Capítulo 23

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Sophia narrando

Sai do banheiro, peguei meu celular e desliguei o alarme. Decedi que amanhã não iria para o colégio. Eu precisava esquecer tudo que aconteceu hoje, longe daquelas pessoas tóxicas.

Coloquei o celular em cima do criado mudo e fui deitar. As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, era difícil controla-las. Chorei até pegar no sono.

Acordei com minha vó me chamando. Abri os olhos lentamente piscando algumas vezes.

Ana- Sophia, você não vai para o colégio? Já são seis e meia.

Sophia- eu não estou me sentido bem, minha cabeça está doendo. Será que posso ficar em casa hoje? - não foi totalmente uma mentira, minha cabeça realmente estava doendo.

Ana- o que você tem? quer ir ao médico? - ela perguntou preocupada.

Sophia- não precisa vó, é só um mal estar, vou ficar bem.

Ana- tudo bem, vou buscar um remédio de dor de cabeça pra você - ela saiu do meu quarto para buscar o remédio. Continuei deitada na cama, não estava afim de levantar. Minha vó voltou com um copo de água e remédio, ela me entregou e eu tomei. Depois voltei a deitar.

Ana- você tem certeza que é só uma dor de cabeça?

Sophia- é sim vó, não se preocupe daqui a pouco passa - sorri fraco para ela.

Ana- tudo bem, qualquer coisa me chame - ela beijou minha testa e saiu do quarto me deixando sozinha novamente.

Voltei a dormir e acordei bem tarde.

Olhei meu celular e tinha várias mensagens de Lua e Mel me perguntando porque não fui para o colégio. Dei a mesmo desculpa que tinha dado hoje mais cedo para minha vó. Dor de cabeça.

Não estava pronta para contar a elas o que tinha acontecido na noite anterior.

Sai da cama e fui para o banheiro. Escovei os dentes e depois tirei a roupa para tomar banho. Meus machucados estavam bem visíveis e profundos.

Quando a água caiu sobre eles doía e ardia muito. Terminei o mais rápido que pude porque a dor era insuportável. Peguei a toalha e os sequei cuidadosamente, depois a enrolei no meu corpo e voltei para o quarto para me vestir.

Além de usar só blusas com mangas cumpridas, agora eu teria que usar calças. Merda! Eu odiava ficar tão descontrolada e na hora e não pensar no que estava fazendo.

Permaneci no meu quarto o dia inteiro ouvindo música no celular.

Minha vó me chamou para comer, mas eu recusei. Não estava com fome.

Umas três da tarde ela entrou no meu quarto com uma bandeja cheia de coisas para mim.

Sophia- já disse que não estou com fome vó - ela colocou a bandeja recheada de comida em cima do criado mudo e vindo sentar do meu lado na cama.

Ana- mas você precisa comer Sophia, por favor, não volte a ser aquela menina pálida sem ânimo para a vida como você estava.

Na verdade eu nunca deixei de ser essa garota, eu só aprendi a esconder mais as minhas fraquezas depois que conheci Lua e Mel. Mas no momento eu não estava conseguindo, acho que fiquei abalada demais para conseguir esconder qualquer emoção - me diga o que aconteceu com você ontem à noite? Pode ser qualquer coisa minha filha, eu vou ajudar você. Eu estou aqui para te proteger Sophia, para cuidar de você. Eu prometi isso a sua mãe - desmoronei com suas palavras, principalmente pela parte que ela cita minha mãe. Ela me abraçou forte e eu chorei em seu colo. Minha vó era minha segunda mãe. Desde que meus pais partira, ela tinha cuidado de mim como se fosse sua filha - eu amo você Sophia, eu amo você como se fosse minha filha, nunca duvide disso - me afastei dela limpando o rosto.

Sophia- eu também amo muito a senhora, sou grata por tê-la comigo - funguei. Ela sorriu pra mim.

Ana- agora a netinha da vovó vai comer tudo que eu trouxe - ela pegou bandeja e colocou em cima da cama.

Sophia- mas tem muita coisa aí vó, eu não vou conseguir comer tudo.

Ana- não se preocupe, eu ajudo você comer, vamos fazer uma espécie de lanche da tarde no quarto. O que você acha? - abriu um sorriso lindo pra mim e eu sorri de volta. Ela é tão incrível.

Sophia- tudo bem, vamos comer então.

Eu não consegui comer muita coisa, não estava com fome, minha vó insistiu algumas vezes. Ela me propôs comer as panquecas com suco e depois não iria insistir mais.

Depois que acabamos ela saiu e eu fiquei sozinha no quarto.

No dia seguinte inventei outra desculpa para não ir ao colégio, minha vó já estava desconfiada e me perguntou mais uma vez o que estava acontecendo. Eu apenas dizia que não estava me sentindo bem.

Estava deitada e ouvi a porta do meu quarto bater, provavelmente seria minha vó com comida para mim.

Sophia- entra - gritei da cama

Vi Lua e Mel entrarem - o que vocês estão fazendo aqui?

Mel- nossa, é assim que você recebe a gente? - elas vieram até a cama e se sentaram.

Lua- estávamos preocupada com você, tem dois dias que você não foi para a escola.

Mel- ficamos mais preocupada quando sua vó nos ligou falando que você não está nada bem, não está comendo e nem saindo do quarto. Chamou eu e Lua para conversar com você, então nós viemos.

Sophia- eu não tenho nada, minha vó que é exagerada. É só dor de cabeça, nada demais - menti.

Lua- Sophia eu te conheço, sei que não é só isso, olhe para você, está pálida e com olheiras.

Mel- o que aconteceu com você, amiga? Nos diga, pode ser qualquer coisa, vamos te ouvir e vai ser melhor desabafar. Eu sei que você precisa conversar com alguém.

Eu não ia conseguir esconder o que aconteceu para elas. Lua e Mel me conheciam tão bem que até parecia que éramos amigas à anos.

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