O Céu é O Limite

Capítulo 15 - Intimidade

Troy Malfoy era incrível, no sentido literal de impossível crer. Ele havia gastado um dinheiro que eu não conseguia supor, mas que tinha certeza que constavam mais zeros do lado direito do que eu vira ou veria o resto da minha vida, para comprar uma presilha de borboleta para mim.

Lilás. Para combinar com meu vestido - inclusive, eu ainda não havia descoberto como ele soubera. Havia, porém, tantas coisas que eu não sabia sobre Troy que eu já começava a desistir de tentar entendê-las.

Uma delas foi ter tentado nos acidentar no lago congelado.

A outra foi ter parado o que estávamos fazendo, o momento mais maravilhoso da minha adolescência inteira.

Troy segurou meus quadris com força e me virou, encostando a testa na minha:

- Eu adoraria continuar, parceira, mas aqui não é o melhor lugar...

Inspirei e expirei várias vezes, tentando me acalmar. Olhei para as minhas mãos em seu peito e senti que ele também respirava aceleradamente.

- Não é.- consegui dizer.

- E você não está apaixonada... - ele sussurrou, envolvendo uma mão em meu pescoço.

O olhei, inspirando fundo e o achando louco por não saber. Por não sentir.

- Ei!

Um berro, vindo do outro lado do jardim.

Me afastei de Troy rapidamente e vi Tiago correndo em nossa direção.

- Larga ela, Malfoy, ou vai acordar sem suas bolas amanhã! - ele disse, ainda de longe, com a varinha em riste.

- Oh, não... - corri até o Tiago o mais rápido que pude, tentando impedi-lo de se aproximar ainda mais.

- O que ele estava fazendo com você?!

- Nada!

- Nada uma ova!

Tiago passou o braço por cima de mim e vi que Troy havia puxado a sua varinha também. Por sorte, Teddy surgiu e desarmou os dois com um feitiço rápido.

- É sério, Teddy?! Vai defender este comensalzinho que estava atacando a minha irmã?

- Ele não estava! Por Merlin, Tiago, nós somos parceiros de poções, ok? E o Troy não é comensal da morte!

Tiago riu alto:

- Você acreditou nas palavras dele?!

Troy estava parado, sério. Por sorte, Teddy se aproximou de Tiago e vi que Alice estava ali também.

- Todo mundo sabe que é impossível alguém com o sangue Malfoy não se tornar um comensal! Eles sofrem de uma maldição que eles mesmos lançaram sobre si!

Franzi o cenho. Do que estava falando?

Olhei para o Troy, que permanecia parado. Calado. Uma maldição? Seria verdade?

- Se ele não é um comensal até agora, Amy, pode ter certeza que virará mais cedo ou mais tarde. Não ouse mais se aproximar da minha irmã, ouviu?!

Meus olhos se encheram de lágrimas e segurei a camisa do Tiago, cheia de raiva:

- Você não é meu pai e não tem nada a ver com a minha vida! - ele fez menção de responder. - Cala a boca! Você não tem o direito de se meter na minha vida desse jeito e insultar meus amigos!

- Amigos?! Você está ficando louca!

- Você que está! Essa história que um Potter e um Malfoy não podem ser amigos é coisa do passado! A guerra acabou há quase trinta anos e você ainda está vivendo como se ela ainda existisse. Acabou, Tiago! Acabou!

Vi Albus e Max perto, papai e mamãe se aproximando e o resto da família também.

Me virei e vi que o Troy tinha saído, que caminhava ao longo do lago para longe de nós.

Passei por Alice e Teddy e saí correndo atrás dele.

*~*~*~*~*

Corri o mais rápido que pude até alcançar o outro lado do lago, o lugar secreto, apenas para ver Troy bastante irritado, chutando as pedras e troncos das árvores.

- Vai embora daqui, Potter! - gritou comigo quando me aproximei o suficiente para, quem sabe, ser atingida.

Engoli em seco. Estava muito alterado, com os olhos brilhando de raiva.

- É verdade? - perguntei, mas ele nem me olhou. - Que a sua família sofre de uma maldição?

Algumas pedras razoavelmente grandes e distantes de mim foram atingidas por feitiços.

- Você é surda ou o quê?! - sua voz saiu grave a alta. - Eu mandei ir embora!

- Eu não sigo ordens suas.

Ele parou e riu, friamente.

- Claro... A filhinha dos Potter só segue ordens dos papais Potter.

- Está sendo injusto. - murmurei com os olhos quentes.

- Eu estou sendo injusto?! - ele disparou na minha direção e colocou o dedo em riste. - Injusto é ser acusado de comensal sem ser, isso que é injusto!

Fiquei em silêncio, sabendo que tinha razão. Toda razão. Esperei que ele terminasse de estuporar as pedras, que puxasse os próprios fios de cabelo e que se livrasse do terno cinza. Esperei até que Troy não aguentasse mais.

- Volte para sua família perfeita. - disse, enfim. - Não vai ficar brigada com eles, vai? Não vale a pena se irritar com o irmão mais velho, o primogênito, por causa de um Malfoy...

- Tiago está errado sobre o que disse e merece toda a minha irritação. Ele não podia ter dito aquelas coisas, muito menos gritar com meus amigos.