Capítulo 66

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Sophia narrando.

Sophia- você sempre me zoava porque eu ouvia rock - ele havia colocado back to back de AC/DC.
Micael- isso era só para te irritar, mas eu curto rock sim - ele olhou para mim e sorriu voltando a olhar a estrada.
Sophia- e o que você curte mais, além de rock?
Micael- mpb, pop essas coisas, e você?
Sophia- olha só, temos algo em comum - sorri - sou fã de Paramore, tenho camiseta e tudo mais.
Micael- é sério que você curte eles? Que péssimo gosto Sophia - riu.
Sophia- ah cala boca vai, não ouse falar assim dos meus filhos - apontei o dedo para ele cerrando os olhos. Ele soltou uma gargalhada.
Micael- eu mereço - eu ri. Nós continuamos com nossa conversa sobre gosto musicais e cantores preferidos.

Sophia- aqui é muito lindo - olhei em volta do parque, havia um grande lago com patos.
Micael- é sim, eu amava vir aqui quando criança, minha mãe sempre me trazia nos finais de semana - Micael espalhou um pano xadrez de baixo de uma árvore que dava uma sombra bem agradável, arrumamos as coisas e depois sentamos.
Sophia- você trouxe muita coisa, isso era tudo medo de passar fome? - disse vendo a quantidade de comida em cima do pano.
Micael- eu nunca havia feito um piquenique antes, não sabia a quantidade de comida para trazer - deu de ombros.
Sophia- eu sempre fazia com os meus pais, eu amava - tomei um pouco do suco que Micael colocou no meu copo e mordi um pedaço do sanduíche que por sinal estava uma delícia.
Micael- falar nisso, onde eles estão? - essa pergunta era umas das que eu não queria responder nesse momento, falar dos meus pais era sempre muito difícil.
Sophia- meus pais morreram - brinquei com o falero de pão que caiu nas minhas pernas, não queria encarar Micael - nós estávamos voltando pra casa, um caminhão bateu em cheio no nosso carro, a única que sobreviveu fui eu - uma lágrima escorreu do meu olho, sequei rapidamente, era por isso que eu não gostava de falar dos meus pais.
Micael- ei, não fica assim - ele me puxou para os seus braços me abraçando - desculpa ter tocado no assunto, eu não sabia.
Sophia- não tem problema, está tudo bem, eu só me emociono muito quando falo deles - saí do seu abraço enxugando o rosto - agora quero saber de você.
Micael- o que você quer saber de mim? - mordeu sua maçã.
Sophia- da sua vida ué
Micael- ok, como você sabe eu vim de uma família rica, nunca me dei bem com o meu pai, ele já teve esquizofrenia um tempo atrás, era muito agressivo e em uma de suas crises matou minha mãe na minha frente - engoliu seco. Isso doeu em mim - depois disso as coisas começaram a desandar de vez, me tornei aquele cara estúpido e babaca magoando todas as pessoas ao meu redor, eu tentava me fazer de durão, mas lá no fundo tinha um buraco enorme - seu semblante era triste, eu não gostava de vê-lo assim.
Sophia- eu nem sei o que dizer - estava chocada, não era só eu que tinha problemas aqui - sinto muito pela morte da sua mãe, eu sei que não é nada fácil.
Micael- e não é mesmo, sempre que penso sinto vontade de esganar o meu pai.
Sophia- não o culpe tanto, ele tinha problemas, não sabia controlar, acredito que hoje ele deve está muito arrependido.
Micael- eu nem sei, ele continua o mesmo agressivo, arrogante de antes, duvido que aquele coração de pedra sinta alguma coisa.
Sophia- ele sente sim, só que em silêncio, e o senhor pode mudar essa cara aí - apontei para ele.
Micael- essa é a única cara feia que tenho - riu.
Sophia- bobo - empurrei seu ombro de leve e sorri.
Micael- eu quero um beijo - se curvou selando nossos lábios transformando em um beijo calmo - você é tão linda - disse depois de nos separar, sua mãos estava no meu rosto, corei como uma condenada, eu odiava isso, porque sabia que depois vinha o apelido idiota - moranguinho - não disse. Ele riu me dando outro selinho.
Sophia- não tinha outro apelido melhor para me dar não? - falei um pouco emburrada.
Micael- você fica linda fazendo esse biquinho de morango - riu se curvando para me dar outro beijo, mas eu me esquivei.
Sophia- se você não parar vou fazer greve de beijo - ameacei.
Micael- ah é assim agora?
Sophia- é sim - mexi no meu cabelo nem dando bola para ele.
Micael- tudo bem então, pois fique sabendo que você é muito má que está ferindo meu coração - ele colocou a mão no peito dramaticamente. Gargalhei.
Sophia- não seja ridículo.
Micael- eu só quero beijar minha namorada, será que é pedir demais? - ele não tinha noção do quando era lindo.
Sophia- você me chamando de namorada é tão estranho, vou demorar um pouco para me acostumar - sorri.
Micael- ah pois trate de se acostumar, porque é o que você será daqui pra frente.
Sophia- nunca imaginei Micael Borges namorando sério ainda mais comigo.
Micael- existe primeira vez pra tudo - deu de ombros e sorriu - Soph.
Sophia- hum - abri um saco de batata e comecei a comer.
Micael- como você consegue ficar com esses casacos? digo porque é muito quente e isso incomoda, da pra ver na sua testa suada - outro assunto que eu não desejaria falar.
Sophia- eu não gosto de deixar meus braços expostos, me sinto incomodada, apesar de morre de calor.
Micael- você está com uma blusa por baixo do moletom?
Sophia- estou, por que? - não estava entendo o porque da pergunta.
Micael- tire o moletom.
Sophia- Micael...
Micael- vamos Sophia tire, eu sei que você está louca pra se ver livre dele - ele estava determinado em me fazer tirar a droga do moletom. Como eu sabia que ele não desistiria, com muito dificuldade e querendo xingar o Micael cedi e tirei. O alívio que senti fora do moletom era enorme, o vento batendo na minha pele descoberta era delicioso, me sentia liberta.
Micael- viu, não foi tão difícil - sorriu passando a mão no meu rosto secando o suor.
Sophia- mas isso sem nada escondendo me incomoda - olhei os machucados. Micael passou a mão levemente em cima dos cortes.
Micael- isso não infecciona?
Sophia- sim, já infeccionou algumas vezes, eu limpo e passo uma pomada para sarar rápido - Micael foi a única pessoa que falei abertamente sobre meus machucados, algumas vezes as meninas perguntavam sobre, mas eu sempre cortava o assunto.
Micael- isso é muito sério Soph, você precisa se curar e eu vou ajudar você.
Sophia- então você vai ser o meu mais novo remédio? - brinquei.
Micael- sim, eu serei o seu mais novo remédio, e você ficará boa logo - eu sorri lhe dando um beijo.
Passeamos pelo parque, brincamos em alguns brinquedos como duas crianças de dez anos. Esses momentos com Micael estava sendo maravilhoso, queria poder viver isso para sempre.
Depois de estarmos exaustos decidimos ir embora, ele me deixou perto da minha casa. Demos mais um beijo e desci do carro.

Hoje sem dúvidas foi um dos melhores momentos que tive na vida.

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