Pov Regina Mills.
Não seria verdadeiro dizer que eu estou bem com tudo isso. Na realidade, eu nem sei o que "estou". É complicado tentar definir uma explosão de acontecimentos com uma única palavra. É ilógico tentar encontrar qualquer definição, por mais óbvia que pareça. Seria irracional tomar uma atitude nesta situação. Seria desumano bater a porta e sair sem rumo. Por mais que eu insistisse em não me importar, o meu coração estava em pedaços por vê-la no chão, entre vômitos. Seria hipocrisia perguntar se ela estava bem ou se precisava de alguma coisa, seria mais fácil repetir o gestos feito há anos atrás e jogá-la embaixo do chuveiro. Enquanto a água fria cai sobre sua pele pálida, os meus pensamentos seguem desconexos. É como se o meu corpo estivesse agindo automaticamente. Eu estou em estado de choque.
Mil e uma coisas se passam pela a minha cabeça mas nada faz sentido. A nossa relação sempre foi muito bonita, tinha tudo para dar certo por toda a vida, mas o amor é uma linha frágil que pode se romper por qualquer brutalidade. Eu temo que o álcool tenha destruído o que há de mais belo na minha existência. Zelena sempre foi a minha prioridade, o meu mundo e o meu porto seguro, mas agora ela é apenas a âncora que se desfez do barco. Me sinto devastada e o pior é que eu não tenho mais onde me apoiar. É tudo muito confuso. É tudo muito doloroso. Sinto um nó em minha garganta e a vontade de chorar e chorar se faz cada vez mais presente. O meu coração bate tão devagar que me assusta.
Eu tento, mas não consigo olhá-la nos olhos. Estar aqui não significa que as coisas são fáceis, muito pelo contrário, significa que algo de muito errado está acontecendo. E sabe o que é pior? É que eu não estou conseguindo ver até onde isso é negativo. Há quem diga que é preciso ter muito estômago para passar por cima da mágoa, da raiva e até mesmo da dor por alguém... eu diria que não é por alguém, mas sim, por amor.
Eu levei Zelena até o seu quarto e a ajudei a se deitar. Apaguei a luz e pensei em sair, afinal a minha missão já havia sido cumprida, mas eu simplesmente não o fiz. Ela não ousou dizer nenhuma palavra se quer e eu não ousei questioná-la. Não é preciso dizer mais palavras que ferem. Ela não é uma má pessoa. Droga! São tantas coisas que no momento não é possível guardar tudo no bolso de um jeans rasgado e pronto, por mais que uma parte de mim, deseje isso. A minha única vontade é gritar, gritar e gritar, mas não pode hoje, não por ontem… gritar por toda uma vida onde carreguei um vazio em meu peito; onde eu não conseguia me sentir completa, mesmo quando não me faltava nada. "Rejeitada" - a voz de Robin ecoava em minha cabeça. Foram anos e anos escutando a mesma coisa, mas apenas agora consigo sentir o peso desta palavra.
Não tardou para que Zelena dormisse, mas ao contrário da sua expressão serena, eu poderia jurar que ela estava em pânico. Logo a ruiva começou a se debater, provavelmente estava tendo um pesadelo. Ao invés de lhe desejar longas noites idênticas a essa, eu apenas a puxei para perto e lhe fiz carinho até que se acalmasse. Mais uma situação que me leva novamente para aquela noite. Eu sempre acreditei que aquele foi o pior momento da sua vida, mas talvez eu esteja enganada. Sempre há um pior. E cada recordação me custa uma lágrima.
Por muitos motivos eu acabei não esperando ela acordar. Preparei um café forte, deixei uma garrafa de água bem gelada e não eu escrevi nenhum recado. Antes de sair eu peguei o seu celular e ao encontrar o número de Emma, mandei uma mensagem. Era o certo a se fazer. E se a profissão da loira for verdade não cabe para eu julgar. Pode parecer loucura, mas como eu disse, o amor é uma linha frágil que pode se partir com uma brutalidade… eu sei que jamais irei superar a perda de Alice e por essa razão que consigo dar procedência ao que deve ser feito.
Mansão Mills. 8 AM.
Minha mãe me disse que Alice ainda dormia e que a empregada estava cuidando dela.
Por mais que eu tente disfarçar, eles me conhecem muito bem para fingir que está tudo bem e na verdade eu nem fiz questão de sorrir. Esse foi o café da manhã mais difícil de toda a minha existência. Sinto uma dor insuportável em minha cabeça, mas não tanto quanto a do meu coração. Talvez o café me dê a essência que me falta, afinal, os seus amantes dizem que ele alimenta a alma. Nessas circunstâncias, uma garrafa seria pouco.
Eu já nem sei quantas xícaras de café eu bebi.
- Você tem certeza que não quer falar? Nós estamos aqui para lhe ajudar, meu amor. - Killian disse. - Independentemente do que seja, nós amamos você. - A sua voz é doce, calma e me acalienta.
- Desde quando? - eu perguntei e pude ver em seus olhos azuis que a resposta era: "desde sempre". - Por quê, tio? Seria muito mais fácil ter me contado há anos atrás.
- Ela lhe contou a verdade? - ele perguntou e eu disse sussurrei que sim. A minha vontade era de chorar mais uma vez. - Ah meu amor, a questão não é essa, de qualquer forma iria doer. Infelizmente ela é humana e comete erros.
Bebo mais uma xícara de café.
- Filha, dê tempo ao tempo. Eu e o seu pai descobrimos há pouco tempo atrás. Foi um choque para nós e foi por isso que Zelena foi viajar e passou tanto tempo fora. Ela teve medo de contarmos tudo, mas isso não estava em nossas mãos. Nós não podíamos destruir a relação linda que vocês duas construíram por conta de um preceito nossa. Eu não acho certo o que ela fez, pois não precisava ser daquele jeito. Na vida tudo tem um jeito. - Dona Cora tentava segurar a emoção. - Mas esse é o meu ponto de vista.
Silêncio.
- Filha, nós não éramos os melhores pais naquela época e é compreensível o medo que ela tinha. Infelizmente, é válido o medo que ela carregava em seu íntimo. Eu impunha um comportamento tão ultrapassado. Você nos mudou para melhor. - o meu pai resolveu quebrar o silêncio e não fez questão de esconder a emoção. - Eu só peço que não nos odeie.
- Está tudo bem. - não estava nada bem. - Eu ainda amo vocês.
***
Eu estava inquieta. Ansiosa em rever a Emma. Com medo de revê-la. Com medo de perder a minha filha. Droga. Eu quero fazer o certo, mas não consigo imaginar o que irei sentir depois disso tudo. Eu não quero me precipitar. Eu não quero sentir esse desespero todo.
Killian colocou um disco para tocar e me puxou para dançar.
- A música tem o poder de nos acalmar. - ele disse.
Era uma música tranquila. Eu deitei com a cabeça em seu ombro e o deixei me conduzir. Ficamos assim por longos minutos, até que a campanhia tocou. Sussurrei para Killian buscar Alice enquanto eu atendia a porta.
Vê-la depois de tudo me causou uma confusão tão grande. Os seus olhos ainda me encantam. O seu jeito despojado demonstra uma certa presença. Emma ainda é a única pessoa que foi capaz de me tirar o sono em relação ao sexo, em relação ao amor carnal. E neste momento nos não conseguimos reagir. Os meus olhos estavam lacrimejando, idem aos dela.
- V-você voltou rápido de Paris. - eu disse, tentando encontrar alguma falha naquela história toda.
- Quando Zelena me mandou mensagem eu já estava de volta. - ela disse. - Oh, espere, não foi ela, certo?
- Eu preciso lhe contar uma coisa. -eu disse. - Por favor, entre.
- Mamã! - Alice disse empolgada ao me olhar. Killian a colocou no chão e a pequena correu em direção a mim. Eu não pude evitar o choro, pois cada vez que a palavra "mamã" é direcionada à mim, o meu mundo ganha cor.
- Oh meu amor. Eu te amo tanto, Alice.
Emma não conseguiu dar um passo se quer.
"Levará tempo para eu acreditar nisso. Mas depois de tudo o que foi dito e feito é você quem ficará sozinho. Você acredita em vida após o amor? Eu posso sentir algo dentro de mim dizendo que eu realmente não te acho forte o suficiente, mas eu não preciso mais de você. Não, eu não preciso mais de você. Você acredita em vida após o amor?"
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A namorada do meu primo
FanfictionRegina Mills é uma jovem meiga e ousada, que vive se metendo em encrencas, sendo salva o tempo todo por Zelena, sua madrinha poucos anos mais velha e tão louca quanto ela. A última coisa que aprontou "sem querer", foi transar com a ex-noiva (que n...