Capítulo 51

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Micael narrando

Tudo que eu mais queria era conseguir me dar bem com o meu pai, mas era muito difícil. Nós tínhamos temperamentos horríveis que sempre atrapalhava na nossa relação.

Sophia estava esperando minha resposta. Eu estava desconfortável, falar do meu pai era muito difícil.

Micael- meu pai sempre foi violento comigo, sempre que faço algo de errado ele me agride - dei de ombros - naquele dia ele ficou muito puto pelo fato de eu ter sido expulso da escola e brigamos feio em casa - respirei fundo - eu não queria ter ido para sua casa naquele estado, mas ele me obrigou - Sophia me olhou com um olhar triste, ela parecia ter pena. É isso que as pessoas sentiam de mim quando eu resolvia falar coisas sobre a minha vida e eu odiava isso.

Sophia- eu sinto muito, Micael. Não deve ser fácil passar por isso.

Mel- mas porque seu pai age assim com você? - perguntou.

Micael- vocês já querem saber demais, acabou o interrogatório - a campainha tocou - deve ser os meninos - levantei e fui até a porta para atender.

Micael- e aí viados.

Chay- é assim que você recebe o seu amor? - Revirei os olhos e ri. Abri passagem para que eles entrassem - uau nunca imaginei que você moraria em uma casa como essa.

Arthur- nem eu, estou impressionado com você Micael - ele avistou as meninas no sofá e as olhou confuso - o que vocês estão fazendo aqui?

Lua- o mesmo que vocês, viemos visita-lo - falou como se fosse óbvio.

Chay- você falou para elas que tinha ido embora de casa? - franziu a testa.

Micael- não, quando cheguei na lanchonete elas estavam lá, aí a Mel encheu o saco perguntando porque eu estava trabalhando la - revirei os olhos - daí eu as trouxe até aqui para falar tudo de uma vez.

Chay- agora somos nós que queremos saber o que aconteceu - ele se sentou no sofá a frente das meninas junto com Arthur.

Sophia- e nós vamos embora - disse e levantou - vamos meninas?

Lua- mas já?

Sophia- minha vó já deve está preocupada comigo - seu celular começou a tocar no bolso e ela o pegou para ver quem era - inclusive, ela está ligando - atendeu e disse que estava indo para casa.

Elas se despediram de nós e foram embora.

Arthur- qual foi o milagre a Sophia ter aceitado vir até sua casa?

Chay- na verdade qual foi o milagre ele ter deixado elas vir até aqui ne - disse olhando para Arthur.

Micael- também não sei como cedi tão fácil e como a Sophia aceitou entrar - dei de ombros

Chay- talvez justamente porque a Sophia estava junto e você queria passar um tempo a mais com ela, já que você não consegue fazer isso quando estão às sós, porque é um vacilão - franzi a testa. Ele tinha razão, eu tentava de todas as maneiras conseguir com que Sophia ficasse perto de mim. Isso só se tornava mais fácil quando ela estava acompanhada das meninas, já que quando estávamos sozinho ela fugia de mim.

Arthur- Micael, você está apaixonado pela Sophia? - arregalei os olhos. Me pegou de surpresa, não sabia o que responder. Nunca tinha parado para pensar nisso, meus sentimentos eram muito confusos, eu não conseguia distinguir o que eu realmente sentia. Isso tudo era novo para mim.

Micael- para ser sincero, eu não sei ao certo, é tudo muito confuso. Nunca me senti assim antes, vocês sabem, jamais me interessei por nenhuma garota, só ficava com elas por diversão.

Chay- sinto muito em dizer, mas você está, e eu acho melhor você corre atrás antes que você a perca de vez - deu dois tapinhas no meu ombro. Fiquei pensando nisso o dia todo. Compramos algumas bebidas e no caminho contei o que tinha acontecido entre eu e meu pai. Quando chegamos na minha casa, bebemos e comemos algumas coisas. Chay e Arthur conversavam sobre diversos assuntos, mas eu estava aéreo demais para prestar atenção em algo.

Sophia narrando

Sophia- oi vó, cheguei - gritei entrando em casa e indo para a sala. Minha vó não estava, a chamei novamente. Ela gritou dizendo que estava no quarto. Fiz meu caminho até lá, ela estava dobrando algumas roupas que estava em cima da cama.

Ana- porvque você demorou tanto? eu já estava preocupada - me sentei na beira da cama.

Sophia- estava com as meninas em uma lanchonete e perdemos a noção do tempo - dei de ombros. Jamais diria que eu estava na casa de Micael, minha vó não ia muito com a sua cara dele depois do que havia acontecido.

Ana- tudo bem, mas da próxima vez me avise - assenti e lhe ajudei a arrumar a roupa.

Depois tomei um banho e me juntei na mesa com minha vó para jantar.

Quando acabamos lavamos a louça. Minha vó foi dormir e eu fiquei assistindo algumas séries na netflix. Quando vi a hora já eram meia noite. Já estava muito tarde para quem iria acordar as seis da manhã. Subi para o quarto, escovei os dentes e fui colocar meu pijama. Os cortes no meu braço estavam cicatrizando. Depois do acompanhamento com a psicóloga eu não tinha mais me machucado. As vezes sentia uma imensa vontade de voltar tudo de novo, mas eu respirava fundo e guardava a gilete no mesmo lugar.

Deitei na minha cama e peguei no sono rápido.

No outro dia o despertador tocou no mesmo horário de sempre. Fiz todas as coisas que sempre faço pela manhã e saí para o colégio.

As aulas estavam chatas como sempre, e parecia que as horas não passavam, até que finalmente chegou a última aula, mas o professor faltou então fomos liberados mais cedo.

As meninas foram na frente, já que eu disse que não precisaria me esperar pois iria passar no mercado para comprar algumas coisas.

Saindo no portão distraidamente esbarrei em alguém.

Ouvi um desculpa e logo reconheci sua voz.

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