Uma decisão e alguns feridos

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São Paulo. Zelena.

Ruby insistiu para que eu ficasse uns dias em sua casa, que me desligasse daquela loucura, a priori. Sim, eu sei que está era a melhor opção, mas eu não podia fazê-lo. As coisas precisavam serem resolvidas. Como? Este é o grande "x" da questão. Eu não queria me machucar mais do que já havia feito; muito menos ver a minha doce Regina se machucando... Eu não era um monstro e queria que mãe e filha se reencontrasse – no caso da Alice com a Emma; mas havia outras prioridades no momento. 

Era uma decisão difícil a ser tomada. Tudo estava me atordoando. Nada fazia sentido. A vida me soou muito sacana. A vida me soou muito injusta. A vida me deu uma rasteira filha da puta. 

- Eu me odeio por não saber o que fazer. - comentei com a avó de Ruby. A doce senhora me parecia muito sábia e sempre sabia o que dizer. - Eu só queria não ser covarde. Sair desta sala e contar o que sei.

Você não é covarde, minha filha. - suspiro pesado. - Você só está com uma bomba em mãos e não sabe aonde jogá-la. - ela estende uma xícara de chá para mim. - Posso lhe dar um conselho? - acenei que sim. - Só não deixe ela explodir em seu colo. 

Uma senhora que me conhece tão pouco parace me conhecer muito. Regina me diria a mesma coisa caso soubesse dos fatos. A tendência é que eu engula o que pode vir a prejudar quem amo e fingir que nada aconteceu. Regina é a pessoa que mais amo e não deixaria que mal algum lhe sucedesse... Eu devo isso a ela, da mesma forma que ela diria que me deve isso também. 

Minha filha, você é forte o suficiente para guardar esse segredo pro resto de sua vida? - ela chamou a minha atenção. - você tem essa opção. 

A avó de Ruby bebericava o seu chá. Suas expressões sempre serenas nos permitiam falar sobre qualquer pensamento, por mais egoísta que ele possa parecer ser... Quer dizer, mesmo não dizendo, ela soube que esconder de todos também me passava pela cabeça. Nós temos o direito de carregar em nosso íntimo o mais cruel dos segredos, se isso nos convém, qual o problema?

Com certeza havia alguns problemas nítidos... De um lado, uma mãe continuaria a sua busca pela a sua filha perdida... Por outro, sua amada adotaria tal criança... Um dia tudo poderia vir a tona... Isso pode ser agora... Ou não. 

Muitos podem vir a adorar ter o jogo em suas mãos, eu odeio isso. Nunca gostei da ideia de manipular resultados, interferir em vidas alheias e permitir que a infelicidade de alguém reine, mas eu também não escolhi participar disso, apenas aceitei por crer ser a única opção... Talvez isso não fosse verdade. Ah droga!

Eu não sei, vovó... - eu disse. - Mas temo em querer descobrir.

- É um direito seu. - ela diz. Não havia o que responder. Este é o momento de ponderar se sim ou se não. Este é o momento em que ainda posso pensar antes de agir. - Ruby! - a senhora diz eufórica ao ver a neta entrar com os pães. 

A morena de mexas vermelhas era tão linda... Estava sempre radiante. Talvez eu devesse deixar o caso "Alice" para depois é aproveitar a estadia na casa de Ruby. 

Vê-la sorrir para mim aqueceu o meu coração e todo o resto pareceu indiferente no momento... Ou pelo menos, pareceu ser algo de menor gravidade. 

Fico feliz que ainda esteja aqui. - ela diz com sinceridade conforme se aproxima de mim.

É preciso pensar e pensar e pensar, antes de tomar qualquer decisão. - a avó da morena nos diz antes de sair da sala.

Ela tem razão. E longe de todo o tumulto tu terá mais tranquilidade para isso. - a morena comenta. Apenas concordo que sim com a cabeça. 

A namorada do meu primoOnde histórias criam vida. Descubra agora