Capítulo 11 - Liberdade

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Sábado

Aquele beijo não saiu da minha cabeça.

Assim como tudo o que ele havia dito depois.

"Isso não está certo."

Estaria se referindo ao meu namoro? Não sei, mas imaginava que Troy Malfoy pouco se lixava para isso.

"Snider ficaria muito irritado se soubesse"?

O que o Snider tinha a ver com as nossas vidas? Porém, eu já estava começando a me acostumar com as falas esquisitas daquele garoto.

Fiquei a noite acordada pensando em tudo isso e me lembrando do fato de que ele havia doado uma fortuna para o projeto do orfanato. Quando fui tomar café, o avistei na mesa da Sonserina.

Caminhei até a da Grifinória, fingindo não vê-lo e me sentei ao lado de Victor.

- Bom dia.

Porém, quando virei o rosto de leve, vi que seus olhos estavam colados em mim. Ao me ver, piscou! Desviei rápido, sentindo o rosto esquentar. Por sorte, Victor estava concentrado demais em nos contar sobre a sua pesquisa e Alice estava organizando a lista de assinaturas de quem havia doado presentes, portanto, não perceberam nada.

Luc surgiu e tocou minhas costas, me fazendo dar um salto!

- Luc! - coloquei a mão no peito, tentando me conter.

Eu estava dando choque.

- Assustada? Não é o lobo mal... - ele sussurrou no meu ouvido. - Mas alguém que gostaria muito de saber se pode encontrar a chapeuzinho hoje a noite.

Acabei concordando. Até a noite, eu ainda poderia pensar no que fazer: entender se fazia sentido terminar com o Luc porque eu havia beijado outro cara e porque este cara não saía da minha cabeça.

Qual não foi a minha surpresa, porém, quando saí da mesa e vi Troy Malfoy sussurrando com aquela garota loira? A mesma da mão na cintura.

Girei a cabeça com rapidez, sentindo um incômodo repentino no estômago. Ele estaria ficando com ela? Como havia ficado comigo? Por isso havia dito que não era certo? Pelo canto dos olhos, observei quando ele mexeu no cabelo dela e como ela sorria de forma bastante insinuante.

Ah! Porque eu havia perdido todo o meu tempo pensando nele? Um garoto que não estava nem aí para mim? Ou, se estava, estava para outras também.

Droga.

Naquela noite, me arrumei com capricho para encontrar o Luc. E deixei que suas mãos passeassem pela minha barriga nua e que tocassem minhas pernas por cima da calça.

Eu não ia terminar com meu namorado por causa de uma atração repentina por Troy Malfoy. Eu não podia deixar que ele afetasse tanto as minhas escolhas.

Havia sido apenas um beijo. Um mero toque de lábios, sem significado.



*~*~*~*~*


Segunda-feira


- Enquanto vocês fazem a poção, suas provas serão entregues. Sinto muito pela notas horríveis. Eu realmente esperava mais, senhores, contudo acredito que tenha sido um erro meu por somar tantas expectativas a alunos tão incapazes.

Controlei a minha vontade de estuporar o Snider e a ansiedade por saber a minha nota.

No mínimo 8.

- Sempre preocupada... - a voz de Malfoy soou ao meu lado. - A pobre garota Potter nunca consegue relaxar.

Eu não ia brigar com ele hoje.

- Ela não consegue evitar. Não para de pensar nas provas, nos jogos, nos beijos...

Arregalei os olhos para ele.

- O que foi, parceira? Achei que estava se agarrando com seu namorado na noite de sábado.

Estava zombando da minha cara, para variar. Por que eu o levava tão a sério, afinal?

- E você estava me seguindo para saber exatamente o que eu estava fazendo.

- Eu joguei verde. - ele disse. - Mas agora tenho certeza. Que nojo.

Revirei os olhos:

- Você se importa tanto com o meu namoro. Por que não arruma uma namorada também e muda o foco? Que tal aquela loira alta que anda com você?

Ele ergueu sua típica sobrancelha:

- Por que me prender, Potter?

- Então, para você, o namoro é uma prisão?

- Não foi o que eu disse, parceira. Para mim, o namoro me impede de fazer o que eu quero na hora que eu quero. Por isso prefiro evitar.

- Que tal evitar falar do meu namoro, então? E de ficar, sei lá... Me encarando e piscando para mim no café da manhã?

Seus olhos estavam faiscantes quando ele prendeu minha prova, que acabara de voar até a minha mesa, entre os dedos.

- 8,5. - ele disse, sem tirar os olhos de mim e me entregou.

Sim, era esta a minha nota.

- Acima da média, parceira. - ele disse. - Igual ao seu beijo.

Tive vontade de estuporá-lo, mas tudo o que fiz foi me virar para ele e falar entredentes:

- Você me beijou, Malfoy. E como disse, foi um erro. Mas se pretende ficar me manipulando com isso, já vou avisando que a nossa amizade acabou.

- Nossa amizade?

Coloquei a prova na minha pasta de um jeito um pouco desajeitado.

- Bom, era o que eu pensava, mas você nem apareceu no jogo.

- Aquele que você resolveu dar um giro duplo para pegar o pomo de ouro?

Ergui meus olhos, surpresa.

- Eu estava lá, parceira.

- Eu não te vi.

- Não queria me meter no meio da arquibancada.

- Hum...

- Infelizmente seu goleiro foi atingido.

- Sim... - apertei os lábios. - Mas ele já está melhorando.

- Bom saber. - ele esticou seu fino dedo e apertou minha testa entre os olhos. - Não posso nem imaginar como você estaria ainda com mais nuvens nesta cabecinha caso ele não estivesse bem.

Aquelas palavras foram as mais doces que eu havia ouvido e fiquei imersa naqueles olhos azuis como se pudesse me afundar ainda mais.

Inesperadamente, ele segurou uma mecha do meu cabelo e colocou para trás da minha orelha.

- O que está...?

- Ia cair na poção. - disse num sussurro.

Mas o caldeirão estava vazio.

- Até mais, parceira. - ele se levantou, exatamente quando o relógio soou avisando o final da aula.

*~*~*~*~*

O Céu é O LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora