Capítulo 79

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Sophia narrando.

Sophia- fica calma, eu estou aqui - ainda estava abraçada com Lua que chorava sem parar no meu ombro - vem comigo - levantei com ela, sentamos em um banco de madeira que havia no banheiro - agora me conta o que aconteceu - ela suspirou secando as lágrimas.
Lua- minha mãe começou a namorar um cara a um mês atrás - pausou - ele era um fofo e nos tratava super bem, mas de uns tempo pra cá ele começou agir estranho comigo.
Sophia- como assim estranho? - franzi a testa.
Lua- ele me olhava estranho, perguntava se eu tinha namorado, ficava me abraçando e beijando minha bochecha quando minha mãe não estava por perto, eu tentava me afastar, mas ele sempre insistia - pausou fitando o chão - um dia ele dormiu na minha casa, na hora que eu subi para o meu quarto ele me seguiu e me prendeu contra parede, e pediu para que eu não gritasse, começou a me alisar, por sorte minha mãe o chamou e ele parou, mas ontem - ela começou a chorar de novo. Aquilo estava me partindo o coração - ontem ele conseguiu o que queria, Soph - ela olhou para mim com seus olhos vermelhos - minha mãe estava de plantão no hospital, ele apareceu lá de repente, e ai começou a tortura, o maior pesadelo da minha vida - eu estava boquiaberta com o que Lua tinha acabado de me contar, ela tinha sido abusada pelo namorado da mãe.
Lua e eu choravamos abraçadas, imaginar o quanto está sofrendo doía muito, se eu pudesse faria qualquer coisa pra apagar isso de sua vida.
Sophia- você precisa contar isso para sua mãe mãe, meu amor, e denuncia-ló - funguei passando a mão nos seus cabelos, ela saiu do abraço rapidamente.
Lua- não, pelo amor de Deus Sophia, não fala nada pra ninguém, por favor - implorou desesperada - ele disse que se eu contasse algo mata minha mãe - se pois a chorar ainda mais. Eu estava horrorizada com tudo isso, como um ser um humano consegue ser tão cruel a ponto disso?
Sophia- tudo bem, fica calma, eu não vou contar nada pra ninguém, mas temos que dar um jeito nisso, você não pode fingir que nada aconteceu.
Lua- mas eu não sei o que fazer, eu estou muito perdida e com medo - suspirou - eu não quero mais voltar pra casa, eu tenho muito medo que ele apareça quando minha mãe não estiver em casa.
Sophia- vamos fazer assim, quando sua mãe tiver de plantão você dorme na minha casa, inventa qualquer desculpa pra ela, até a gente arrumar um jeito.
Lua- eu posso mesmo dormir lá?
Sophia- claro que pode, sem problemas - sorri fraco.
Lua- obrigada - me abraçou - eu não sei o que eu iria fazer sem você - sua voz saiu falhada. Beijei o topo da sua cabeça.
Sophia- olha só - puxei-a para que me olhasse - você precisa dizer a sua mãe, isso é sério Lua, você não pode esconder.
Lua- mas eu tenho medo, e se a minha mãe não acreditar em mim?
Sophia- mas ela vai! Quando você decidir contar, se quiser que vá com você, eu vou.
Lua- obrigada, de verdade - sorriu fraco.
Sophia- não precisa agradecer - sequei uma de suas lágrimas com o dedo - agora lava esse rosto que precisamos ir para aula.
Lua fez o que eu pedi, saímos do banheiro em direção a sala. A aula já havia começado, pedimos licença ao professor e entramos sobre olhares dos alunos.
Mel- o que aconteceu? - susurrou quando me sentei.
Sophia- não foi nada, ela só estava com mal estar.
Mel- tem certeza disso? - perguntou desconfiada.
Sophia- tenho, não se preocupe.
Voltamos a prestar atenção na aula de história.

Micael- porque você e Lua sumiram o intervalo e chegaram atrasada em casa? - Micael resolveu me deixar em casa, assim teríamos um pouco de tempo juntos.
Sophia- ela estava com mal estar, só isso - menti.
Micael- tem certeza? Vocês estavam bem estranhas quando chegaram.
Sophia- tenho Mika, não se preocupe.
Micael- hum, sei - me deu um selinho - estou com saudades de ficar com você.
Sophia- mas estamos juntos todos os dias.
Micael- não nesse sentido, engraçadinha - eu ri.
Sophia- eu sei, também estou, mas está difícil, na escola não pode, no nosso tempo livre também não.
Micael- a culpa é da sua vó que inventou isso de nos vermos só nos finais de semana - sentamos no banco da pracinha que ficava perto da minha casa.
Sophia- é, mas você também trabalha né? Não pode sair comigo todos os dias, só resta o final de semana.
Micael- é verdade, mas tenho folga sexta, podemos nos ver se sua vó deixar.
Sophia- eu vou pensar se quero te ver - brinquei.
Micael- você vai pensar é? - perguntou colocando as mãos no meu rosto.
Sophia- uhum - me deu um selinho seguido de um beijo. Separamos por falta de ar.
Micael- preciso ir - olhou o relógio.
Sophia- sério? - fiz bico.
Micael- sim, daqui a pouco tenho que ir para o trabalho.
Sophia- tudo bem então - lhe dei outro beijo.
Micael- tchau moranguinho.
Sophia- tchau meu docinho - ele sorriu me agarrando pra mais um beijo, nos separamos e seguimos, um para cada lado.

Assim que cheguei em casa recebi uma mensagem de Lua dizendo que sua mãe iria está de plantão nessa noite, perguntou se poderia dormir na minha casa hoje, respondi e avisei a minha vó que não se importou.
À noite chegou rápido, fui encontrar com Lua na esquina, ela havia me mandado outra mensagem perguntando se eu poderia encontrá-la no caminho, ela realmente estava com medo, eu a entendia.

Lua- desculpa está dando tanto trabalho - estávamos no meu quarto de baixo das cobertas, estava fazendo muito frio.
Sophia- você sabe que não é trabalho algum ajudar você - sentei me apoiando na cabeceira da cama - como você está se sentindo?
Lua- péssima, eu nem consigo olhar para minha mãe direito.
Sophia- você sabe que não é culpa sua.
Lua- eu sei, mas mesmo assim eu me sinto culpada.
Sophia- isso vai melhorar, você vai ver, eu prometi que vou te ajudar e vou cumprir com a minha promessa - sorri - agora vamos dormir bem abraçadinhas.
Lua- ei, eu não sou o Micael - eu ri, ela também.
Sophia- boba - nos arrumamos na cama e pegamos no sono juntas.

Tudo iria ficar bem.

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