Como está o coração?

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Pov Regina Mills.

Havia se passado três semana depois de tudo ter vindo a tona. Eu ainda estava confusa em relação ao acontecido. Era uma situação um tanto complicada, mas nada impossível de lidar. Em meu íntimo ainda existia o medo de algo desconhecido ou apenas indecifrável, a insegurança das atitudes tomadas e a raiva por ter sido enganada. Droga. Eu simplesmente me sinto perdida. 

Nesses dias que se passaram eu me peguei pensando em toda a minha vida, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão. De uma hora para outra as coisas não estavam mais em seu devido lugar, talvez, nunca estiveram de fato. Eu não sei bem o que sinto ao saber que aquilo era uma mentira, a minha vida era uma mentira. 

Por mais que Alice deixava o meu coração repleto de felicidade, faltava algo, uma parte dele se encontrava em pedaços. A saudade de Zelena corroia a minha alma. Só o fato de pensar que ela possa estar sofrendo me machuca. Eu não gosto de vê-la sofrer, me dói. Todo mundo comete erros. Eu só queria conseguir tirar essa mágoa que ficou e ir visitá-la para poder dizer: "está tudo bem, eu estou aqui". 

Quer saber? Isso não importa. Eu decido deixar de lado esses pensamentos e aproveitar o café da tarde. Emma estava indo nos visitar todo dia. Outro problema não resolvido. A gente não parou para conversar em relação a "nós". A minha cabeça estava uma confusão só e acredito que foi melhor assim. Tem coisas que simplesmente acontecem, e, quando tentamos fazer do nosso jeito nunca dá certo, esse era o nosso caso. 

Eu nunca acreditei em destino até conhecê-la. Bom, para ser sincera eu nunca acreditei em paixão ou qualquer coisa semelhante, mas não posso negar que ela mexe comigo de um jeito único. É tão estranho o que acontece quando estou ao seu lado que nada precisa ser explicado nós mínimos detalhes, eu simplesmente sorrio quando ela sorri e me pego admirando as suas imperfeições. Será que Emma só partiu por conta da mentira? Será que se tivesse sido diferente a gente teria continuado com algo que não havia começado de fato?

Emma tentava chamar a atenção de Alice falando sobre as flores, lhe prometendo passeios e até mesmo dizendo que a pequena era uma princesa. Demorou para que a minha filha se acostumasse com a sua presença. "É preciso ter paciência, Emma" - eu dizia tentando confortá-la. Hoje as coisas melhoraram um pouco. "Advinha quem vai tomar banho agora?" - Cora se aproximou, nos cumprimentou com um aceno, pediu licença e levou Alice consigo. 

Ela adora todos vocês. - Emma comentou em um fio de voz. Eu poderia jurar que o seu tom era triste. Por mais que eu lhe dissesse para ter calma, a loira continuava sendo a pessoa mais ansiosa que eu havia conhecido. 

- Sim, é verdade. - eu disse. - E logo ela estará agindo da mesma maneira contigo. 

- Assim eu espero. 

Nós fomos até a sala, nos sentamos uma ao lado da outra e ficamos uns minutos em silêncio. Emma mexia os dedos demonstrando inquietação e eu a admirava em segredo, de canto de olho, tentando não deixar muito nítido o quanto eu me sentia abobalhada ao seu lado. Ela estava lindo com o cabelo preso em um coque frouxo e uma roupa casual.

- Como você está, Emma? Como está a sua vida? O coração? - eu perguntei, pronunciando a última parte num tom mais baixo.

- Eu estou bem. Os negócios vão bem. - ela disse olhando me nos olhos, talvez para analisar a minha reação referente a isso. - E o coração está sentindo a sua falta. Ele ainda não se acostumou com a sua ausência.

- Pois diga a ele que eu estou do seu lado, Emma. Nós nos vimos todos os dias das últimas semanas, não há ausência.

- Não posso discordar, mas também não é uma verdade completa, Regina. Eu até estou lhe vendo todos os dias, mas não a tenho mais... E temo que depois de saber sobre a minha vida eu nunca mais a terei. - ela disse e suspirou. - Eu não pretendo deixar o que conquistei, aquela é a minha realidade, e possivelmente isso irá me custar você. 

- Eu não me importo com o que você faz ou deixar de fazer, não é da minha conta. A única coisa que é do meu interesse é saber se você me quer e sente a minha falta, da mesma forma que eu a quero e sinto saudades. - eu disse e não sei da onde tirei coragem para assumir o que vinha negando a minha mesma. 

Não foi preciso uma resposta dita com palavras. Emma se aproximou, tocou o meu rosto delicadamente, sorriu e me beijou. Eu não fazia ideia de como sentia falta daquele beijo. O meu corpo inteiro reagiu ao contato. Emma segurou em minha cintura, enquanto os meus braços estavam envolta do seu pescoço. Não foi um beijo rápido ou com uma necessidade gritante. Foi um beijo repleto de uma devoção desconhecia por nós. Foi um beijo onde compartilhamos os nossos segredos, as nossas mentiras e as nossas verdades. Esse foi um beijo de boas vindas, onde a minha alma se preparava para recepcioná-la em minha vida.

- Espero que isso tenha respondido os seus questionamentos. - ela disse assim que finalizamos o beijo. 

E mais uma vez ela sorriu. Desta vez, eu não pude evitar e também sorri.

- Eu sei que o clima está bom, mas tem algo que está me deixando inquieta, meu amor. O que vem causando essas olheiras e tirando o brilho do seu olhar, Regina? Eu disse a você que não irei tirar a Alice daqui, confie em mim.

- Eu confio, meu anjo. E não é sobre isso. Na verdade eu estou com saudades da Zelena mas também estou magoada por ela ter mentido para mim. - eu disse e a minha voz ameaçou falhar. Pensar naquele assunto me dava vontade de chorar. - Eu ainda não sei como lidar com a ideia de ser filha dela. Ela mentiu para mim, duas vezes. Em relação ao abandono e em relação a Alice. Pensar nisso me tira o sono. Eu a amo, porém, estou confusa. - pela primeira vez eu estava desabafando com alguém sobre aquele assunto e eu não queria um conselho, Emma pareceu entender e apenas me abraçou, me deixando chorar no conforto do seus braços.

A namorada do meu primoOnde histórias criam vida. Descubra agora