Capítulo 8 - A Festa das Estrelas

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Sexta-feira


Terminei de passar o lápis de olho, de secar o cabelo com um feitiço e olhei meu reflexo no espelho.

Eu estava deslumbrante. Havia decidido ir à festa com o Luc e me divertir muito. E, depois, se eu tivesse vontade encontraria o Malfoy também. Porque eu era perfeitamente livre para fazer o que eu quisesse: para sair com meu namorado e para sair com um amigo também.

Coloquei minhas botas e dei de cara com Alice ao sair do quarto. Não estávamos nos falando direito a semana toda e eu começava a sentir saudades.

- Você está um arraso. - ela disse.

Não pude evitar um sorriso.

- Vou na festinha do lago. Quer ir?

- Não, obrigada. Vou ficar aqui feliz e contente com meus livros.

- Ok.

Encontrei Luc no salão comunal e ele me deu um beijo arrebatador e me rodopiou no ar.

- Como alguém pode ser tão linda?

Não me cansava de ouvir seus elogios e senti cócegas em meu pescoço quando ele o beijou.

Nos juntamos ao Gui e Olivia e caminhamos para o lago, que estava todo iluminado e cheio de setimanistas de todas as casas. Por um momento, procurei uma cabeça platinada apesar de acreditar que uma garota da Grifinória não seria amiga do Malfoy. Né?

Luc foi cumprimentar seus amigos e fiquei segurando vela por um tempo até que o Gui decidiu pegar umas bebidas para nós.

- E aí, Amy? - Olivia me perguntou. - Como estão as coisas com o McNamara?

- Bem...

- Ele me parece caidinho por você. Te deu até o broche. Vocês já...?

- Quê? Não. Não, nós não...

Fiquei inevitavelmente vermelha e Olivia riu e envolveu meus ombros.

- Esquece isso, amiga. Você não precisa transar com ele só porque estão namorando. Tem que ser quando você quiser, sabe disso, né?

- Claro que sei, Oli. Você e o Gui...?

- Nós já fizemos. Nas férias passadas, fizemos uma viagem para a casa de campo dos pais dele. Foi... Bem incrível.

- Foi a sua primeira vez?

- Foi.

- Uau, Oli...

- E agora... Bem, eu morro de vontade de estar com ele sempre, mas não conseguimos muito aqui em Hogwarts. Às vezes conseguimos fazer algumas coisas no banheiro ou aqui no jardim, mas sempre acho que seremos pegos.

- Não posso nem imaginar algo assim...

- Eu sei. Eca. Imagina se o Filch aparece?

- Ah, não me faça pensar nisso!

Rimos juntas.

- Eu não vejo a hora para chegar o Natal e nós podermos ficar sozinhos no quarto dele.

Fiquei imaginando se eu poderia visitar o Luc nas festas de fim de ano e se, talvez, nós pudéssemos transar. 

Depois o avistei no meio de um monte de gente, rindo e dançando e me perguntei se eu deveria ir até lá. Mas, bem, eu não estava naquela festa só por causa dele, não é? Eu costumava ir a algumas festinhas do lago antes de estar com o Luc e a dançar com meus amigos. E foi nesta hora que a Laura apareceu.

- Vamos dançar! - chamei e fomos as três para o meio da galera.

Dançamos bastante até ficarmos com sede e Olivia disse que ia procurar pelo Gui. Eu e Laura caminhamos até um pessoal que servia bebidas e pedi uma água.

- Água? - o garoto que estava servindo, acho que da lufa-lufa, perguntou.

- Isso. Do tipo que o passarinho pode beber. - afirmei e ele riu.

- É para já, garota bonita.

- Minha. - Luc apareceu e envolveu minha cintura. - Minha garota bonita.

Mas ele não falava comigo e sim com o garoto das bebidas, que pareceu bastante sem graça.

- Foi mal, cara. Eu não sabia.

Por um lado, me senti feliz que o Luc me chamasse de sua garota e por outro achei estranha a forma possessiva e a ideia de que eu não poderia me defender sozinha.

- Quero te apresentar para umas amigas. - ele disse e me puxou pela mão até a beira do lago.

Conheci Julie, Harriet, Viviane, Gio e Kath, a aniversariante. Difícil era me lembrar agora quem era quem. Fiquei no meio de uma conversa estranha sobre número ideal de salto alto para cada ocasião e como saber se um cara pegava bem pelo tamanho das mãos e mordi os lábios, me perguntando o que eu estava fazendo ali.

Olhei em volta e vi o Luc com seus amigos homens, bebendo e gargalhando.

Ok. Eu não queria ficar ali. Por isso, disse para o Luc que não estava me sentindo muito bem e voltei para o castelo.

Caminhei em direção ao banheiro dos monitores, sabendo que não era recomendado andar por lá sozinha tão tarde. Quando estava quase chegando, fui puxada para algum lugar. Foi muito rápido e não consegui entender ou reagir. De repente, eu estava dentro de um almoxarifado com um corpo apertado contra o meu.

E uma mão fria e branca em minha boca. Os olhos azuis conhecidos.

Exatamente no instante em que Filch e sua gata passavam em frente ao armário vagarosamente.

Ah, não... Se ele nos pegasse e eu levasse uma detenção, tudo iria por água abaixo. Meus treinos de Quadribol e a minha bolsa na Wizz.

- Não se mova.

Ouvi sua voz num sussurro.

Senti a respiração dele sobre o meu cabelo, o peito quase colado ao meu rosto e um cheiro bem diferente e delicioso de colônia ou algo do tipo. Por incrível que isso possa parecer, me senti tranquila e aos poucos meu coração começou a desacelerar.

Um tempo que pareceu uma eternidade depois, Filch e sua gata já tinham desaparecido em algum outro corredor do castelo para a minha tremenda sorte.

Percebi que eu tinha as mãos sobre o peito de Malfoy. Sem saber bem o que fazer, eu as tirei de cima dele e saí do armário, silenciosamente.

Sem dizer nenhuma palavra, ele segurou a minha mão e me puxou para o banheiro.

- Eu não vou...

"Entrar nesse banheiro sozinha com você" era o que eu ia dizer, mas já estava boquiaberta para conseguir terminar a frase. Era enorme e impressionante. Havia uma enorme banheira, que mais parecia uma piscina e torneiras douradas por todo lado, despejando água...

- Me esqueço que grifinórios costumam ficar impressionados com pouca coisa - Malfoy disse. - Mas vamos nos focar aqui, ok?

Ele caminhou em direção aos espelhos.

- Está com a sua varinha aí? - ele perguntou.

- Sim...

- Ótimo. Você precisará dela para se arrumar.

- Me arrumar?

Ele olhou para mim:

- Vamos entrar na festa da corvinal que está acontecendo agora na torre de Astronomia.

Eu já tinha ouvido falar dessa festa. A Festa das Estrelas. Era considerada a melhor festa de todos os tempos desde 1999.

- Somos proibidos de entrar.

Seus olhos me encararam desanimados:

- Como faz pouco de mim, parceira.

Estava começando a me acostumar a ser chamada assim.

- Qual é a sua ideia incrível da vez? - perguntei, me aproximando do grande espelho que deviam caber uns dez de nós.

- Vamos nos disfarçar.

- Magicamente. - concluí.

Ele apontou a varinha para a própria cabeça e fez seus cabelos ficarem longos e escuros.

O Céu é O LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora