Regina Mills. Pouco tempo depois.
Eu não me reconheço mais há um bom tempo, e isso é maravilhosamente perfeito. Talvez eu esteja conhecendo a nova face da vida e estou fascinada. Alice vem me preenchendo, me alegrando, me convidando para ser o melhor que há em mim. Ah, quem diria que Regina Mills encontraria a sua plenitude em uma criança... Em sua filha.
Brincar com a pequena pelo jardim da Mansão me era agradável, mas nem por isso deixaria de visitar o orfanato onde vivi boa parte da minha infância. Apesar de tudo, eu sempre fui muito grata pelo o que a vida me deu.
Nos últimos dias, passei a cultivar as flores, descobrindo a minha paixão pela terra... Por plantar. Ou talvez eu amasse isto pelo simples fato de que Alice sempre estava ali se divertindo comigo. A pequena sempre tentava pegar um regador, mas acabava se molhando. Por mais que tal cena se repetisse todos os dias, a minha reação abobalhada era a mesma e os meus olhos seguiam brilhando de amores por ela.
A cada sorriso da pequena a minha alma ganhava um feixe de luz. Em casa todos estavam encantados com a minha filha. Dona Cora e seu Henry eram os avós babões. Papai a enchia de doces e mamãe a levava para passear no fim da tarde. Killian lhe prometia ser o melhor tio – e de fato o era – quando eu estava no restaurante a trabalho ele passava a tarde a entretendo na área "kids". Zelena era a tia que ensinava as artes... Alice a adorava.
Tê-la comigo foste o melhor presente que a vida me entregou. Eu não sei se havia nascido para ser mãe, mas eu sei que nasci para fazer parte da vida daquela pequena loirinha.
Ah, eu estou feliz... Ainda há um vazio em meu peito com a partida de Emma, mas estou feliz com a minha família... Com a minha filha.
Cá estou cultivando mais flores. Lá está ela nos braços de Killian. O meu irmão a segura firme enquanto rodopia. Alice solta alguns risos deliciosos de se ouvir. Sigo fascinada pela cena.
- Mamã! - Alice diz assim que Killian a coloca no chão. Fico sem reação por alguns segundos. A pequena corre com seus passos atrapalhados em direção a mim. - Mamã! - ela sorri satisfeita com a palavra nova que havia aprendido. Os seus bracinhos me envolvem. Deposito um casto beijo em sua testa.
- Não precisa agradecer ao seu maninho preferido por ter ensinado essa princesinha a chamá-la de mamãe. - Kill diz abobalhado.
- Aposto que primeiro a ensinou lhe chamar de "titio". - digo, ainda abobalhada.
- Claro. Primeiro eu, depois a mamãe. - ele diz convicto.
- Suspeitei desde o princípio.
Silêncio. Alice pede uma flor e de pronto eu a entrego.
- E o coração? Zelena disse para eu cuidar bem de ti quando ela não estiver presente.
- Não se preocupe, eu já me acostumei com a ausência de Emma. - respondo, mentindo descaradamente. Eu havia me apaixonado por ela e estava sendo complicado esquecê-la.
- Eu vou fingir que acredito, okay? - Killian busca o meu olhar. - Maninha, os amores são assim mesmo. Eles vem. Eles vão. São como as ondas; belo e intenso, mas não são feitos para ficar e fazer morada.
- Eu estou bem, Kill... Já faz tempo que Emma se foi e não deu mais notícias. Se ela quis assim é porque não era para ser. E quer saber? Eu estou bem com isso. Eu não podia ficar no meu quarto chorando. É triste a partida de alguém, mas isso não importa. A única dor que seria eterna seria a perda de Alice, as outtas coisas são passageiras.
- É assim que se fala, sua linda! - Killian depositou um beijo em meio ao meu cabelo.
Emma Swan. Paris.
A vida seguia perdendo o sentindo, a cor e a sua beleza. O céu era cinza. Os dias melancólicos. E eu seguia enfraquecendo. Já fazia uns dias que estávamos aqui e nada de encontrar a minha filha. O ódio por Daniel só aumentava e a vontade de acabar com ele também. Perder um filho é uma dor que não desejo a ninguém. E pior que perder um filho, é perdê-lo em vida.
Às vezes sinto-me sufocada. Perco o ar. Perco a vontade de continuar tentando. Às vezes, só as vezes, sinto-me forte.
Quando surge uma nova pista o meu coração explode de felicidade. Quando essa pista se mostra falsa, o meu coração se parte em mil pedaços. O mundo sabe ser cruel quando quer... Ou talvez eu mereça o que vem acontecendo. Por que? Eu não sei ao certo, mas dizem que cada um tem o seu karma... Se acredito nisso? Nenhum pouco. Eu acredito que o ser humano é um lixo, e Daniel supera tudo que há de ruim.
- Vai da tudo certo. - Lilit estende-me um drinque. Cá estamos nós duas jogadas no sofá, se embebedando.
- Eu não sei de mais nada. - respondo.
- Emma, não perca a fé.
Viro um gole da bebida.
- Fé? Eu a perdi junto de Alice.
Bebo um pouco mais. Lembranças do passado se fazem presente. Lembranças do meu desespero ao descobrir a gravidez, da minha felicidade ao ouvir o seu coração bater pela primeira vez... De ver os seus lindos olhos pela primeira vez.
Sinto-me feliz por lembrar-se dela... Sinto-me acabada por não tê-la mais comigo. As lágrimas caem sem que eu perceba.
- A gente vai encontrá-la, Emma. - Lilit me abraça, enquanto sigo chorando.
Um misto de dores aperta o meu coração. A falta de Alice, a falta de Regina... A falta do amor de Alice, a falta do amor de Regina. Eu sentia falta da morena, mas a primeiro momento eu precisava resolver a falta que sinto da minha filha. Se um dia eu puder ter Regina em meus braços novamente, me sentirei em êxtase... Se isso não ocorrer, que eu tenha pelo menos Alice comigo.
Zelena Mills. São Paulo.
E que eu seja forte o suficiente para carregar esse segredo por toda a minha vida. Regina está feliz. Emma deve estar um caco... E eu? Sinto-me um monstro, culpada, mas as vezes é preciso tomar certas decisões que podem acabar conosco. Às vezes desvio o olhar de Regina. Às vezes eu consigo não pensar em tudo o que pode vir a acontecer... Não pensar na dor de quem já me causou algo parecido. Não, não o faço por vingança, pelo contrário, eu queria que não fosse assim, mas temo, temo que Emma tire Alice de minha afilhada e isso eu não permitiria. Eu gosto de Emma, mas amo Regina, e entre evitar a dor de alguém, que seja a da minha pequena.
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A namorada do meu primo
FanficRegina Mills é uma jovem meiga e ousada, que vive se metendo em encrencas, sendo salva o tempo todo por Zelena, sua madrinha poucos anos mais velha e tão louca quanto ela. A última coisa que aprontou "sem querer", foi transar com a ex-noiva (que n...