Capítulo 34

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Sophia narrando

Quando chegamos pagamos nossos ingressos e entramos.

Mel pegou na minha mão e começou a me puxar pelo meio da multidão. Estava bastante cheio, várias pessoas dançando todas suadas se esfregando umas nas outras, e isso era bem nojento, outras bêbadas, e algumas bebendo e fumando.

A música alta incomoda os meus ouvidos, tinha certeza que iria sair de lá um pouco surda.

Entramos no meio de um grupinho de pessoas dançando.

Lua e Mel já começaram a dançar igual loucas, e eu estava igual tonta no meio de toda aquela gente. Já me sentia desconfortável e com vergonha.

Mel- você quer algo para beber? - gritou no meu ouvido por causa da música alta.

Sophia- não - respondi no mesmo tom.

Mel- então vamos comigo comprar algo para eu beber? - assenti. Ela continuava com a sua mão na minha me guiando no meio da multidão.

Quando chegamos no bar, ela chamou o barman e pediu sua bebida. Mel pagou e ele agradeceu.

Mel- olha os meninos ali - virei a cabeça vendo Arthur, Chay e Micael. Eles nos viram e Mel acenou para eles que fizeram o mesmo. Aliás, Micael estava muito lindo - vamos? - Tirei meus olhos de Micael pra olha-lá. Ela estava com a mão esticada para pegar a minha.

Sophia- será que posso ficar aqui? eu não estou me sentindo bem.

Mel- o que você tem? quer ir para casa? - eu queria sim, mas não estava afim de estragar a noite de ninguém.

Sophia- não precisa, só não quero ficar lá - expliquei.

Mel- tudo bem, amor. Qualquer coisa me avisa - assenti e ela voltou sumindo no meio da multidão.

- quer alguma coisa? - perguntou o garoto que atendeu Mel.

Sophia- um refrigerante, por favor - ele colocou o refrigerante em um copo e me entregou. Olhei para o lado e vi que Micael continuava a me encarar. Virei rapidamente e comecei a tomar minha bebida

- qual o seu nome? - perguntou me encarando.

Sophia- Sophia, e o seu?

- Felipe, prazer - sorriu - percebi que você não gosta de ambientes como esse

Sophia- não mesmo, só vim por causa das minhas amigas.

Felipe- você é tipo eu, eu também odeio isso daqui

Sophia- então porque você trabalha aqui?

Felipe- por necessidade, mas se eu escolhasse, estaria em casa deitado na minha cama dormindo - esse garoto parecia ser legal e bem misterioso também.

Sophia- acho que temos o mesmo pensamento - disse e dei um gole no meu refrigerante - eu nunca vim em um lugar assim antes, mas já odiei de primeira - ele riu

Felipe- foi exatamente assim que eu me senti quando comecei a trabalhar aqui, é um saco está aqui todos os dias.

Sophia- imagino, ter que aturar essa música alta todos os dias deve ser horrível.

Felipe- eu sei que nem você e muito menos eu está afim de ficar aqui, será que podemos ir para outro lugar onde possamos conversar sem o barulho dessa música alta para nos atrapalhar? - arqueei uma sobrancelha e comecei a lhe estudar com os olhos - ei, relaxa! Eu não vou fazer nada com você, só quero conversar, sei que você está no mesmo barco que eu - não entendi o que ele quis dizer com isso, parecia que ele me conhecia a anos e sabia todos os meus segredos. Eu sentia que podia confiar nele, espero não está errada.

Sophia- tudo bem, mas você vai deixar aqui sozinho?

Felipe- meu expediente já acabou, agora é outro barman

Sophia- ok então. Onde vamos?

Felipe- em um lugar que você vai amar, vem - ele pegou minha mãe e seguimos em meio as pessoas.

Pegamos o elevador, quando chegamos saímos e começamos a andar por um corredor cheio de portas. Será que eu deveria ter confiado nele mesmo? Será que aqui não era quartos onde ele iria nos trancar em um e me forçar a fazer algo com ele? O medo começou a me consumir por dentro e eu comecei a recuar parando no meio do corredor.

Felipe- o que houve?- olhou para mim sem entender.

Sophia- eu não posso - sai correndo de volta para o elevador.

Felipe- SOPHIA, ESPERA! - gritou correndo atrás de mim - VOLTA AQUI - gritou novamente. Dessa vez não tinha ninguém para me salvar. Eu estava perdida.

Senti suas mãos puxarem o meu braço e eu paralisei.

Felipe- ei, fica calma. Eu não vou fazer nada com você, pode confiar em mim, se você quiser a gente pode voltar - ele parecia está falando a verdade, eu só estava sendo a garota insegura e medrosa como sempre.

Sophia- não - neguei com a cabeça - está tudo bem, eu só estou sendo boba demais - ele sorriu e pegou minha mão de volta. Começamos. andar novamente. No final do corredor tinha uma porta, quando ele a abriu havia um grande jardim.

Felipe- é aqui o lugar - ele sorriu para mim.

Mais a frente havia uma mesa redonda com banquinhos ao redor. Nós fomos até lá e sentamos.

A vista era maravilhosa, dava para ver uma boa parte da cidade.

Sophia- que lugar lindo - sorri vendo as milhares de luzes iluminando a cidade.

Felipe- eu sabia que você ia gostar - sorriu novamente - então, Sophia, você é daqui do Rio mesmo?

Sophia- não, eu nasci em São Paulo, meus pais se mudaram para cá quando eu ainda era pequena - sorri fraco ao lembrar daquele dia, eu estava tão feliz.

Felipe- o que houve com eles? - olhei para ele sem entender.

Sophia- eles quem?

Felipe- percebi que mexeu com você quando citou os seus pais - eu estava incrédula, como ele podia perceber que havia algo? - Sophia eu também já perdi alguém que amo - continuou - quando te vi sentada naquele banco percebi o quanto você era diferente. Talvez eu sei coisas que você tenta esconder.

Sophia- que coisas? - não acreditava que ele sabia tanto sobre mim sem nem ao menos me conhecer direito.

Felipe- tipo coisas parecida com essas - ele subiu a manga do seu moletom mostrando vários cortes no seu braço. Arregalei os olhos e abri a boca.

Sophia- você também... como... - gaguejei - como você sabe que eu faço isso? - ainda estava olhando para o seu braço.

Felipe- pelo jeito de se vestir, pelo jeito que você se sente quando está no meio de pessoas, eu também sou assim Sophia, exatamente como você.

Sophia- quando você começou a fazer isso?

Felipe- quando perdi minha namorada - vi dor nos seus olhos - nós namorávamos a cinco anos. Quando eu decidi pedi-lá em casamento, ela descobriu que estava com câncer no fígado - respirou fundo - eu desisti do pedido para cuidar dela. Ela passou por vários tratamentos, mas a doença já estava muito avançada, então ela faleceu ano passado.

Quando isso aconteceu eu fiquei sem chão, fiquei desesperado e entrei em depressão - seus olhos estavam marejados, dava para ver que ele a amava muito.

Sophia- eu sinto muito, sei o quanto é difícil perder alguém que ama.

Felipe- e o que aconteceu com seus pais? - disse e fungou.

Sophia- eles morreram a três anos atrás em um acidente de carro - comecei a brincar com os meus anéis nos dedos em cima da mesa - desde então as coisas só pioram na minha vida, é bem complicado.

Felipe- não fique assim, sei que onde eles estiverem estão olhando você, e com certeza devem terem muito orgulho da pessoa que você se tornou - ele sorriu e colocou sua mão em cima da minha. Sorri de volta para ele.

- QUE PORRA É ESSA AQUI? - ouvi um grito de uma voz grossa. Olhei para trás assustada. Fiquei incrédula quando reconheci quem era.

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