frases completas... Vê-la levar alguns tombos de bicicleta, mas se levantar para continuar. Vou passar noites em claro quando ela estiver doente... Será eu a pessoa quem estará ali quando ela chorar... Sou eu quem a levará para a escola, ao parque, para a pracinha... Sou eu quem irá mimá-la ou até mesmo dar broncas. Sou eu quem vai brincar com ela. Serei eu, a sua mãe. - A ficha não tinha caído ainda, né, pirralha? - Zelena comenta, enxugando uma lágrima que escorreu pela minha bochecha.

Eu só não tinha me dado conta do quão grandioso é isso. Eu tenho essa vontade de cuida-la, mas não tinha parado para pensar na imensidão de coisas envolvidas. - comento sorrindo. Eu não percebi em qual momento aconteceu, mas a emoção não pode ser contida. - Eu amo tanto ela... Alice se tornou a razão do meu viver. 

Quem diria que aquela garota que só me metia em encrecas me daria um orgulho desses! - minha madrinha puxou-me para um abraço. - Minha pequena está crescendo! 

A namorada do meu primoOnde histórias criam vida. Descubra agora